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Herança Digital: Como Dividir Perfis e Ativos Virtuais

Herança digital não é apenas sobre dinheiro. Saiba como herdeiros podem lidar com perfis em redes sociais, criptomoedas e outros ativos virtuais após a morte.

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Herança Digital: O Futuro dos Seus Ativos e Memórias Virtuais

Em um mundo onde grande parte de nossas vidas e patrimônios está na internet, a questão da herança vai muito além de bens físicos. O que acontece com a sua conta de e-mail, seu perfil em redes sociais, suas criptomoedas e seus arquivos na nuvem depois que você parte? A herança digital é um tema novo e complexo, com pouca legislação específica no Brasil, mas que exige atenção e planejamento para evitar problemas futuros. A falta de regulamentação clara deixa os herdeiros em uma situação delicada, muitas vezes sem acesso a dados e bens que podem ter valor sentimental ou financeiro.

Neste artigo, vamos mergulhar no universo da herança digital, explicando o que são esses ativos, como as empresas lidam com o falecimento de seus usuários e, o mais importante, como você pode se planejar em vida para garantir que suas memórias e seu patrimônio virtual sejam divididos da forma que você deseja. A herança digital é um reflexo da nossa vida online, e planejar o que acontece com ela é um ato de responsabilidade e cuidado com a sua família.

O Que É Herança Digital e Por Que Se Preocupar?

A herança digital é o conjunto de informações, dados e ativos virtuais que uma pessoa acumula ao longo da vida online. Isso inclui desde perfis em redes sociais, e-mails e arquivos armazenados na nuvem até criptomoedas, milhas aéreas e jogos virtuais. O problema é que, ao contrário dos bens físicos, a maioria desses ativos é protegida por senhas e termos de uso que dificultam o acesso de terceiros, mesmo de herdeiros. A falta de um plano de sucessão digital pode levar à perda definitiva de memórias e patrimônio, além de causar dor de cabeça e frustração aos familiares.

Tipos de Ativos Digitais: O Que Fica e o Que Some?

A herança digital pode ser dividida em duas categorias: a de ativos com valor patrimonial e a de ativos existenciais. Os ativos patrimoniais são aqueles que têm valor financeiro, como criptomoedas, contas em bancos virtuais e licenças de software. Os ativos existenciais são os que têm valor afetivo, como fotos, e-mails, perfis em redes sociais e arquivos pessoais. A forma como cada um é tratado após a morte é diferente e depende, principalmente, das regras das próprias plataformas.

Perfis em Redes Sociais

Plataformas como Facebook e Instagram possuem políticas específicas para o falecimento de usuários. O Facebook, por exemplo, permite que o perfil seja transformado em um “perfil memorial”, onde amigos e familiares podem deixar mensagens. No Instagram, a conta pode ser memorializada ou removida. É preciso que um familiar comprove a morte do usuário para que a plataforma tome uma atitude. Sem essa comprovação, a conta permanece ativa, o que pode causar constrangimento e preocupação aos familiares.

Criptomoedas e Ativos Financeiros Virtuais

A herança de criptomoedas é um dos maiores desafios da herança digital. Para acessar e transferir esses ativos, é necessário ter a chave privada (uma senha de acesso), que, se perdida, pode levar à perda total do patrimônio. Sem a chave privada, os herdeiros não têm como acessar as moedas e transferi-las. Por isso, é fundamental que o titular de criptomoedas se planeje em vida, deixando as chaves e senhas em um local seguro e de fácil acesso para os herdeiros.

E-mails e Nuvens de Armazenamento

E-mails e arquivos na nuvem, como Google Drive e Dropbox, são difíceis de serem acessados por herdeiros. As plataformas têm políticas rígidas de privacidade, e a simples apresentação de uma certidão de óbito não é suficiente para o acesso. Em geral, é necessário uma ordem judicial para que a empresa libere os dados, o que pode ser um processo longo e burocrático. A falta de acesso a esses arquivos pode significar a perda de informações importantes, como documentos, fotos e contatos.

A herança digital é o conjunto de ativos virtuais de uma pessoa, como perfis em redes sociais, e-mails, criptomoedas e arquivos na nuvem. A falta de legislação específica no Brasil torna o planejamento sucessório em vida a melhor forma de garantir a divisão desses bens e o acesso dos herdeiros.

Lista Numerada

  1. Crie um testamento ou codicilo com instruções claras.
  2. Faça uma lista de todos os seus ativos e senhas.
  3. Indique um testamenteiro digital de confiança.
  4. Mantenha as informações atualizadas.

Tabela

Tipo de AtivoExemplosDesafio para Herdeiros
Ativos AfetivosPerfis em redes sociais, e-mails, fotosPolíticas de privacidade, dificuldade de acesso.
Ativos PatrimoniaisCriptomoedas, milhas aéreas, contas virtuaisSenhas, chaves privadas, falta de acesso.

