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Guarda de fato: O que é e quais os direitos envolvidos?

Descubra o que é guarda de fato, como funciona, quem pode exercer, quais são os direitos e deveres envolvidos, e como garantir segurança jurídica.

Guarda de fato

A guarda de fato é uma realidade presente em muitos lares brasileiros, especialmente quando crianças ou adolescentes são criados por avós, tios, irmãos ou até mesmo por pessoas sem vínculo de sangue, sem que exista uma formalização judicial. Embora comum, essa situação levanta dúvidas importantes sobre os direitos e deveres de quem exerce esse papel, bem como sobre a proteção legal da criança.

É possível regularizar a guarda de fato? Quais riscos envolvem essa modalidade? Quem tem prioridade na disputa pela guarda legal? O que acontece se os pais biológicos retornarem após anos ausentes?

Neste artigo, vamos esclarecer o que é a guarda de fato, como ela funciona na prática, quais os direitos e limitações de quem cuida do menor sem respaldo judicial, e como garantir segurança jurídica por meio da guarda formal. Se você está em uma situação semelhante ou conhece alguém que vive esse cenário, este conteúdo é fundamental.

Guarda de fato: o que é?

A guarda de fato é uma situação bastante recorrente em famílias brasileiras, especialmente quando não há uma definição formal da guarda por parte da justiça. Ela se caracteriza quando, na prática, uma pessoa passa a cuidar de uma criança ou adolescente, oferecendo proteção, sustento e educação, mesmo sem qualquer documento judicial que comprove essa responsabilidade.

É comum em casos onde crianças são criadas por avós, tios ou outros familiares, geralmente por conta de ausência dos pais, dificuldades de saúde, trabalho ou abandono. Nessas situações, o guardião passa a exercer o papel de responsável, ainda que sem reconhecimento oficial do poder judiciário. Apesar de ser uma realidade tolerada na prática, a guarda de fato pode trazer inseguranças jurídicas e complicações legais tanto para o menor quanto para quem o acolhe.

O que é uma declaração de guarda de fato?

A declaração de guarda de fato é um documento que tem por finalidade registrar, de forma extrajudicial, que um menor está sob os cuidados de determinada pessoa. Pode ser emitida por cartórios, com firma reconhecida, ou por conselhos tutelares e instituições escolares ou de saúde que reconheçam a convivência entre o menor e o guardião.

Embora essa declaração possa ajudar em situações práticas como matrículas escolares e inclusão em plano de saúde, ela não tem o mesmo peso jurídico da guarda legal. Assim, ela serve mais como uma comprovação temporária da convivência, sendo recomendável buscar a regularização judicial para garantir os direitos integrais da criança e do responsável.

Como funciona a guarda de fato?

O funcionamento da guarda de fato se dá pela convivência contínua e direta entre o guardião e a criança ou adolescente, mesmo sem o reconhecimento formal da justiça. Quem exerce essa guarda assume responsabilidades no dia a dia, oferecendo moradia, educação, alimentação, cuidados médicos e atenção emocional.

No entanto, por não ser amparada por uma decisão judicial, o guardião pode enfrentar dificuldades para realizar atos administrativos e legais, como viagens, cirurgias ou o recebimento de benefícios sociais. A ausência da formalização compromete a autoridade sobre questões importantes e pode gerar barreiras quando há necessidade de tomada de decisões urgentes.

Quais são os direitos e deveres da pessoa com guarda de fato?

Quem está à frente da guarda de fato assume, ainda que informalmente, o compromisso com a saúde, bem-estar e educação do menor. Há um dever moral de garantir moradia, alimentação e o desenvolvimento pleno da criança. Por outro lado, os direitos legais desse guardião são limitados.

É possível, por exemplo, obter decisões judiciais emergenciais em casos urgentes ou até solicitar judicialmente a guarda formal. Com autorização judicial, a pessoa pode também receber pensão alimentícia em nome do menor. No entanto, esse guardião não possui poderes legais plenos para autorizar procedimentos médicos mais complexos, transferências escolares ou viagens internacionais sem a anuência dos pais ou ordem judicial.

