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Mãe atípica: O que é e quais os seus direitos? (2025)

Descubra quem é considerada mãe atípica, quais são os seus direitos garantidos pela lei brasileira e como exigir proteção jurídica em casos de violação.

Mãe atípica WP
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A expressão mãe atípica vem ganhando cada vez mais visibilidade no Brasil, mas muitas mulheres ainda desconhecem o real significado desse termo e, principalmente, quais são os direitos que lhes são assegurados. Ser mãe já é um desafio imenso. Agora, imagine lidar diariamente com a maternidade somada a uma condição diferenciada de saúde ou com as necessidades especiais de um filho.

Esse é o cenário da mãe atípica, uma mulher que enfrenta jornadas duplas ou triplas de dedicação, muitas vezes invisibilizadas pela sociedade. No entanto, apesar das dificuldades, a legislação brasileira garante direitos importantes que precisam ser conhecidos e, quando necessário, exigidos judicialmente.

Ao longo deste guia completo, você vai entender:

  • O que significa ser mãe atípica;
  • Quais direitos a legislação assegura;
  • Como comprovar e garantir esses direitos;
  • O que fazer se eles não forem respeitados;
  • Como a atuação de um advogado pode ser decisiva;
  • E ainda, um FAQ com as 10 dúvidas mais comuns sobre o tema.

Se você é mãe atípica ou conhece alguém que vive essa realidade, este artigo será um manual essencial para compreender seus direitos e lutar por eles.

Tiago EC

O que é uma mãe atípica?

O termo mãe atípica se refere a mulheres que exercem a maternidade em condições diferenciadas, geralmente marcadas por situações de vulnerabilidade ou necessidades especiais, próprias ou de seus filhos. Em outras palavras, é aquela mãe que enfrenta desafios adicionais para garantir a qualidade de vida, a saúde e a educação de seus filhos.

Na prática, uma mãe atípica pode ser:

  1. Mãe de criança com deficiência ou necessidades especiais – que exige acompanhamento médico, terapias e cuidados contínuos.
  2. Mãe com deficiência ou doença crônica – que enfrenta limitações próprias, mas ainda assim precisa cuidar de seus filhos.
  3. Mãe em condição social vulnerável, que se desdobra para garantir direitos básicos como saúde, educação e assistência social.

Esse conceito, portanto, ultrapassa a visão tradicional de maternidade, trazendo à tona realidades que envolvem sobrecarga emocional, física e financeira.

Reconhecer o papel da mãe atípica é um passo essencial para garantir que ela receba o suporte necessário do Estado, da sociedade e também da Justiça. Afinal, a Constituição Federal e diversas leis infraconstitucionais asseguram direitos fundamentais que precisam ser efetivamente aplicados.

Quais são os direitos de uma mãe atípica?

A mãe atípica possui direitos que derivam tanto da Constituição quanto de legislações específicas. Alguns deles estão diretamente relacionados à sua condição de maternidade diferenciada, outros decorrem da proteção à família e à criança.

Principais direitos da mãe atípica:

  • Direito à prioridade em serviços públicos: atendimento preferencial em órgãos públicos, hospitais e instituições de ensino, especialmente quando estiver acompanhada de filho com deficiência.
  • Direito à inclusão educacional: se o filho possui necessidades especiais, a mãe tem o direito de exigir matrícula e acompanhamento adequado em escola regular ou especializada.
  • Direito a benefícios previdenciários e assistenciais: como o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), auxílio-doença ou aposentadoria especial em situações específicas.
  • Direito a flexibilização do trabalho: em alguns casos, a legislação assegura horário especial sem redução salarial para servidores públicos federais e, por analogia, em algumas legislações estaduais e municipais.
  • Direito a acompanhamento em saúde: acesso a políticas públicas voltadas à saúde da mulher e da criança, incluindo fornecimento de medicamentos de alto custo.
  • Direito à proteção contra discriminação: toda mãe atípica deve ser respeitada em seu ambiente de trabalho e em espaços sociais, sendo vedada qualquer prática discriminatória.

Esses são apenas alguns exemplos práticos, mas cada situação deve ser analisada de forma individual, pois a jurisprudência vem ampliando o reconhecimento de direitos das mães atípicas, principalmente no que tange ao princípio da dignidade da pessoa humana.

O que a lei diz sobre os direitos de uma mãe atípica?

