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Constituto Possessório e Traditio Brevi Manu: Entendendo as Diferenças

Entenda a diferença entre Constituto Possessório e Traditio Brevi Manu na posse, com exemplos práticos e orientações jurídicas especializadas.

Constituto Possessório e Traditio Brevi Manu
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Você já se deparou com os termos “constituto possessório” e “traditio brevi manu” e ficou confuso sobre o que eles significam? Se você está buscando compreender esses conceitos essenciais no direito, veio ao lugar certo.

Neste artigo, vamos desvendar o mistério por trás desses termos e explicar suas diferenças cruciais. A transferência de posse é um aspecto fundamental em muitos casos jurídicos, e compreender as nuances entre o constituto possessório e a traditio brevi manu é crucial para lidar com questões de propriedade e posse de forma eficaz.

O Que é Constituto Possessório?

Para iniciar nossa jornada, é fundamental compreender o que exatamente constitui o constituto possessório. Este termo refere-se a um tipo de transferência de posse que ocorre quando o proprietário de um bem cede a posse direta a outra pessoa, mas continua a ser o proprietário legal. Em outras palavras, o detentor do bem passa a deter a posse, mas não a propriedade.

Exemplos de Constituto Possessório:

  • Imagine um proprietário de um imóvel que deseja alugar sua casa. Ao firmar um contrato de locação, ele cede a posse da casa ao locatário, mas continua a ser o proprietário legal do imóvel.
  • Suponha que você deseja vender sua empresa para um comprador interessado. Tradicionalmente, em uma transação comercial, você entregaria fisicamente todos os ativos da empresa, incluindo documentos, propriedades e outros ativos tangíveis, ao novo proprietário. No entanto, por várias razões, essa entrega física completa pode ser complexa ou inviável.

É aqui que o constituto possessório entra em cena. Em vez de entregar fisicamente todos os ativos, você e o comprador podem celebrar um acordo formal de constituto possessório.

Nesse acordo, ambas as partes reconhecem a transferência da posse dos ativos da empresa para o comprador, sem a necessidade de entregar fisicamente cada documento ou ativo. Isso agiliza o processo de transferência de propriedade e posse.

No exemplo acima, o constituto possessório desempenha um papel crucial ao permitir a transferência virtual de posse e assegurar que os direitos e obrigações das partes sejam claramente definidos em um contrato.

É importante notar que o constituto possessório não transfere a propriedade legal do bem em questão, apenas a posse. A propriedade ainda pertence ao possuidor anterior até que a transferência de propriedade seja formalizada por meio de um contrato ou acordo específico

 

O que é Traditio Brevi Manu?

Agora que entendemos o constituto possessório, vamos explorar o conceito de traditio brevi manu. Este termo é utilizado quando o detentor de um bem que possui a posse indireta decide transferir a posse direta ao novo detentor. Nesse caso, o detentor anterior continua a ser o proprietário legal do bem.

Exemplo de Traditio Brevi Manu:

    • Suponha que um inquilino, que possui a posse indireta de um imóvel, venda seus direitos de locação a outro indivíduo. O novo detentor agora tem a posse direta do imóvel, mas o proprietário legal permanece o mesmo.

 

Qual a Diferença Entre Constituto Possessório e Traditio Brevi Manu?

A principal diferença entre o constituto possessório e a traditio brevi manu está na direção da transferência de posse e na continuidade da propriedade legal. No constituto possessório, o proprietário legal cede a posse direta a outra pessoa, mantendo a propriedade legal do bem.

Por outro lado, na traditio brevi manu, a transferência ocorre do detentor indireto para o detentor direto, com o proprietário legal permanecendo o mesmo. Essas distinções são cruciais em casos legais envolvendo propriedade, locação, e outros direitos de posse.

4 requisitos para caracterizar o constituto possessório

  1. Transferência da posse indireta
    O antigo possuidor passa a exercer a posse em nome de outro, reconhecendo a titularidade alheia.

  2. Mudança da natureza da posse
    A posse direta substitui a posse plena, mediante ajuste entre as partes.

  3. Acordo formal ou tácito
    O constituto pode ser formalizado por contrato (ex: contrato de locação) ou por outro meio que demonstre a nova relação jurídica.

  4. Intenção inequívoca
    Deve haver intenção clara de alterar o título da posse, evitando conflitos futuros.

Cláusula Constituti: O que é?

É importante mencionar que, em muitos casos de constituto possessório, a transferência de posse é formalizada por meio de uma cláusula constituti, que estabelece as condições e os termos da transferência. Esta cláusula é fundamental para garantir que ambas as partes envolvidas entendam suas responsabilidades e direitos.

Tradição Ficta: O que é, e como ocorre?

