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PEC Propõe Redução da Jornada para 36 Horas Semanais

Nova PEC propõe semana de trabalho reduzida para 4 dias.

PEC Propõe Redução da Jornada de Trabalho: Conheça a Nova Proposta e Impactos para Trabalhadores e Empresas

Um novo movimento no Congresso Nacional está ganhando força: a proposta de emenda constitucional (PEC) da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) para reduzir a jornada de trabalho semanal para 36 horas, divididas em 4 dias. O objetivo é eliminar a escala de trabalho 6×1, muito comum em setores como comércio, saúde e hotelaria, e promover uma maior qualidade de vida para os trabalhadores. A proposta já conquistou apoio de centenas de parlamentares e a atenção de milhões de brasileiros. Neste artigo, explicaremos em detalhe a proposta, o processo de aprovação de uma PEC e os potenciais impactos dessa medida na vida dos trabalhadores e na economia brasileira.

A Proposta de Redução da Jornada de Trabalho

A PEC propõe a alteração do artigo da Constituição que regula a jornada de trabalho para limitar o expediente em até 36 horas semanais, distribuídas em apenas 4 dias. Essa mudança tem três elementos principais:

  1. Limite diário de 8 horas de trabalho;
  2. Jornada máxima de 36 horas semanais;
  3. Semana de trabalho de 4 dias.

A Escala 6×1 e os Impactos para os Trabalhadores

O modelo atual de escala 6×1 estabelece que o trabalhador tenha um dia de descanso para cada seis dias de trabalho. Esse formato é amplamente utilizado em setores que exigem operação constante, como comércio, saúde, hotelaria e serviços. Críticos do modelo afirmam que a escala afeta negativamente a saúde física e mental dos trabalhadores, reduzindo o tempo disponível para atividades pessoais e familiares e comprometendo a produtividade a longo prazo.

A Origem da Proposta e a Mobilização Popular

A proposta surgiu com o apoio do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que mobilizou cerca de 1,5 milhão de assinaturas em um abaixo-assinado nas redes sociais, pressionando os legisladores a adotar a jornada reduzida. O movimento defende que o modelo 6×1 é “abusivo”, prejudica a saúde e o bem-estar dos empregados e tem efeitos negativos sobre a qualidade de vida e as relações familiares.

A deputada Erika Hilton (PSOL-SP), ao apoiar a proposta, afirmou que a mudança reflete um movimento mundial em prol de uma jornada mais equilibrada, que priorize a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.

Como Funciona o Processo de Aprovação de uma PEC?

Para que uma PEC seja aprovada e se torne parte da Constituição, o processo envolve várias etapas:

  1. Coleta de Assinaturas: A PEC precisa do apoio mínimo de 171 dos 513 deputados para ser apresentada formalmente.
  2. Análise pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ): Primeiramente, a CCJ verifica se a proposta está de acordo com a Constituição.
  3. Comissão Especial: A PEC passa a ser discutida por uma comissão especial que avalia o mérito e faz ajustes no texto, levando em conta as contribuições dos deputados.
  4. Votação em Plenário na Câmara: A PEC precisa ser aprovada em dois turnos, com pelo menos 308 votos a favor em cada turno.
  5. Aprovação no Senado: A proposta segue para o Senado, onde também é votada em dois turnos e precisa de 49 votos em cada.
  6. Promulgação: Após ser aprovada nas duas Casas, a PEC é promulgada pelo Congresso, passando a integrar a Constituição.

Esse processo é longo e exige ampla adesão de parlamentares, principalmente em matérias que promovem mudanças significativas na legislação trabalhista.

Regras Atuais e Comparação com a Proposta de 36 Horas Semanais

Atualmente, a legislação trabalhista brasileira, com base na Constituição e na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), determina que:

  • A jornada de trabalho não deve ultrapassar 8 horas diárias e 44 horas semanais;
  • É possível fazer até 2 horas extras diárias, desde que acordadas entre empregador e empregado.

Com a proposta da deputada Erika Hilton, a carga horária semanal passaria para 36 horas e a semana de trabalho seria reduzida para 4 dias, sem possibilidade de escala 6×1.

