Entenda a urgência do projeto contra adultização
Na tarde de 19 de agosto de 2025, a Câmara dos Deputados aprovou, em caráter de urgência, o Projeto de Lei 2628/22, conhecido como “ECA Digital”. A proposta legislativa visa coibir um fenômeno cada vez mais preocupante: a adultização infantil nas redes sociais. O projeto ganhou força após a divulgação de um polêmico vídeo de uma influenciadora mirim com conteúdo considerado inapropriado.
A repercussão foi imediata. Pais, educadores, especialistas em direito digital e entidades de proteção à infância se mobilizaram. O clamor social refletiu diretamente no Congresso Nacional, que apressou o trâmite do PL, estabelecendo medidas rigorosas para combater a exposição precoce e erotização de crianças e adolescentes na internet.
Mas afinal, o que é adultização infantil? Quais os riscos? E o que muda com essa nova legislação? Vamos entender melhor.
Adultização infantil nas redes: uma realidade urgente e suas implicações jurídicas
A adultização infantil é um processo em que crianças são expostas ou estimuladas a comportamentos, aparências e linguagens associados à vida adulta, muitas vezes de forma sexualizada. Com a proliferação das redes sociais, essa realidade se agravou.
O Projeto de Lei 2628/22, batizado de “ECA Digital”, altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para incluir dispositivos específicos sobre o uso da internet. A proposta obriga plataformas digitais a adotarem medidas “razoáveis” para impedir que crianças e adolescentes tenham acesso a conteúdos impróprios e para coibir sua exposição indevida.
Segundo a proposta:
“As plataformas deverão adotar medidas razoáveis para prevenir riscos de crianças e adolescentes acessarem conteúdos ilegais ou considerados impróprios para essas faixas etárias, inclusive no que diz respeito à exposição de sua imagem e participação em atividades promocionais inadequadas.”
Com a urgência aprovada, o texto pode ser votado diretamente no Plenário, acelerando sua tramitação. A iniciativa tem como relator o deputado Jadyel Alencar (PV-PI) e como autor o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), ambos atuando ativamente pela proteção digital da infância.
Contexto jurídico da adultização infantil nas redes sociais
A adultização infantil nas redes sociais é um desafio jurídico que exige a atuação conjunta de vários ramos do Direito, como o Direito da Criança e Adolescente, Direito Digital e Constitucional. A base legal para a proteção das crianças é robusta:
- Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90)
- Princípio da prioridade absoluta
- Direito à integridade física, psíquica e moral
- Proteção contra qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão
- Constituição Federal (art. 227)
- Dever da família, da sociedade e do Estado em assegurar à criança e ao adolescente todos os direitos fundamentais
- Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14)
- Responsabilidade das plataformas sobre conteúdo nocivo
- Necessidade de regulação e transparência na moderação de conteúdos
- Direito Internacional
- Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU)
A tese principal é a do dever de proteção integral e da responsabilidade solidária das plataformas e responsáveis legais pela exposição indevida.
O PL ainda enfrenta resistências de setores ligados à liberdade de expressão e preocupações quanto à censura. No entanto, a urgência social em conter a adultização infantil supera os argumentos contrários.
Adultização infantil: impactos sociais e soluções jurídicas
O avanço da adultização infantil traz conseqüências psicológicas graves: erotização precoce, distúrbios de imagem, ansiedade e depressão. Em um ambiente onde curtidas e compartilhamentos são moeda social, crianças são transformadas em produtos de marketing, muitas vezes com o aval (ou omissão) dos próprios pais.
O Direito precisa agir com firmeza. Entre as soluções legais e medidas preventivas, estão:
- Adequação de termos de uso das plataformas
- Ferramentas efetivas de controle parental
- Filtragem automática de conteúdo impróprio
- Responsabilização civil por exposição indevida
- Orientação legal para influenciadores e famílias
- Acompanhamento psicossocial e educacional
Nosso escritório atua em várias dessas frentes, oferecendo:
- Representação de famílias em casos de exposição indevida
- Ações contra plataformas por omissão
- Consultoria para influenciadores mirins
- Adequação de empresas ao ECA Digital
Advogado Especialista em Direito da Criança e Adolescente
A tramitação do ECA Digital marca um ponto de virada na legislação brasileira. Como comentarista jurídico, é possível afirmar que a adultização infantil precisa ser tratada com a mesma seriedade que outros abusos contra menores. A aprovação de urgência foi uma vitória da sociedade.
A decisão tem forte respaldo legal e atende ao clamor social por mais proteção no ambiente virtual. Ainda cabem emendas e aprimoramentos, mas o reconhecimento do problema já é um grande passo. Famílias devem ficar atentas, e empresas devem se preparar para as novas exigências legais.
Nosso compromisso com a infância e sua proteção
Na Reis Advocacia, atuamos com profundo comprometimento na defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Nossa experiência em Direito da Criança e do Adolescente e Direito Digital nos permite oferecer soluções eficazes e humanizadas.
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Perguntas Frequentes sobre o tema
- O que é adultização infantil nas redes sociais?
Adultização infantil é a exposição precoce de crianças a comportamentos, linguagens ou imagens associados ao universo adulto, especialmente em contextos de erotização. - O ECA Digital já está em vigor?
Ainda não. O projeto teve urgência aprovada na Câmara e agora segue para votação em plenário. - Como os pais podem evitar a adultização de seus filhos?
Monitorando acessos, utilizando controles parentais e mantendo o diálogo aberto sobre os perigos das redes sociais. - Plataformas serão responsabilizadas judicialmente?
Sim, caso sejam omissas em impedir conteúdos ou exposições impróprias, poderão responder civil e administrativamente. - Como um advogado pode ajudar em casos de exposição indevida de menores?
Por meio de ações judiciais, orientação jurídica preventiva, solicitação de remoção de conteúdo e responsabilização dos envolvidos.
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Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557
Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.
Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.
Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.




