O Que São Startups e Como Isso Afeta o Trabalhador de Startup?
Você é trabalhador em startup? Mesmo sob contrato de PJ ou home office, se houver subordinação, habitualidade, pessoalidade e onerosidade, você tem direitos garantidos pela CLT, como FGTS, férias + 1/3, 13º, INSS e eventual adicional.
Startups são empresas inovadoras, geralmente com operação digital, que buscam escalar rapidamente seus serviços ou produtos com uso de tecnologia. Para alcançar esses objetivos, é comum adotarem estruturas flexíveis, trabalho remoto e formas de contratação diferenciadas.
Mas a modernidade do modelo não afasta a aplicação da legislação. Ou seja, o trabalhador de startup tem direito à proteção da CLT, sempre que sua atuação apresentar subordinação, habitualidade, pessoalidade e onerosidade.
Quais São os Direitos do Trabalhador de Startup?
Sempre que houver vínculo empregatício, o trabalhador de startup tem direito aos mesmos benefícios previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tais como:
Registro em carteira (CTPS);
Férias + 1/3;
13º salário;
FGTS;
INSS;
Vale-transporte (se aplicável);
Adicional de horas extras e adicional noturno;
Licença maternidade/paternidade.
Infelizmente, muitas startups contratam de forma informal ou sob modelos de pejotização indevida, o que pode violar esses direitos e gerar passivo trabalhista futuro.
Contratação Como PJ: Como Afeta o Trabalhador de Startup?
É comum o trabalhador de startups ser contratado como pessoa jurídica (PJ). A promessa costuma vir acompanhada de maior liberdade, menos burocracia e pagamento direto.
Contudo, se na prática há:
Subordinação direta;
Controle de horários;
Exclusividade;
Atividade-fim da empresa;
Regras rígidas impostas pela startup…
… então a relação pode ser considerada de emprego disfarçado, passível de reconhecimento na Justiça do Trabalho. A essa prática se dá o nome de pejotização irregular — e o trabalhador de startup tem o direito de reivindicar todos os direitos CLT.
O Que Muda Para o Trabalhador de Startup?
Grande parte dos trabalhadores de startups atua em home office. A Reforma Trabalhista de 2017 regulamentou esse modelo, mas o fato de trabalhar remotamente não afasta os direitos da CLT.
Se o trabalhador de startup cumpre horários, responde a gestores, participa de reuniões e é cobrado com metas rígidas, ele deve ser reconhecido como empregado regular. Além disso, a empresa deve prever no contrato:
Reembolso de despesas com energia e internet;
Fornecimento ou manutenção de equipamentos;
Controle de jornada (quando aplicável);
Orientações sobre segurança do trabalho.
Salário por Fora: Quais os Riscos Para o Trabalhador de Startup?
Uma prática infelizmente comum nas startups é o pagamento de parte do salário “por fora”, ou seja, sem constar no contracheque oficial. Isso prejudica o trabalhador em vários aspectos:
Redução no FGTS;
Menor valor de contribuição ao INSS;
Prejuízos no cálculo do 13º e férias;
Problemas na aposentadoria e seguro-desemprego.
Caso você, trabalhador de startup, esteja nessa situação, é recomendável reunir provas (extratos, mensagens, e-mails) e buscar um advogado trabalhista para exigir a regularização dos valores e direitos prejudicados.
5 passos para reconhecer seus direitos trabalhistas em startups
Identifique vínculo empregatício – Verifique subordinação, controle e exclusividade.
Exija registro em carteira – Caso haja relação típica de emprego, há direito a CTPS.
Apure benefícios previstos – FGTS, férias, 13º, adicional e vale‑transporte.
Fiscalize salários “por fora” – Denuncie se houver omissão de valores na CTPS.
Busque assessoria jurídica – Reclame direitos não observados via Justiça do Trabalho.
Qual o Papel do Advogado para o Trabalhador de Startup?
