Mas afinal: se passar por outra pessoa é crime? Quais são seus direitos quando isso acontece? Como você pode se proteger e provar que alguém está usando sua identidade de forma indevida?
Neste artigo, vamos explicar detalhadamente:
- Quando se passar por outra pessoa configura crime;
- Como funciona esse tipo de crime;
- Quais são os direitos de quem sofre com esse tipo de abuso;
- Como provar que outra pessoa está agindo em seu nome;
- Se é possível entrar com um processo e ser indenizado;
- Como um advogado pode orientar e atuar em casos assim;
- Perguntas frequentes sobre o tema.
Acompanhe com atenção, pois o entendimento completo sobre quando se passar por outra pessoa é crime e como agir pode fazer toda a diferença na proteção de sua reputação, vida social e direitos legais.
Se passar por outra pessoa é crime?
Sim, se passar por outra pessoa pode ser crime — e muitas vezes constitui uma infração penal grave. A legislação brasileira trata de diferentes formas de proteção à identidade, à honra, à imagem e aos dados pessoais, de modo que se alguém usa seus dados, nome ou identidade para agir em seu lugar, essa conduta pode configurar crime, dependendo das circunstâncias.
Essa prática pode ocorrer em diferentes contextos, como:
- Redes sociais;
- Aplicativos de mensagem;
- Contratos e documentos oficiais;
- Falsificação de assinaturas;
- Cadastros em serviços bancários ou governamentais.
Em todos esses exemplos, estar diante da situação em que alguém tenta se passar por outra pessoa implica em violação de direitos fundamentais como a honra, a imagem, a identidade personalíssima e a privacidade. Por isso, em muitos casos, essa conduta é considerada crime e pode ensejar responsabilização penal e civil.
Importante destacar desde já: a simples criação de um perfil falso em redes sociais pode ser suficiente para que haja violação de direitos, principalmente quando isso causa dano à reputação ou prejuízo material a quem teve a identidade usada indevidamente.
Como funciona o crime de se passar por outra pessoa?
Para entender como funciona o crime de se passar por outra pessoa, precisamos analisar sua configuração jurídica, que pode ocorrer de formas diversas, dependendo da intenção, meio utilizado e do resultado produzido.
- Elementos essenciais
De forma geral, para que alguém seja responsabilizado por tentar se passar por outra pessoa, é necessário que:
- Haja uso indevido de dados pessoais, nome, imagem ou identidade;
- A conduta seja praticada com intenção de enganar, fraudar ou obter vantagem;
- A prática cause prejuízo, dano moral, patrimonial ou violação de direitos;
- Haja violação de regras legais específicas, como as do Código Penal e do Marco Civil da Internet.
Ou seja, não basta apenas que alguém se identifique com outro nome sem motivo — é preciso que exista dolo, ou seja, a intenção clara de enganar ou causar prejuízo.
- Formas mais comuns
Algumas formas frequentes de se passar por outra pessoa incluem:
- Falsificação de documentos;
- Criação de perfis falsos em redes sociais com o nome de terceiros;
- Uso de dados pessoais para abrir contas bancárias ou realizar transações;
- Envio de mensagens ou e‑mails em nome de outra pessoa;
- Assinatura de contratos ou autorizações usando dados de terceiros.
Cada uma dessas situações pode configurar diferentes tipos penais, como fraude, estelionato, falsidade ideológica e até crimes contra a honra (injúria, calúnia e difamação), dependendo de como ocorreu a conduta.
- Tipificação penal
Mesmo que não exista um crime específico chamado “se passar por outra pessoa” no Código Penal, essa conduta pode ser enquadrada em diversos crimes correlatos, tais como:
- Falsidade ideológica: quando alguém insere informação falsa em documento com o objetivo de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante;
- Estelionato: se a pessoa obteve vantagem ilícita ao se passar por outra, causando prejuízo;
- **Falsificação de documento: ** quando documentos são alterados para produzir efeitos jurídicos;
- Crimes contra honra: se ao se passar por outra pessoa houver injúria, calúnia ou difamação.
Cada uma dessas tipificações exige análise criteriosa do caso concreto e da forma como a conduta foi praticada.
Quais os direitos de quem sofre com esse tipo de crime?
Se você descobriu que alguém tentou se passar por outra pessoa utilizando seus dados, nome ou imagem, saiba que a legislação protege sua integridade jurídica de diferentes formas. Os principais direitos de quem sofre com essa prática são:
- Direito à reparação de danos
Se você sofreu prejuízos materiais — como perda financeira, contratos indevidos ou uso indevido de dinheiro — você tem o direito de buscar reparação por meio de ação civil de indenização.