Perguntas Frequentes (FAQ)

  • A herança digital pode ser incluída no inventário?
    Sim. Embora a legislação não seja específica, os herdeiros podem e devem incluir os ativos digitais no inventário, principalmente aqueles com valor econômico, como criptomoedas, milhas aéreas e contas em bancos virtuais.
  • Como provar que sou herdeiro de um perfil de rede social?
    As plataformas geralmente exigem uma certidão de óbito e a comprovação do parentesco com o falecido. No entanto, mesmo com os documentos, as plataformas podem não liberar o acesso total ao perfil, oferecendo apenas a opção de memorializar ou excluir a conta.
  • O que acontece com meu e-mail depois que eu morro?
    A maioria das empresas de e-mail exclui a conta por inatividade após um certo tempo. Os herdeiros não têm acesso automático. É necessária uma ordem judicial ou um documento que comprove que você autorizou o acesso, como um testamento ou um codicilo.

A Falta de Legislação no Brasil e o Planejamento

A herança digital ainda não tem uma legislação específica no Brasil. O tema é tratado por analogia, com a aplicação de leis existentes, como o Código Civil. No entanto, a falta de uma lei específica deixa o tema com muitas lacunas e incertezas. A melhor forma de garantir que sua herança digital seja respeitada é através do planejamento sucessório, com a ajuda de um advogado especialista.

Como Organizar a Herança Digital em Vida?

A organização da herança digital em vida é a única forma de garantir que seus ativos e memórias virtuais sejam tratados da forma que você deseja. A lei ainda não tem uma solução perfeita, mas com um bom plano, é possível facilitar a vida dos seus herdeiros e evitar problemas. O planejamento envolve a criação de documentos e a comunicação com as pessoas de sua confiança.

Faça um Testamento ou um Codicilo

O testamento é o documento legal para formalizar a divisão de bens. Nele, você pode incluir seus ativos digitais, como a indicação de quem deve ficar com suas criptomoedas ou a quem cabe a tarefa de lidar com seus perfis em redes sociais. O codicilo é uma forma mais simples de testamento e pode ser usado para deixar instruções sobre bens de pequeno valor e sobre as suas memórias virtuais. É um documento que, embora não seja perfeito, pode servir como prova de sua vontade na Justiça.

Crie um Guia de Acesso

Além do testamento, é altamente recomendável criar um guia de acesso a todos os seus ativos digitais. O guia deve conter a lista de plataformas, logins e senhas. O documento deve ser guardado em um local seguro e de fácil acesso para a pessoa que você indicar para lidar com a herança digital. É importante que o guia seja atualizado com frequência para que as senhas estejam sempre corretas.

Indique um ‘Testamenteiro Digital’

A indicação de um testamenteiro digital, uma pessoa de sua confiança para lidar com a herança digital, é um passo fundamental. Essa pessoa terá a responsabilidade de executar suas vontades, como desativar perfis em redes sociais, transferir criptomoedas e organizar arquivos na nuvem. A pessoa pode ser o seu testamenteiro legal ou um familiar ou amigo de confiança. A escolha deve ser feita com cuidado, pois a pessoa terá acesso a informações sensíveis.

A Importância do Advogado Especialista

A herança digital é um tema complexo e novo, e a assistência de um advogado especialista em Direito Sucessório é fundamental. O profissional irá te orientar sobre a melhor forma de planejar a sua herança digital, te ajudar a criar os documentos necessários e te representar na Justiça, se for preciso. O advogado irá garantir que o seu plano de sucessão digital seja válido e que suas vontades sejam respeitadas. Não deixe que suas memórias e seu patrimônio virtual sejam perdidos no tempo.

Um Assunto Sério, que Exige Planejamento

A herança digital é um assunto sério, que exige planejamento e atenção aos detalhes. A falta de legislação e a complexidade das plataformas tornam o tema um desafio para a Justiça e para os herdeiros. No entanto, com um plano de sucessão digital, é possível garantir que seus ativos e memórias virtuais sejam tratados da forma que você deseja. Se você precisa de ajuda para planejar a sua herança digital, procure um advogado especialista. A sua segurança e a de sua família são a nossa prioridade.

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DRA MARCELA NOVO

Advogada – OAB/PE 48.169

Advogada há mais de 7 anos, pós-graduação em Direito de Família e Sucessões, com destacada atuação na área. Possui especialização em prática de família e sucessões, em Gestão de Escritórios e Departamentos Jurídicos e em Controladoria Jurídica.

Atuou no Ministério Público do Estado de Pernambuco, nas áreas criminal e de família e sucessões, consolidando experiência prática e estratégica. Membro da Comissão de Direito de Família da OAB/PE (2021).
Autora de publicações acadêmicas relevantes sobre unidades familiares e direitos decorrentes de núcleos familiares ilícitos.

Atuou em mais de 789 processos, com foco em agilidade processual e qualidade, com uma expressiva taxa de êxito superior a 92,38%, especialmente em ações de alimentos, pensões, guarda e divórcio.

Atualmente, também é autora de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito de Família e Sucessões, com foco em auxiliar famílias na resolução de conflitos e em orientar sobre direitos relacionados a alimentos, guarda, pensão e divórcio.

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