O advogado trabalhista é o profissional ideal para defender os direitos do trabalhador de startups. Isso porque ele atua de forma estratégica em situações como:
Análise de contratos PJ para verificar se há vínculo empregatício disfarçado;
Reivindicação de salários não pagos ou pagos por fora;
Reconhecimento de vínculo com base na realidade da prestação de serviços;
Ações judiciais ou extrajudiciais para garantir verbas rescisórias, INSS e FGTS.
Muitas startups, mesmo de boa-fé, cometem erros por desconhecimento da lei. Por isso, contar com a orientação de um advogado trabalhista é essencial para garantir a proteção do trabalhador sem afetar a saúde da empresa.
Precisa de Ajuda Para Entender Seus Direitos Como Trabalhador de Startup?
Se você trabalha em uma startup e tem dúvidas sobre sua condição contratual, salário, férias ou se está atuando como PJ sem autonomia real, é hora de buscar esclarecimentos jurídicos.
O trabalhador de startup tem direitos — e a informalidade do ambiente de inovação não é justificativa para burlar a lei.
O crescimento das startups no Brasil representa uma revolução nos negócios, mas também exige responsabilidade.
O trabalhador de startup precisa estar atento às condições reais de trabalho e buscar apoio jurídico quando perceber abusos ou informalidade.
Na Reis Advocacia, atuamos com firmeza na defesa de colaboradores contratados por startups, garantindo segurança, respeito à lei e justiça nas relações de trabalho.
Você trabalha em uma startup e tem dúvidas sobre seus direitos? Entre em contato com os especialistas da Reis Advocacia e receba orientação segura e personalizada para o seu caso. Acesse também outros artigos do nosso blog e fique por dentro das atualizações da legislação trabalhista.
Perguntas frequentes sobre o tema
PJ em startup pode ter direitos da CLT?
Sim — se a relação for de emprego disfarçado, há reconhecimento de vínculo e aplicação da CLT.
Trabalhador remoto perde direitos?
Não — mesmo em home office, se há controle e metas, os direitos da CLT se aplicam.
O que fazer se pagar parte do salário “por fora”?
Pode requerer retificação do salário, diferenças no FGTS, INSS, 13º e férias.
Como comprovar vínculo empregatício?
Demonstre habitualidade, subordinação, pessoalidade e onerosidade, e solicite auxílio jurídico.
Leia também:
Pejotização em TI: Como proteger seus direitos trabalhistas: explica por que contratar como PJ pode mascarar vínculo de emprego e como identificar sinais como subordinação e exclusividade.
Semana de 4 dias de trabalho: funciona no Brasil?: analisa a viabilidade jurídica da jornada 4×3, especialmente relevante para startups com horários flexíveis.
Contrato de vesting: Entenda como funciona sua aplicação: aborda como startups usam vesting para alinhar interesses dos colaboradores e sócios.
Como advogados estão inovando na prática jurídica com o uso da tecnologia?: mostra como inovação e tecnologia influenciam o direito e beneficiam ambientes modernos, incluindo startups.
Pejotização – artigo institucional: (caso prefira focar em pejotização) apresenta visão legal e riscos empresariais dessa prática.
Referências:
Lei Complementar nº 182/2021 (Marco Legal das Startups)
Institui o marco legal das startups e do empreendedorismo inovador, permitindo aportes societários sem descaracterizar vínculo trabalhista.Decreto‑Lei nº 5.452/1943 (CLT), art. 3º
Define “empregado” e estabelece os critérios clássicos – subordinação, pessoalidade, habitualidade e salário – usados para identificar vínculo empregatício.Decreto‑Lei nº 5.452/1943 (CLT), art. 58
Determina que a jornada normal de trabalho não deve exceder 8 horas diárias.Lei nº 13.429/2017 (Lei da Terceirização)
Regula o trabalho temporário e terceirização de atividades-fim, mas ressalta que terceirização com vínculo oculto é fraudulenta.
Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557
Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.
Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.
Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.