Como obter a guarda legal de um menor de idade?

Para transformar a guarda de fato em guarda legal, é necessário entrar com uma ação de guarda perante a Vara da Infância e Juventude ou a Vara de Família, dependendo do caso. O processo exige que o interessado apresente documentos e provas que comprovem que o menor vive sob seus cuidados, incluindo testemunhos, registros de convivência e vínculos afetivos.

O juiz analisará o melhor interesse da criança, avaliará a existência ou não de negligência por parte dos pais biológicos, além da possibilidade de acordo entre as partes. Se houver consentimento dos pais ou se for comprovado que a criança está melhor sob os cuidados do guardião de fato, a guarda legal pode ser concedida, conferindo plenos poderes sobre decisões importantes da vida do menor.

Quais são as vantagens e desvantagens da guarda de fato?

A guarda de fato oferece praticidade e segurança emocional ao menor, especialmente quando exercida por familiares próximos. Facilita a adaptação da criança com alguém de confiança e pode ser a solução mais viável em casos de urgência ou abandono temporário.

Por outro lado, essa modalidade carece de amparo legal, o que dificulta o acesso a serviços e impede o guardião de tomar decisões fundamentais. Há ainda o risco de que os pais biológicos, mesmo ausentes por longos períodos, reivindiquem a criança, podendo gerar disputas judiciais complexas e traumáticas. Além disso, o guardião não tem acesso a benefícios legais garantidos à guarda judicial, como o recebimento de pensão ou inclusão em programas sociais.

Como garantir a segurança jurídica na guarda de fato?

A maneira mais eficaz de garantir segurança jurídica é transformar a guarda de fato em guarda legal por meio de processo judicial. Isso inclui reunir provas de convivência e de que a criança está sob a responsabilidade do guardião, evitando confiar apenas em acordos verbais com familiares. Documentos como fotos, registros escolares e comprovantes de despesas com o menor são úteis para fortalecer o pedido.

É altamente recomendável buscar orientação de um advogado especializado em Direito de Família, que poderá conduzir o processo com segurança e agilidade, além de zelar pelo interesse da criança e proteger o guardião de eventuais conflitos com os pais biológicos.

Quais são os direitos dos pais biológicos na guarda de fato?

Mesmo com a criança sob guarda de fato de terceiros, os pais biológicos continuam detentores de seus direitos legais, salvo decisão judicial em sentido contrário. Isso significa que eles ainda podem reivindicar a convivência, autorizar atos jurídicos em nome do filho e responder por eventuais omissões ou negligências.

Se, porém, os pais estiverem ausentes, negligentes ou colocarem o menor em risco, o guardião pode pleitear judicialmente a guarda exclusiva. A justiça sempre priorizará o princípio do melhor interesse da criança, podendo afastar os pais quando comprovado que sua presença é prejudicial ou que não exercem adequadamente a função parental.

A guarda de fato é uma situação que surge de forma espontânea e prática, mas que, se não for formalizada, pode se tornar frágil diante de disputas ou necessidades legais. Embora seja comum e bem-intencionada, ela não oferece a proteção necessária para garantir plenamente os direitos do menor e do guardião.

Ao longo deste artigo, explicamos o que caracteriza a guarda de fato, como formalizar sua situação, quais são os direitos e deveres envolvidos e de que forma os pais biológicos se posicionam nesse cenário. Para proteger legalmente quem cuida de uma criança ou adolescente e garantir segurança jurídica a todos os envolvidos, é essencial buscar apoio especializado.

A Reis Advocacia conta com profissionais experientes em Direito de Família e está pronta para orientar e representar quem deseja formalizar a guarda com responsabilidade e agilidade. Entre em contato conosco e assegure os direitos de quem depende do seu cuidado.

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