- Direito à proteção da honra e da imagem
Quando alguém tenta se passar por outra pessoa e isso envolve uso indevido de imagem, nome ou reputação, isso pode violar direitos personalíssimos, ensejando indenização por danos morais.
- Direito à ação penal
Em muitas situações, a conduta de se passar por outra pessoa pode ser criminosa, e a vítima tem o direito de registrar boletim de ocorrência para que a polícia investigue e o Ministério Público ofereça denúncia.
- Direito à proteção de dados
Com leis como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), dados pessoais utilizados de forma indevida ao se passar por outra pessoa podem ensejar medidas administrativas e responsabilização do autor pela violação.
- Direito à reparação social
Muitas vítimas enfrentam danos sociais, como perda de reputação, exposição pública ou compromissos profissionais arruinados. A legislação brasileira resguarda esses direitos por meio da possibilidade de indenização por danos extra‑patrimoniais.
Esses são direitos que podem ser exercidos tanto na esfera penal quanto na civil, dependendo da forma e extensão do dano.
Como provar que tem outra pessoa se passando por você?
Provar que alguém tentou se passar por outra pessoa pode ser um desafio, mas com a coleta adequada de provas e a atuação jurídica correta, é possível estabelecer os fatos e responsabilizar o autor da conduta.
- Registros eletrônicos
Mensagens, conversas, e‑mails, prints de tela e logs de acesso são evidências importantes que mostram que uma pessoa usou seu nome ou identidade indevidamente.
- Documentos oficiais
Quando alguém tenta se passar por outra pessoa por meio de documentos falsos ou adulterados, cópias desses documentos são provas cruciais para demonstrar a fraude.
- Testemunhas
Pessoas que presenciaram a conduta ou que podem atestar mudanças no comportamento ou uso indevido de informações são essenciais para corroborar a versão da vítima.
- Perícia técnica
Em casos digitais ou de falsificação, a perícia técnica (em computadores, celulares ou documentos) pode demonstrar a autoria e a forma como a conduta foi praticada.
- Relatórios e extratos bancários
Se a pessoa que tentou se passar por outra pessoa causou prejuízo patrimonial, extratos bancários, comprovantes de transações ou registros de compras podem ajudar a identificar a origem dos atos.
- Provas de impacto social
Publicações em redes sociais, comentários, denúncias feitas por terceiros ou evidências de exposição indevida também podem ser coletadas como provas.
O conjunto dessas provas é fundamental para estabelecer a ocorrência da conduta e construir uma narrativa sólida ao longo do processo judicial.
Posso entrar com um processo e ser indenizado?
Sim. Quando alguém tenta se passar por outra pessoa e isso causa dano — seja material, moral ou à reputação — a vítima pode entrar com um processo judicial para buscar indenização.
- Ação civil de indenização
A principal forma de buscar compensação é por meio de uma ação civil de indenização, em que você pleiteia reparação pelos danos provados no processo.
- Danos morais
Se a conduta de se passar por outra pessoa gerou sofrimento, angústia, exposição pública ou lesão à dignidade, você pode pleitear indenização por danos morais. A jurisprudência brasileira reconhece esse tipo de dano sempre que há violação de direitos personalíssimos.
- Danos materiais
Quando há prejuízo financeiro comprovado — como gastos indevidos, transações não autorizadas ou perdas patrimoniais — você pode incluir esses danos no pedido de indenização.
- Danos emergentes e lucros cessantes
Esses são conceitos jurídicos aplicáveis quando há despesas comprovadas (danos emergentes) ou quando você deixou de ganhar algo em razão da conduta (lucros cessantes).
- Sentença judicial
Ao final do processo, o juiz pode condenar o autor a pagar indenizações compatíveis com os prejuízos comprovados, além de determinar outras medidas necessárias à reparação.
Ou seja: não apenas se passar por outra pessoa pode ser considerado crime, como também pode gerar direito de ser indemnizado na esfera civil.
Como um advogado pode te ajudar nesse tipo de problema?
Ter a orientação de um advogado especializado é essencial quando você descobre que alguém tentou se passar por outra pessoa. A atuação jurídica correta faz toda a diferença para proteger seus direitos, minimizar prejuízos e buscar a melhor solução possível.
- Análise jurídica inicial
O advogado faz uma análise detalhada dos fatos para identificar em qual crime ou infração civil a conduta se enquadra, e quais direitos foram violados.
- Coleta e organização de provas
Um processo bem estruturado requer provas robustas — e o advogado sabe exatamente o que coletar, como organizar e como apresentar essas evidências de forma eficaz.
- Elaboração de ações judiciais
Se houver necessidade de ação penal ou civil, o advogado redige petições técnicas com a fundamentação legal adequada, alinhando os fatos aos dispositivos jurídicos corretos.
