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Herança digital: O que é e como funciona?

Entenda o que é herança digital, como funciona no direito sucessório e a importância do advogado para proteger bens digitais após o falecimento.

Heranca-digital
Dr tiago Reis

Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557

Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.

Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.

Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.

Herança  digital na era digital transformou completamente a maneira como armazenamos bens e informações. Com isso, surgiu um novo desafio jurídico: a gestão da herança digital. Muitos brasileiros possuem hoje contas em redes sociais, criptomoedas, acervos de fotos, vídeos, contratos armazenados na nuvem e outros bens virtuais que, após a morte, precisam ser devidamente destinados.

O problema é que, diferentemente dos bens tradicionais, os bens digitais nem sempre possuem regras claras quanto à transmissão para os herdeiros. Isso cria insegurança jurídica e conflitos familiares, que poderiam ser evitados com planejamento adequado e orientação especializada.

Neste artigo, você vai entender o que é herança digital, qual sua previsão legal no Brasil, como funciona a sucessão de bens digitais e por que contar com um advogado de sucessões é fundamental para garantir que seus direitos sejam respeitados nesse novo cenário.

 Herança digital: o que é?

A herança digital é o conjunto de bens, direitos e obrigações de natureza digital deixados por uma pessoa após sua morte. Envolve, por exemplo, contas de redes sociais, arquivos armazenados na nuvem, perfis de serviços de streaming, blogs, domínios de sites, criptomoedas, carteiras digitais, entre outros.

Esses ativos digitais podem ter valor econômico, afetivo ou ambos. Fotografias de família armazenadas em nuvem, obras intelectuais publicadas em blogs, valores em contas digitais e investimentos em criptomoedas são exemplos claros de elementos que integram a herança digital e que precisam ser tratados com seriedade no processo sucessório.

No entanto, muitas pessoas ainda não consideram esses bens em seus planejamentos sucessórios, o que pode gerar confusão, perda de patrimônio ou até conflitos judiciais entre os herdeiros.

 Qual a legislação sobre herança digital no Brasil

No Brasil, ainda não existe uma lei específica que regule de forma detalhada a herança digital. No entanto, a legislação vigente, especialmente o Código Civil e o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), já fornecem bases jurídicas para a sucessão de bens digitais.

O Código Civil estabelece, de maneira geral, que todos os bens, direitos e obrigações transmissíveis integram a herança. Assim, os bens digitais, desde que tenham valor patrimonial ou sentimental relevante, podem ser incluídos no inventário e partilhados entre os herdeiros.

Já o Marco Civil da Internet reforça o princípio da proteção dos dados pessoais, o que implica que o acesso a contas digitais após a morte depende de regras claras, seja estabelecidas pelo próprio titular em vida, seja judicialmente após o falecimento. Algumas plataformas, como Facebook e Google, possuem políticas próprias de gerenciamento de contas de usuários falecidos, mas a intervenção judicial ainda é necessária em muitos casos para liberar acessos ou transferir direitos.

 Herança digital no direito sucessório

No direito sucessório, a herança digital é tratada como uma extensão dos bens tradicionais, respeitando o princípio da universalidade da herança. Ou seja, salvo disposição em contrário, os bens digitais também devem ser inventariados e partilhados, junto com imóveis, veículos, valores em contas bancárias e outros ativos físicos.

A transmissão dos bens digitais segue a mesma lógica do direito sucessório: os herdeiros legítimos ou testamentários passam a ter direito sobre eles. Isso inclui, por exemplo, valores em carteiras digitais, royalties de livros publicados online, domínios de sites e perfis monetizados em redes sociais.

O grande desafio, entretanto, está na identificação e no acesso a esses bens, especialmente quando não há registro ou documentação adequada em vida. Por isso, o planejamento sucessório, com cláusulas específicas para a herança digital, torna-se cada vez mais importante.

Como funciona a herança digital?

O funcionamento da herança digital depende de alguns fatores fundamentais: a existência de registro dos bens digitais, a definição de quem terá direito de acesso e a manifestação de vontade do falecido.

Se houver testamento ou outra manifestação expressa, o processo de transmissão é mais simples. Em caso contrário, será necessário identificar os bens durante o inventário e solicitar autorização judicial para o acesso, respeitando a legislação sobre proteção de dados.

Os herdeiros podem pedir judicialmente o acesso a contas de e-mail, redes sociais, arquivos na nuvem e até desbloqueio de carteiras de criptomoedas. Porém, esse acesso depende de comprovação da relação de herdeiro e, muitas vezes, do enfrentamento de políticas internas das plataformas digitais.

A prática mostra que, quanto mais preparado juridicamente estiver o planejamento sucessório, mais tranquila será a transmissão dos bens digitais.

 Testamento digital: como funciona passo a passo

O testamento digital é um instrumento que organiza o destino dos bens digitais após a morte. No Brasil, ele ainda não tem uma regulamentação própria, mas é possível incluir disposições sobre patrimônio digital em testamentos tradicionais.