A legislação brasileira não utiliza a expressão “mãe atípica” de forma direta, mas diversos dispositivos legais asseguram seus direitos.

Base legal que protege a mãe atípica:

  • Constituição Federal (art. 226 e 227) – garante proteção à família, prioridade absoluta às crianças e adolescentes e especial proteção às pessoas com deficiência.
  • Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) – prevê o direito à acessibilidade, inclusão social e prioridade no atendimento.
  • Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069/1990) – assegura à criança com deficiência todos os direitos fundamentais, sem discriminação.
  • CLT e legislação previdenciária – asseguram benefícios trabalhistas e previdenciários, inclusive para mães que precisam se afastar para cuidar de filhos com necessidades especiais.
  • Jurisprudência – tribunais têm reconhecido o direito de mães atípicas à redução de jornada, manutenção de benefícios e outras garantias.

Portanto, ainda que o termo seja relativamente novo no meio jurídico e social, a proteção da mãe atípica encontra respaldo sólido em nossa legislação e pode ser exigida por meio de ações judiciais.

Tiago CA

Como garantir e comprovar para garantir esses direitos?

Conhecer os direitos é apenas o primeiro passo. Para a mãe atípica, muitas vezes é necessário comprovar documentalmente a situação para ter acesso às políticas públicas, benefícios ou decisões judiciais favoráveis.

Documentos importantes para comprovar a condição de mãe atípica:

  1. Laudos médicos e psicológicos que atestem a deficiência ou condição especial do filho.
  2. Relatórios escolares e terapêuticos que demonstrem a necessidade de acompanhamento contínuo.
  3. Documentos previdenciários e trabalhistas que comprovem vínculos empregatícios e benefícios solicitados.
  4. Declarações sociais emitidas por assistentes sociais ou órgãos públicos.

Passo a passo para entender os direitos de uma mãe atípica

  1. Identifique sua condição – você é mãe de criança com deficiência, possui doença crônica ou está em situação de vulnerabilidade?
  2. Reúna documentação – organize laudos, relatórios e comprovantes que evidenciem sua situação.
  3. Busque atendimento especializado – órgãos como CRAS, INSS e secretarias de saúde/educação podem orientar.
  4. Procure apoio jurídico – um advogado pode avaliar a situação e ajuizar ações para garantir seus direitos.
  5. Fiscalize o cumprimento da lei – caso encontre barreiras, registre denúncias em órgãos de defesa, como o Ministério Público.

Com esses passos, a mãe atípica transforma o conhecimento em ação prática para efetivamente garantir sua dignidade e a de sua família.

O que fazer se esses direitos não forem respeitados?

Infelizmente, muitas mães atípicas relatam que, apesar da legislação, seus direitos não são respeitados na prática. Nesses casos, é possível recorrer a diferentes instrumentos:

  • Ações judiciais: como mandado de segurança, ação ordinária ou ação civil pública.
  • Denúncias administrativas: em órgãos como Ministério Público, Defensoria Pública e Conselhos Tutelares.
  • Reclamações trabalhistas: se houver descumprimento de jornada especial ou discriminação no trabalho.
  • Pedido de tutela de urgência: em situações emergenciais, como fornecimento imediato de medicamento ou vaga em escola inclusiva.

O não cumprimento desses direitos não pode ser naturalizado. A mãe atípica deve saber que a lei está ao seu lado e que a Justiça tem instrumentos eficazes para fazer valer sua proteção.

De que forma um advogado pode auxiliar a garantir os direitos de uma mãe atípica

A atuação de um advogado especialista é crucial para assegurar que a mãe atípica tenha seus direitos efetivamente reconhecidos.

O advogado pode:

  • Orientar juridicamente sobre quais direitos se aplicam ao caso concreto;
  • Ajuizar ações judiciais para garantir medicamentos, tratamentos e benefícios sociais;
  • Defender no âmbito trabalhista direitos como redução de jornada e estabilidade;
  • Acompanhar processos previdenciários junto ao INSS;
  • Exigir cumprimento de políticas públicas por meio de mandados de segurança e ações coletivas.

Ter um especialista ao lado faz toda a diferença, pois muitas vezes a resistência do Estado e de instituições privadas só é vencida pela via judicial.

Saiba seus direitos

A mãe atípica é símbolo de força e resiliência, mas não deve enfrentar seus desafios sozinha. O direito brasileiro assegura uma série de garantias que precisam ser conhecidas, exigidas e, quando necessário, defendidas judicialmente.