- Acompanhamento processual
O advogado acompanha todas as fases do processo, desde o registro da ocorrência até a sentença e eventuais recursos, garantindo a defesa dos seus interesses.
- Negociação de acordos
Em alguns casos, é possível buscar acordos extrajudiciais ou composição amigável, sempre com a orientação de um advogado para assegurar que seus direitos sejam respeitados.
- Representação em audiências
O profissional jurídico atua em audiências, interrogatórios, perícias e outros atos processuais, garantindo que sua versão seja bem representada.
Em suma, o apoio de um advogado especializado torna a busca por justiça mais segura, estratégica e eficaz.
De que forma um advogado nesse processo?
A atuação do advogado em casos de quem sofreu quando alguém tentou se passar por outra pessoa é ampla e estratégica. Ele conduz o caso em diferentes frentes, tais como:
- Orientação legal imediata
Desde o primeiro momento, ele explica quais são os direitos violados e quais passos devem ser tomados.
- Registro e análise de boletins de ocorrência
Ele orienta sobre como registrar corretamente a denúncia policial e como anexar provas que fortaleçam sua versão.
- Peticionamento estratégico
O advogado elabora petições com todo o embasamento jurídico necessário para que a ação tenha maior chance de êxito.
- Acompanhamento de perícias
Caso o caso envolva perícia digital, documental ou bancária, o advogado coordena esse trabalho com profissionais especializados.
- Representação perante autoridades
Ele atua junto à polícia, juízes e promotores para garantir que todos os seus direitos sejam preservados.
- Acompanhamento de recursos
Se houver necessidade de recorrer de decisões judiciais, o advogado também atua nessa fase.
Essa atuação técnica e estratégica é essencial para que os direitos da vítima sejam respeitados integralmente.
Saiba seus direitos
Descobrir que alguém tentou se passar por outra pessoa é uma experiência grave e que pode impactar sua vida de forma profunda — emocionalmente, profissionalmente e juridicamente. Mas o direito brasileiro está preparado para proteger você nessas situações.
Seja na esfera criminal ou civil, você tem o direito de buscar justiça, reparação e proteção de seus direitos fundamentais. A orientação de um advogado especializado é essencial para conduzir esse processo com segurança, reunir provas eficazes, garantir que sua voz seja ouvida e que os responsáveis sejam responsabilizados.
Se você está enfrentando uma situação em que alguém tentou se passar por você, procure nossos advogados especialistas. Estamos prontos para ajudar a proteger seus direitos e buscar a reparação que você merece.
Perguntas frequentes sobre o tema
- Se passar por outra pessoa é crime?
Sim, pode ser considerado crime dependendo da forma como foi praticado, especialmente quando há intenção de enganar e causar prejuízo. - O que configura se passar por outra pessoa?
Uso indevido de nome, dados pessoais, documentos e identidade de terceiros com intenção fraudulenta. - É preciso registrar boletim de ocorrência?
Sim, o boletim de ocorrência é essencial para iniciar a investigação. - Posso indenizar por danos morais?
Sim, quando a conduta violar sua honra, imagem ou causar sofrimento. - E danos materiais?
Também é possível pleitear indenização pelos prejuízos financeiros comprovados. - Provas digitais valem no processo?
Sim — prints, e‑mails, mensagens e registros eletrônicos são muito importantes. - Preciso de um advogado?
Sim. A orientação jurídica aumenta suas chances de sucesso. - Crimes digitais têm penalidades mais severas?
Sim, em muitos casos a pena pode ser maior quando envolve tecnologia. - O que é LGPD?
Lei Geral de Proteção de Dados, que protege seus dados pessoais e pode ser aplicada nesses casos. - O que devo fazer primeiro?
Reunir provas e registrar boletim de ocorrência com orientação de um advogado.
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Referências:
STJ: Estelionato sentimental gera direito a indenização
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Sócio e Advogado – OAB/PE 41.203
Advogado criminalista, militar e em processo administrativo disciplinar, especializado em Direito Penal Militar e Disciplinar Militar, com mais de uma década de atuação.
Graduado em Direito pela FDR-UFPE (2015), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (ESA-OAB/PE) e em Tribunal do Júri e Execução Penal. Professor de Direito Penal Militar no CFOA (2017) e autor do artigo "Crise na Separação dos Três Poderes", publicado na Revista Acadêmica da FDR (2015).
Atuou em mais de 956 processos, sendo 293 processos administrativos disciplinares, com 95% de absolvições. Especialista em sessões do Tribunal do Júri, com mais de 10 sustentações orais e 100% de aproveitamento.
Atualmente, também é autor de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.




