O que é machismo estrutural e como ele afeta o ambiente profissional
O machismo no trabalho é uma das formas mais silenciosas e, ao mesmo tempo, mais nocivas de opressão enfrentada pelas mulheres. Esse comportamento decorre de um machismo estrutural que perpassa instituições, culturas e rotinas corporativas. Desde piadas inadequadas até a exclusão em decisões importantes, o machismo mina a autoestima, impede ascensões profissionais e causa traumas emocionais profundos.
Em um cenário onde muitas mulheres são constantemente interrompidas em reuniões, têm seus méritos ignorados ou enfrentam assédio velado, é fundamental compreender que isso não é normal — é injusto e, sobretudo, é ilegal.
Entender o machismo estrutural é o primeiro passo para combatê-lo. Veja abaixo alguns dos principais impactos no ambiente de trabalho:
- Desigualdade salarial entre homens e mulheres
- Falta de oportunidades de promoção
- Assédio moral e sexual disfarçado de “brincadeiras”
- Isolamento ou exclusão em reuniões e decisões
- Sobrecarga de tarefas com menos reconhecimento
Essas práticas violam diversos dispositivos legais e precisam ser combatidas com firmeza e apoio jurídico.
O que diz a lei sobre os direitos das vítimas de machismo no trabalho
A legislação brasileira é clara ao garantir um ambiente de trabalho digno, seguro e livre de discriminações. As principais normas que protegem mulheres vítimas de machismo no ambiente profissional são:
- Constituição Federal (art. 5º e 7º): Garante igualdade entre homens e mulheres e veda qualquer forma de discriminação.
- CLT – Consolidação das Leis do Trabalho: Proíbe tratamento desigual por motivo de sexo e prevê punição para práticas discriminatórias.
- Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006): Ainda que voltada à violência doméstica, pode ser aplicada a contextos laborais, especialmente no caso de violência psicológica.
- Lei do Assédio Sexual (art. 216-A do Código Penal): Criminaliza o assédio no ambiente de trabalho com pena de até 2 anos de detenção.
Além disso, empresas devem cumprir com normas regulamentadoras de segurança no trabalho e promover treinamentos preventivos. O descumprimento pode gerar indenização por danos morais, inclusive com valores significativos, conforme entendimento consolidado na jurisprudência.
Exemplos comuns de machismo no ambiente de trabalho
Identificar o machismo no trabalho pode ser difícil, especialmente quando ele se manifesta de maneira sutil ou naturalizada. A seguir, veja alguns dos exemplos mais recorrentes:
- Interrupções constantes em falas de mulheres durante reuniões
- Comentários sobre aparência ou vestimenta
- Exclusão em projetos de liderança
- “Piadas” sexistas e termos pejorativos
- Atribuição de tarefas com base em estereótipos de gênero
- Menor remuneração para funções iguais
- Exigência de comportamento submisso ou hipersexualizado
Esses comportamentos, muitas vezes tolerados por colegas e até gestores, caracterizam discriminação de gênero e podem ser enquadrados como assédio moral ou até assédio sexual, dependendo da conduta.
Qual o papel das empresas na prevenção e combate ao machismo
As empresas têm responsabilidade legal e social na criação de um ambiente de trabalho seguro. Elas devem adotar políticas internas claras e eficazes no combate ao machismo, tais como:
- Programas de treinamento e sensibilização
- Canais de denúncia confidenciais
- Procedimentos formais de apuração de condutas
- Aplicação de sanções disciplinares
- Promoção da equidade de gênero em cargos de liderança
A omissão ou negligência da empresa diante de situações de machismo pode configurar culpa in vigilando e gerar responsabilidade objetiva e solidária em ações judiciais.
Quais os direitos da mulher nessa situação?