Na Reis Advocacia, já ajudamos diversas mães atípicas a conquistar direitos fundamentais para si e para seus filhos, desde benefícios previdenciários até decisões judiciais envolvendo saúde e educação.

Se você se identifica com esse tema, saiba que não está sozinha. Entre em contato conosco e fale diretamente com um de nossos advogados especialistas. Estamos prontos para lutar ao seu lado.

Leia também outros artigos em nosso blog sobre direitos das famílias, proteção social e inclusão.

Tiago CA

Perguntas Frequentes sobre o tema

  1. O que significa ser uma mãe atípica?

É a mãe que exerce a maternidade em condições diferenciadas, geralmente ligadas a deficiência, doença crônica ou vulnerabilidade social.

  1. Toda mãe de criança com deficiência é considerada mãe atípica?

Sim, pois enfrenta desafios diferenciados no cuidado e educação da criança.

  1. A lei reconhece o termo mãe atípica?

O termo não aparece de forma expressa, mas os direitos são garantidos por diversas leis.

  1. Quais benefícios previdenciários a mãe atípica pode ter?

Pode acessar o BPC/LOAS, aposentadoria especial, auxílio-doença, entre outros, conforme cada caso.

  1. A mãe atípica pode reduzir a jornada de trabalho?

Em alguns casos, sim, especialmente para servidoras públicas federais e, por analogia, em legislações estaduais.

  1. Como comprovar que sou mãe atípica?

Por meio de laudos médicos, relatórios escolares e documentos oficiais.

  1. O que fazer se a escola negar matrícula do filho com deficiência?

Registrar denúncia no Ministério Público e, se necessário, ajuizar ação judicial.

  1. A mãe atípica tem atendimento preferencial em serviços públicos?

Sim, especialmente quando acompanhada de filho com deficiência.

  1. Posso pedir tutela de urgência para garantir direitos?

Sim, principalmente em casos de saúde, educação ou fornecimento de medicamentos.

  1. Preciso de advogado para garantir meus direitos?

Em muitos casos, sim. O apoio jurídico aumenta significativamente as chances de êxito.

Leia também:

  1. Planos de Saúde e Autismo: Como Garantir Cobertura Completa – Orientações sobre legislação, teses jurídicas e estratégias para assegurar cobertura integral de planos para crianças com TEA

  2. Autismo: Plano de Saúde Não Pode Exigir Laudo para Terapia – Explica decisão judicial que proibiu exigência de laudo médico trimestral para autorizar terapias de autismo

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  4. Plano de saúde condenado por negar tratamento a criança TEA! – Caso prático onde operadora foi condenada a pagar R$ 10 mil por negar tratamento multiprofissional a criança com TEA

Referências:

  1. STJ – Tratamento multidisciplinar de autismo deve ser coberto de maneira ampla por plano de saúde
    A Terceira Turma do STJ decidiu que planos devem cobrir integralmente terapias multidisciplinares prescritas para TEA, inclusive fora da rede credenciada, e reembolso integral se houver violação contratual ou normativa da ANS

  2. STJ – Plano de saúde que nega tratamento a autistas deve pagar indenização por danos morais
    STJ consolidou entendimento de que negar tratamento a autista é abusivo e gera obrigação de indenizar por danos morais, mesmo se técnica não estiver no rol da ANS

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DRA MARCELA NOVO

Advogada – OAB/PE 48.169

Advogada há mais de 7 anos, pós-graduação em Direito de Família e Sucessões, com destacada atuação na área. Possui especialização em prática de família e sucessões, em Gestão de Escritórios e Departamentos Jurídicos e em Controladoria Jurídica.

Atuou no Ministério Público do Estado de Pernambuco, nas áreas criminal e de família e sucessões, consolidando experiência prática e estratégica. Membro da Comissão de Direito de Família da OAB/PE (2021).
Autora de publicações acadêmicas relevantes sobre unidades familiares e direitos decorrentes de núcleos familiares ilícitos.

Atuou em mais de 789 processos, com foco em agilidade processual e qualidade, com uma expressiva taxa de êxito superior a 92,38%, especialmente em ações de alimentos, pensões, guarda e divórcio.

Atualmente, também é autora de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito de Família e Sucessões, com foco em auxiliar famílias na resolução de conflitos e em orientar sobre direitos relacionados a alimentos, guarda, pensão e divórcio.

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