Pai faltou ao exame de DNA e foi reconhecido judicialmente
Ementa
” APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. PATERNIDADE BIOLÓGICA. NÃO COMPARECIMENTO DO INVESTIGADO AO EXAME DE DNA. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DE PATERNIDADE.
Neste julgamento marcante, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) manteve a sentença que reconheceu a paternidade de um homem que se recusou a comparecer para a realização de exame de DNA, apesar de diversas intimações. Com base na Súmula 301 do STJ, a Justiça entendeu que a ausência não justificada ao exame implica em presunção relativa de paternidade.
Para você que busca compreender melhor os direitos dos filhos não reconhecidos, ou enfrenta obstáculos semelhantes, este artigo é uma leitura essencial. Aqui você vai aprender:
- Como a recusa ao exame de DNA pode implicar em reconhecimento de paternidade;
- O que diz a jurisprudência e a legislação brasileira sobre o tema;
- Quais são os caminhos legais para garantir o reconhecimento de um filho;
- Como agir diante da omissão do suposto pai.
O exame de DNA, considerado a prova mais segura para confirmação de filiação biológica, tem um papel crucial em ações de investigação de paternidade. Mas e quando o suposto pai se recusa a comparecer para a coleta do material genético? É justamente nesses casos que a Justiça brasileira aplica os instrumentos legais para proteger os direitos do filho.
Ação de Investigação de Paternidade – Jurisprudência Comentada do TJRS
No caso julgado sob o nº 70077806347, o TJRS enfrentou uma situação comum nos tribunais: um homem investigado como pai biológico que, mesmo intimado diversas vezes, evitou o exame de DNA e a citação formal.
O processo foi movido por V.D., menor representado por sua genitora, em face de N.S., que foi localizado após anos de tentativas frustradas. A mãe relatou que, ao informar sobre a gravidez, o investigado desapareceu e nunca contribuiu com o sustento do filho. A ação teve início em 2012, e o exame de DNA foi agendado diversas vezes, sem sucesso. A justificativa usada pelo requerido foi um “mal-estar”, atestado por laudo médico.
O TJRS, ao julgar a apelação, afirmou que não se tratou de recusa justificada. Segundo a Corte: “Foi exclusivamente por responsabilidade sua o descumprimento da determinação judicial para realização do exame de DNA”. Por isso, aplicou-se a presunção de paternidade com base na Súmula 301 do STJ.
Como advogado, é preciso reforçar que a jurisprudência brasileira tem evoluído para proteger os direitos da personalidade e da dignidade da pessoa humana, principalmente da criança. O reconhecimento da paternidade via recusa ao exame de DNA, nesses casos, é medida de justiça.
Teses Aplicadas na Recusa do Exame de DNA
A decisão do TJRS destaca teses jurídicas essenciais:
- Súmula 301 do STJ: recusa injustificada em se submeter ao exame de DNA gera presunção juris tantum de paternidade;
- Artigos 231 e 232 do Código Civil: preveem que a recusa do exame médico pode suprir a prova pretendida;
- Litigância de má-fé: o comportamento processual do investigado, com diversas manobras para evitar o processo, resultou em condenação.
A Justiça reafirma que o exame de DNA é direito do investigante, mas também dever do investigado quando regularmente intimado. A tentativa de burlar o exame pode retornar em forma de presunção legal.
Ao analisar a conduta de N.S., o TJRS observou que ele foi descrito como “escorregadio” pelos oficiais de justiça, não havendo qualquer indício de colaboração efetiva com o processo.
O Que Filhos Não Reconhecidos Podem Aprender com Essa Decisão
Para quem vive a dor de não ser reconhecido pelo pai biológico, essa decisão traz lições importantes:
- É possível buscar a Justiça mesmo diante da omissão do genitor;
- O exame de DNA é um direito do filho, não apenas um favor do pai;
- A recusa injustificada do pai pode ser interpretada como reconhecimento indireto.
Filhos e mães em situações semelhantes devem reunir todas as provas possíveis, registrar tentativas de contato e contar com um advogado especializado para ajuizar a ação. O exame de DNA continua sendo a via mais segura, mas quando ele é impossibilitado pela própria conduta do investigado, o Judiciário tem mecanismos para não deixar o direito à filiação ser violado.
