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Guarda Compartilhada e Violência Doméstica

Descubra por que a guarda compartilhada é proibida em casos de violência doméstica e como a Lei Maria da Penha protege a criança e o cônjuge.

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Guarda Compartilhada e Violência Doméstica: A Incompatibilidade Jurídica

A guarda compartilhada é a regra geral no Direito de Família brasileiro, uma vez que a lei entende que ela é a melhor forma de garantir a convivência da criança com ambos os pais. No entanto, essa regra tem uma exceção grave e fundamental: os casos de violência doméstica ou familiar. A lei brasileira, em especial a Lei Maria da Penha e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), proíbe a guarda compartilhada quando há qualquer risco de violência, protegendo o menor e o cônjuge agredido. A ideia de compartilhar decisões e convívio com um agressor é não apenas perigosa, mas totalmente incompatível com a segurança e o bem-estar da família.

Neste artigo, vamos desvendar por que a guarda compartilhada é vetada em casos de violência, como a Justiça avalia a situação e o papel crucial da vítima e de um advogado especialista para garantir que a segurança da criança seja a prioridade. É um tema delicado, mas é fundamental que as vítimas e seus familiares entendam seus direitos e as ferramentas legais disponíveis para se protegerem.

A Vedação Legal da Guarda Compartilhada

A guarda compartilhada pressupõe um convívio harmonioso e a capacidade dos pais de dialogar e tomar decisões em conjunto sobre a vida do filho. Em casos de violência, essas premissas não existem. Em 2022, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi alterado para incluir uma vedação expressa à guarda compartilhada e à regulamentação de visitas quando há risco de violência doméstica ou familiar. A lei é clara: a segurança da criança e da vítima de violência é a prioridade absoluta.

A Proteção da Lei Maria da Penha

A Lei Maria da Penha, em seu artigo 13, já previa a possibilidade de suspensão ou restrição da visita do agressor à criança. A lei permite que o juiz, ao conceder as medidas protetivas de urgência, afaste o agressor do lar, determine o distanciamento da vítima e, inclusive, suspenda a visitação aos filhos. A presença de uma medida protetiva de urgência já é um sinal fortíssimo para o juiz de que a guarda compartilhada é inviável e perigosa.

A Prova da Violência

Para que a guarda compartilhada seja negada e a guarda unilateral seja concedida à vítima, é preciso provar a violência. A prova pode ser feita através de um boletim de ocorrência, fotos, laudos médicos, mensagens de celular ou o depoimento de testemunhas. O boletim de ocorrência é a prova mais importante, pois é um documento oficial que dá início à investigação. A simples alegação, sem prova, pode não ser suficiente para convencer o juiz.

O Papel do Processo Judicial

No processo judicial, o juiz irá analisar todas as provas de violência, ouvir as testemunhas e, se necessário, ouvir a criança em um ambiente seguro e com a presença de um profissional. O juiz também pode determinar um estudo psicossocial da família para entender a dinâmica das relações e o impacto da violência na vida da criança. A decisão judicial será baseada, acima de tudo, na proteção da criança e da vítima.

A Guarda Unilateral como Medida de Segurança

Em casos de violência, a guarda unilateral é a medida mais indicada. Ela confere à vítima o direito exclusivo de decidir sobre a vida do filho, sem a necessidade de dialogar ou conviver com o agressor. A guarda unilateral não impede a visitação, mas a restringe e a submete a condições de segurança, como visitas supervisionadas, por exemplo. A prioridade é proteger a criança e garantir um ambiente de convívio seguro e saudável.

As Consequências e a Importância do Advogado Especialista

A violência doméstica afeta a criança diretamente, mesmo que ela não seja a vítima direta. A convivência com a violência, o estresse e o medo afetam o desenvolvimento emocional e psicológico do menor. Por isso, a Justiça entende que a guarda compartilhada, que exige contato e convivência, é inviável. A decisão judicial de não conceder a guarda compartilhada é uma forma de proteger a criança e a vítima e de restaurar a paz e a segurança da família.

A Suspensão ou Restrição do Contato

A decisão do juiz de suspender ou restringir o contato do agressor com a criança é uma das medidas mais importantes para a proteção do menor. O contato pode ser totalmente suspenso, se o risco for muito alto, ou pode ser restrito a visitas supervisionadas, onde um terceiro de confiança acompanha a criança e o agressor, garantindo a segurança do menor. A visitação não é um direito absoluto e pode ser limitada em nome da segurança.