A mulher vítima de machismo no trabalho possui diversos direitos garantidos por lei. Entre os principais, destacamos:
- Direito à igualdade de tratamento e oportunidades
- Direito de denunciar condutas abusivas e ser protegida
- Direito a ser indenizada por danos morais e materiais
- Direito à estabilidade no emprego (em alguns casos)
- Direito ao afastamento remunerado (quando necessário)
- Direito à rescisão indireta do contrato de trabalho
5 cuidados para tomar em casos de machismo no trabalho
Se você sofre ou presenciou um episódio de machismo no ambiente de trabalho, siga estes cuidados:
- Documente tudo – Guarde e-mails, prints, gravações e testemunhas.
- Comunique à empresa – Utilize canais oficiais de denúncia.
- Busque apoio emocional – Terapia ou grupos de apoio podem ajudar.
- Procure um advogado especialista – Somente um profissional poderá avaliar a viabilidade de ação judicial ou extrajudicial.
- Mantenha a calma e sua dignidade – Você não está sozinha.
É possível receber indenização?
Sim, a vítima de machismo pode ser indenizada judicialmente pelos danos sofridos. A indenização por danos morais é a mais comum e pode variar de acordo com a gravidade da conduta, tempo de exposição e provas apresentadas.
Além dos danos morais, é possível pleitear:
- Danos materiais (quando há perda salarial)
- Danos estéticos (em casos mais graves)
- Reconhecimento de vínculo empregatício (em casos de relações informais)
- Rescisão indireta com verbas rescisórias
A jurisprudência brasileira tem se mostrado favorável às vítimas, especialmente quando há comprovação robusta do machismo sofrido.
Qual o papel de um advogado especialista em casos de machismo no trabalho?
O advogado especialista é a figura-chave na condução segura e estratégica de casos de machismo no trabalho. Sua atuação inclui:
- Análise jurídica da situação e das provas
- Ajuizamento de ação judicial ou negociação extrajudicial
- Representação perante empresas e órgãos públicos
- Garantia de sigilo e proteção da imagem da vítima
- Elaboração de petições com teses jurídicas robustas, como violação ao princípio da dignidade da pessoa humana, princípio da isonomia, e aplicação da Convenção nº 190 da OIT
Na Reis Advocacia, possuímos um time experiente na defesa dos direitos das mulheres e oferecemos atendimento humanizado, seguro e confidencial.
Neste artigo, mostramos em detalhes o que é o machismo no trabalho, como ele impacta a vida das mulheres e quais são os seus direitos garantidos pela lei. Analisamos exemplos, leis aplicáveis, medidas preventivas, possibilidades de indenização e o papel fundamental do advogado.
Na Reis Advocacia, atuamos com seriedade, empatia e competência na defesa dos direitos das mulheres. Já ajudamos diversas profissionais que sofreram machismo no trabalho a garantirem justiça e dignidade.
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Quer se aprofundar? Leia também nossos outros artigos sobre assédio moral, indenizações trabalhistas e rescisão indireta.
Perguntas frequentes sobre o tema
- Posso denunciar anonimamente um caso de machismo na empresa?
Sim, desde que a empresa ofereça canal sigiloso. Mas para efeitos legais, o ideal é formalizar com provas. - O que fazer se a empresa não tomar providências?
Procurar auxílio jurídico e ingressar com ação trabalhista ou denúncia no MPT. - Existe proteção contra retaliação após denúncia?
Sim. A vítima não pode ser demitida ou punida por denunciar. Isso configura retaliação ilícita. - Posso pedir rescisão do contrato de trabalho por justa causa da empresa?
Sim, se a conduta da empresa violar gravemente suas obrigações, cabe a chamada rescisão indireta. - A vítima de machismo tem direito à estabilidade?
Em alguns casos sim, principalmente se houver afastamento médico ou gravidez envolvida.
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Referências:
STJ reconhece a responsabilidade objetiva do empregador por assédio moral reiterado no trabalho
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Adoção de protocolos sensíveis à desigualdade de gênero nas decisões sobre assédio.
Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557
Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.
Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.
Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.