Comparação com Outras Propostas e Antecedentes Legislativos

O debate sobre a redução de jornada não é novo no Brasil. Em 2009, uma proposta de redução para 40 horas semanais avançou bastante, mas acabou arquivada. Em 2019, uma nova proposta que sugeria 36 horas semanais com uma transição de 10 anos foi retirada de pauta. No Senado, outras duas propostas similares também permanecem paralisadas. Essas experiências mostram que, apesar do interesse, o Congresso tende a agir com cautela em mudanças que impactam diretamente as relações de trabalho.

Impactos da Redução da Jornada para Trabalhadores e para a Economia

A redução da jornada de trabalho tem implicações importantes para trabalhadores e empresas. No caso dos trabalhadores, uma jornada de 36 horas pode trazer vantagens significativas, como:

  • Melhoria na saúde e bem-estar: Estudos indicam que uma jornada reduzida está associada a menores índices de estresse e cansaço, favorecendo a saúde mental e física.
  • Aumento da produtividade: Em países e empresas que testaram a semana de 4 dias, os funcionários tendem a ser mais produtivos e engajados durante o expediente.
  • Maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional: Com mais tempo livre, os trabalhadores podem se dedicar a atividades pessoais e familiares, melhorando a qualidade de vida.

Para as empresas, no entanto, os efeitos são mistos. Enquanto algumas podem se beneficiar com o aumento da produtividade, outras enfrentarão dificuldades em setores que exigem operações contínuas, como o comércio e a saúde, que dependem de equipes completas para manter os serviços. Pequenos negócios podem precisar aumentar o número de funcionários, elevando seus custos operacionais.

Risco de Demissões e Fechamento de Pequenos Negócios

Especialistas, como o economista Pedro Fernando Nery, alertam que a redução da jornada pode impactar diretamente a empregabilidade em alguns setores. Pequenas empresas, que operam com margens reduzidas, poderiam ser forçadas a demitir ou a interromper as operações, especialmente se não tiverem capital para contratar novos trabalhadores e cobrir as escalas.

Nery sugere que, para evitar efeitos negativos, uma transição gradual seja adotada, permitindo às empresas ajustar seus quadros e avaliar a viabilidade econômica da mudança.

O Movimento Global pela Redução da Jornada de Trabalho

O Brasil não está sozinho nesse movimento. Em vários países, experimentos com semanas de trabalho mais curtas têm mostrado resultados promissores. Empresas em países como Islândia, Japão e Nova Zelândia já testaram a semana de 4 dias, mantendo a produtividade e melhorando a qualidade de vida dos trabalhadores.

No Brasil, a organização “4 Day Week Global” já realizou experiências similares com algumas empresas, com bons resultados. Na primeira edição do teste brasileiro, 19 empresas participaram e várias decidiram manter o novo modelo ou realizar novos testes, observando que a produtividade foi mantida e o bem-estar dos colaboradores melhorou.

A Opinião do Ministério do Trabalho

Em nota, o Ministério do Trabalho afirmou que acompanha de perto o debate sobre a jornada de trabalho e considera que a redução para 36 horas semanais é viável. No entanto, a pasta também defende que qualquer mudança na escala de trabalho deve ser discutida em acordos coletivos e convenções entre empresas e sindicatos, para atender as necessidades de diferentes setores e respeitar particularidades.

A proposta de reduzir a jornada semanal para 36 horas e eliminar a escala 6×1 reacende um debate antigo e complexo no Brasil. Com o objetivo de promover um maior equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, a PEC representa um avanço na proteção dos direitos dos trabalhadores, mas precisa ser analisada cuidadosamente quanto aos impactos econômicos, principalmente para setores que operam com continuidade.

A mudança, se aprovada, pode transformar profundamente o mercado de trabalho brasileiro, trazendo benefícios significativos para os trabalhadores, mas também desafios para empresários e gestores. Para trabalhadores e empregadores que desejam se preparar para essa possível mudança, a orientação de especialistas em Direito do Trabalho é fundamental para adaptar-se às novas realidades.

Deseja saber mais sobre seus direitos trabalhistas ou a proposta de redução de jornada? Fale com nossos especialistas e entenda como essas mudanças podem impactar sua vida profissional e seu negócio.

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