O Advogado como Aliado na Proteção

A assistência de um advogado especialista em Direito de Família é fundamental. O advogado irá orientar a vítima sobre as provas necessárias, ajuizar o pedido de medida protetiva e de guarda unilateral, e representar a vítima na Justiça. O advogado irá lutar para que a segurança da criança e da vítima seja a prioridade e para que a guarda compartilhada seja negada. Sem a assistência de um profissional, a vítima pode se sentir desamparada e não conseguir provar a violência.

A guarda compartilhada não se aplica em casos de violência doméstica ou familiar. A lei brasileira, em especial a Lei Maria da Penha e o ECA, proíbe essa modalidade de guarda para proteger a criança e o cônjuge agredido. A guarda unilateral é a medida mais indicada nesses casos.

Lista Numerada

  1. Denunciar a violência com um boletim de ocorrência.
  2. Provar a violência com laudos e testemunhas.
  3. Pedir uma medida protetiva de urgência.
  4. Ajuizar uma ação de guarda unilateral.

Tabela

Tipo de GuardaContexto IdealInviável em Casos de Violência
Guarda CompartilhadaDiálogo e convivência harmônica.Sim, devido ao risco e à falta de diálogo.
Guarda UnilateralConflito, distância ou violência.Não, é a medida mais protetiva.

Perguntas Frequentes (FAQ)

  • Posso pedir a guarda unilateral mesmo que a lei presuma a compartilhada?
    Sim. A presunção da guarda compartilhada não é absoluta. Em casos de violência, a guarda unilateral é a medida mais indicada e pode ser pedida na Justiça, com as provas de violência e com a assistência de um advogado.
  • O que acontece com as visitas se a guarda for unilateral?
    O juiz irá analisar o caso e pode suspender totalmente as visitas do agressor ou determinar que as visitas sejam supervisionadas. O contato só será permitido se for seguro para a criança. A segurança do menor é a prioridade.
  • O boletim de ocorrência de violência doméstica é suficiente para negar a guarda compartilhada?
    Um boletim de ocorrência é uma prova forte e é o primeiro passo para o juiz entender que há uma situação de violência. A simples existência do boletim pode levar à concessão de medidas protetivas de urgência, o que já afasta o agressor e torna a guarda compartilhada inviável.

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Referências

A Ação de Guarda em Casos de Violência

A ação de guarda em casos de violência deve ser ajuizada o mais rápido possível. O juiz pode conceder uma liminar (uma decisão provisória) para garantir a guarda unilateral à vítima de imediato. A urgência da medida se justifica pela necessidade de proteger a criança. A ação de guarda pode ser feita junto com o pedido de divórcio e de medidas protetivas, para que todas as questões sejam resolvidas em um único processo.

A Lei é Clara: A Segurança é a Prioridade

A lei brasileira é clara: a segurança da criança e do cônjuge é a prioridade em casos de violência. A guarda compartilhada, que pressupõe convívio e diálogo, é incompatível com o cenário de violência. A lei oferece mecanismos para proteger a família e garantir que a criança possa crescer em um ambiente seguro e saudável. Se você está em uma situação de violência, não hesite em procurar ajuda e garantir seus direitos e os de sua família.

A Proteção é um Direito

A violência doméstica e a guarda compartilhada são incompatíveis. A lei protege a criança e a vítima, vetando a guarda compartilhada e permitindo a concessão de medidas protetivas e da guarda unilateral. O mais importante é que a vítima de violência entenda que tem o direito de se proteger e de proteger seus filhos. A assistência de um advogado especialista em Direito de Família é fundamental para garantir que seus direitos sejam respeitados. Na Advocacia Reis, estamos prontos para te ajudar a garantir a sua segurança e a de sua família. Não hesite em nos procurar. A sua proteção é a nossa prioridade.

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DRA MARCELA NOVO

Advogada – OAB/PE 48.169

Advogada há mais de 7 anos, pós-graduação em Direito de Família e Sucessões, com destacada atuação na área. Possui especialização em prática de família e sucessões, em Gestão de Escritórios e Departamentos Jurídicos e em Controladoria Jurídica.

Atuou no Ministério Público do Estado de Pernambuco, nas áreas criminal e de família e sucessões, consolidando experiência prática e estratégica. Membro da Comissão de Direito de Família da OAB/PE (2021).
Autora de publicações acadêmicas relevantes sobre unidades familiares e direitos decorrentes de núcleos familiares ilícitos.

Atuou em mais de 789 processos, com foco em agilidade processual e qualidade, com uma expressiva taxa de êxito superior a 92,38%, especialmente em ações de alimentos, pensões, guarda e divórcio.

Atualmente, também é autora de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito de Família e Sucessões, com foco em auxiliar famílias na resolução de conflitos e em orientar sobre direitos relacionados a alimentos, guarda, pensão e divórcio.

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