Além disso, é interessante mencionar a tradição ficta, que é uma abordagem específica de transferência de posse em que a lei presume que a posse direta foi transferida, mesmo que não tenha ocorrido uma transferência física do bem. Isso pode ser relevante em casos em que a posse é transferida de forma simbólica.

Em resumo, o constituto possessório e a traditio brevi manu são conceitos cruciais para compreender a transferência de posse no direito. Enquanto o constituto possessório envolve a transferência da posse direta mantendo a propriedade legal, a traditio brevi manu implica na transferência da posse direta de um detentor indireto para um detentor direto, sem alterar a propriedade legal.

Para lidar eficazmente com casos jurídicos que envolvam esses conceitos, é fundamental contar com o apoio de advogados especializados em direito de propriedade e posse. Se você precisa de orientação jurídica, não hesite em entrar em contato conosco. Nossos especialistas estão prontos para ajudar.

Legitimidade para Firmar o Contrato Constituto

Para que o contrato constituto (ou constitutivo de locação) seja válido, ambas as partes devem possuir legitimidade conformada à lei: o locador deve ser titular do imóvel (proprietário, usufrutuário ou possuidor legítimo), e o locatário, maior de idade ou representado legalmente. Se houver imóvel indiviso ou fruto de união estável, é recomendável que todos os titulares estejam de acordo e assinem o constituto, evitando futuras disputas ou nulidades.

Além disso, a regularidade dos documentos — como escritura, matrícula atualizada e certidões negativas — é essencial. A ausência deles pode comprometer a validade do contrato constituto e possibilitar a alegação de vício de consentimento por parte da outra parte, revertendo obrigações. Assim, uma análise documental completa antes da assinatura confere segurança jurídica ao negócio.

Determinação do Objeto e Destinação do Imóvel no Constituto

O contrato constituto deve conter descrição clara e completa do imóvel — endereço, metragens, divisão interna e eventuais dependências — para evitar divergências interpretativas. Além disso, especificar a destinação do imóvel (residencial, comercial, profissional, industrial) no contrato permite delimitar adequadamente direitos, deveres, tributos, seguros e responsabilidades civis específicas ao uso pretendido.

Essa precisão é ainda mais importante quando há benfeitorias ou adaptações previstas. O constituto pode detalhar, por exemplo, a responsabilidade pela reforma, prazo de execução, padrão de qualidade e indenização ao final do contrato. Sem essas definições, surgem conflitos sobre quem pagará o quê, se a obra será revertida ao imóvel e como será tratada na desocupação.

Prazos Iniciais e Possibilidade de Prorrogação no Contrato Constituto

Ao redigir o contrato constituto, é crucial definir o prazo inicial da locação, com indicação de datas de início e término. Isso evita ambiguidades e conflitos sobre vigência legal. Mesmo que seja locação por prazo indeterminado, recomenda-se registrar quando começa o relacionamento jurídico, pois isso define, por exemplo, prazos para notificação de despejo ou possibilidade de renovação compulsória.

Também vale prever condições de prorrogação — automática, mediante notificação ou mediante assinatura de termo aditivo — para evitar lacunas contratuais ao término do prazo. A falta de previsão sobre prorrogação no constituto pode levar à ocupação que se configura como prorrogação tácita, dificultando ajustes posteriores no aluguel, garantias e outros termos contratuais.

Perguntas frequentes sobre Constituto Possessório

O que é constituto possessório?
É a mudança da posse de plena para direta, sem que o bem saia fisicamente das mãos do antigo possuidor.

Quando ocorre o constituto possessório?
Geralmente em casos de venda com cláusula de locação, onde o vendedor permanece como inquilino.

Precisa de contrato para valer?
O ideal é formalizar por escrito, mas pode ser reconhecido judicialmente se houver provas claras.

Qual a importância prática do constituto possessório?
Evita litígios sobre a posse e assegura direitos ao novo proprietário, especialmente em disputas judiciais.

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Referências:

  1. MPV nº 2.160‑23/2001 (antiga) menciona expressamente o “constituto possessório” e estabelece regras sobre especificação e conservação dos bens até liquidação da obrigação.

  2. Código Civil (Decreto‑Lei nº 3.071/1916) – estabelece em seu art. V os efeitos do constituto possessório, inclusive perda da posse em certos casos.

  3. Lei nº 10.931/2004 – embora trate principalmente de patrimônio de afetação e CCI, é legislação federal relevante ao contexto imobiliário.

  4. Decreto nº 31.975/2008 (PE) – regula cessão e locação de imóveis públicos no Estado de Pernambuco, pertinente para contratos com constituto possessório envolvendo bens estatais.

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Dr tiago Reis

Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557

Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.

Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.

Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.

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