O primeiro passo é listar detalhadamente todos os bens digitais que se deseja proteger: contas, senhas, arquivos, domínios, valores em carteiras digitais e outros ativos. Depois, deve-se definir quem terá acesso a esses bens e de que forma eles serão administrados ou partilhados.

O testamento precisa ser elaborado de acordo com as formalidades exigidas pela lei, podendo ser público, cerrado ou particular, e deve conter cláusulas claras sobre a herança digital. Recomenda-se também informar no testamento a existência de um inventário de senhas ou usar serviços específicos de gestão de patrimônio digital.

Com o testamento bem estruturado, os herdeiros terão mais facilidade para acessar e administrar os bens digitais do falecido, evitando conflitos e a perda de valores importantes.

Sucessão de bens digitais como acontece?

A sucessão dos bens digitais obedece à regra geral da sucessão legítima e testamentária. Assim, se o falecido deixou herdeiros necessários (como cônjuge, descendentes ou ascendentes), eles terão direito à herança digital conforme as mesmas proporções aplicáveis aos bens físicos.

Caso exista testamento, os bens digitais seguirão as diretrizes ali estabelecidas, respeitado o limite da legítima. Em situações sem testamento, a partilha dos bens digitais poderá ser definida judicialmente, no processo de inventário.

A correta identificação e valorização dos bens digitais são etapas essenciais nesse processo. Criptomoedas, contratos digitais, sites monetizados, canais de conteúdo e outras propriedades virtuais podem representar valores expressivos e precisam ser tratados com a mesma atenção que bens tradicionais.

 Criptomoedas e herança digital: entenda como funciona

As criptomoedas, como Bitcoin, Ethereum e outras, representam um desafio adicional na herança digital. Como são ativos totalmente digitais e, em muitos casos, protegidos por chaves privadas criptografadas, seu acesso pós-morte depende de um planejamento cuidadoso.

Se o falecido não deixou registro das chaves privadas ou acesso às carteiras digitais, pode ser impossível recuperar os valores. Portanto, o ideal é que as criptomoedas sejam listadas em documentos seguros, com orientações claras para a sua transmissão.

No inventário, as criptomoedas devem ser incluídas como bens a serem partilhados e avaliadas conforme o valor de mercado no momento da abertura da sucessão. A falta de transparência sobre esses ativos pode gerar prejuízos irreparáveis aos herdeiros.

O auxílio jurídico é indispensável para garantir que a sucessão de criptomoedas seja feita de forma segura, respeitando a legislação civil e tributária brasileira.

 Acesso a contas digitais após falecimento

O acesso a contas digitais após o falecimento depende das regras da plataforma e, muitas vezes, de decisões judiciais. Algumas empresas, como o Facebook e o Google, permitem que o usuário defina previamente contatos de legado ou estabeleçam instruções sobre o que fazer com suas contas em caso de morte.

Quando essas definições não existem, os herdeiros precisam apresentar documentação adequada — como certidão de óbito e decisão judicial — para solicitar o acesso ou o encerramento das contas.

O acesso pode envolver não apenas a preservação de lembranças, mas também a administração de conteúdos que possuem valor financeiro ou que impactam na reputação do falecido e de sua família. Por isso, é recomendável que o planejamento sucessório contemple medidas específicas para garantir o gerenciamento correto dessas contas.

Qual a importância do advogado de sucessões em casos de herança digital

O advogado de sucessões tem papel fundamental na proteção e transmissão da herança digital. Sem um suporte jurídico especializado, é comum que os herdeiros enfrentem dificuldades para localizar, acessar e validar a posse de bens digitais, além de possíveis disputas entre familiares ou entraves com plataformas internacionais.

O advogado atua desde a fase de planejamento, orientando o titular sobre como organizar seus ativos digitais e incluir disposições específicas em testamentos. Após o falecimento, o profissional é responsável por conduzir o inventário, incluir corretamente os bens digitais, dialogar com as empresas de tecnologia e garantir a defesa dos direitos dos herdeiros.

Em casos que envolvem criptomoedas, ativos de grande valor ou plataformas estrangeiras, a atuação do advogado torna-se ainda mais indispensável. Com conhecimento atualizado, ele assegura que o patrimônio digital seja preservado, transmitido corretamente e que todos os procedimentos legais sejam cumpridos.

Na Reis Advocacia, oferecemos suporte completo em sucessão de bens digitais, ajudando famílias a protegerem aquilo que foi construído ao longo da vida — seja no mundo físico, seja no digital.

A herança digital é uma realidade que não pode ser ignorada. Com o crescimento exponencial de ativos virtuais, proteger, planejar e transmitir esse patrimônio exige cuidados específicos e orientação jurídica qualificada.

Neste artigo, mostramos o que é herança digital, como ela funciona no direito sucessório brasileiro, como elaborar um testamento digital, as implicações das criptomoedas e a importância de contar com um advogado especializado em sucessões.

Se você deseja proteger seus bens digitais ou garantir uma sucessão tranquila para sua família, Entre em  contato a Reis Advocacia. Nosso escritório está preparado para te orientar com seriedade, técnica e segurança.

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Dr tiago Reis

Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557

Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.

Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.

Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.

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