Como Ingressar com Ação de Investigação de Paternidade e Superar Desafios
O primeiro passo é procurar um advogado especializado em Direito de Família. A ação de investigação de paternidade exige documentos que demonstrem:
- Possível relação entre a mãe e o investigado;
- Registro de nascimento da criança;
- Comunicações, fotos, ou qualquer prova de vínculo;
- Pedido formal para exame de DNA.
Caso o investigado não compareça à coleta do exame de DNA, mesmo após intimações, o advogado deve pedir aplicação da presunção legal. Esse procedimento pode ser acompanhado de pedido de alimentos e retificação de registro civil.
O maior desafio está em enfrentar a negligência e os subterfúgios usados por quem deseja fugir da responsabilidade. Contudo, a jurisprudência está cada vez mais sensível a essa realidade.
5 passos para ajuizar ação de investigação de paternidade
- Procure um advogado de família
Escolha um profissional especializado para orientação jurídica adequada. - Reúna documentos e provas
Apresente certidão de nascimento, registros de vínculo e mensagens com o suposto pai. - Formalize o pedido de exame de DNA
Requerimento será feito judicialmente, com agendamento da coleta. - Acompanhe as intimações e movimentações
Caso o investigado não compareça, registre as ausências no processo. - Peça aplicação da presunção legal
Em caso de recusa injustificada, solicite o reconhecimento da paternidade com base na Súmula 301 do STJ.
Advogado para Ação de Investigação de Paternidade
A decisão comentada mostra que o Judiciário está atento às manobras processuais e disposto a garantir o direito à verdade biológica. Recusar-se a fazer o exame de DNA não é mais um caminho seguro para fugir da paternidade.
Na Reis Advocacia, somos especialistas em Direito de Família e atuamos com dedicação em casos de investigação de paternidade, buscando sempre a justiça e a dignidade da família.
Quer entender melhor como agir no seu caso? Entre em contato com nossos advogados e leia outros artigos sobre Direito de Família em nosso blog.
Acesse o tribunal e saiba mais sobre o processo: Apelação Cível nº 70077806347, TJRS.
Perguntas frequentes sobre o tema
O que acontece se o suposto pai se recusar ao exame de DNA?
A recusa sem justificativa gera presunção legal de paternidade, conforme a Súmula 301 do STJ.
Preciso de provas para ajuizar a ação?
Sim, documentos como fotos, mensagens e relatos da relação com o investigado fortalecem a ação.
Posso incluir pedido de pensão alimentícia junto com a investigação?
Sim, é comum cumular pedidos de investigação de paternidade e alimentos.
Quanto tempo leva o processo de investigação?
O tempo varia, mas a recusa ao exame pode acelerar a decisão judicial com base na presunção.
Leia mais:
Investigação de paternidade: O que é e como solicitar?
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Referências:
TJRS: Presunção de paternidade em função da recusa injustificada ao exame de DNA
O TJSP decidiu que a não realização do exame pericial por recusa injustificada do suposto pai gera presunção juris tantum de paternidade, invertendo o ônus da provaTJDFT: Recusa injustificada da genitora ao exame de DNA gera presunção de ausência de vínculo biológico
A 8ª Turma Cível do TJDFT reformou sentença para reconhecer ausência de vínculo biológico em face da recusa da mãe ao exame, aplicando a presunção legal
Advogada – OAB/PE 48.169
Advogada há mais de 7 anos, pós-graduação em Direito de Família e Sucessões, com destacada atuação na área. Possui especialização em prática de família e sucessões, em Gestão de Escritórios e Departamentos Jurídicos e em Controladoria Jurídica.
Atuou no Ministério Público do Estado de Pernambuco, nas áreas criminal e de família e sucessões, consolidando experiência prática e estratégica. Membro da Comissão de Direito de Família da OAB/PE (2021).
Autora de publicações acadêmicas relevantes sobre unidades familiares e direitos decorrentes de núcleos familiares ilícitos.
Atuou em mais de 789 processos, com foco em agilidade processual e qualidade, com uma expressiva taxa de êxito superior a 92,38%, especialmente em ações de alimentos, pensões, guarda e divórcio.
Atualmente, também é autora de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito de Família e Sucessões, com foco em auxiliar famílias na resolução de conflitos e em orientar sobre direitos relacionados a alimentos, guarda, pensão e divórcio.





