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Assédio Moral no Meio Militar: O Que É e Quais os Direitos?

Militares também têm proteção contra assédio moral. Entenda o que caracteriza esse abuso, como denunciar e quais direitos você pode exigir.

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Assédio Moral no Meio Militar: O Que É e Quais São Seus Direitos

O que caracteriza o assédio moral no ambiente militar?

Assédio moral é toda conduta repetitiva e prolongada que atenta contra a dignidade ou integridade psíquica de um militar.
No meio militar, essa prática se expressa em humilhações, isolamento, ordens abusivas e críticas constantes sem fundamentação técnica.
A rigidez hierárquica não justifica comportamentos ofensivos: quando a disciplina se torna pretexto para atos degradantes, configura-se o assédio.

Esse tipo de conduta cria um clima de medo, afeta a coesão de grupo e compromete a saúde mental de toda a tropa.
Diferenciar disciplina legítima de instruções profissionais das humilhações sistemáticas é o primeiro passo para proteger seus direitos.

Diferença entre hierarquia e abuso de autoridade

A hierarquia militar pressupõe disciplina, respeito e obediência a ordens legais.
Já o abuso de autoridade ocorre quando oficiais extrapolam essas prerrogativas, impondo punições, privações ou humilhações sem respaldo normativo.

  • Hierarquia: ordenamento funcional e cadeia de comando.
  • Abuso de autoridade: exercício arbitrário do poder, com ofensa à integridade moral.
  • Assédio moral: repetição de condutas que constrangem e intimidam.

Comportamentos que podem ser considerados assédio moral militar

  • Insultos, apelidos depreciativos ou xingamentos em público;
  • Exclusão de atividades, treinamentos ou palestras decisivas;
  • Atribuição sistemática de tarefas sem sentido ou excessivas;
  • Repreensões constantes por falhas mínimas, sem orientação construtiva;
  • Retirada de benefícios, como diárias ou progressão de carreira, sem justificativa.

Esses atos, praticados de forma reiterada, rompem a boa-fé e ferem o Estatuto dos Militares, que veda penalidades sem base em norma regulamentar.
Tiago EC

Por que o assédio moral afeta a saúde física e mental da tropa

A exposição contínua a críticas destrutivas e humilhações gera ansiedade, insônia e queda de desempenho.
A médio prazo, surgem estresse crônico, depressão e até sintomas de transtorno pós-traumático.

O ambiente hostil enfraquece o espírito de corpo, prejudica a coesão e pode motivar afastamentos médicos e perda de eficiência operacional.

Quem pode ser responsabilizado por assédio moral nas Forças Armadas?

Oficiais, comandantes de unidade, chefes de seção e superiores hierárquicos que pratiquem ou determinem atos de assédio podem responder penal e administrativamente.
A omissão de quem presencia esses atos sem intervir também gera responsabilidade.

O que fazer ao sofrer assédio moral no quartel ou em unidades militares

  • Registrar o ocorrido por escrito, relatando data, hora, local e testemunhas;
  • Solicitar formalmente testemunhos de colegas que presenciaram os fatos;
  • Protocolar reclamação administrativa junto à Chefia de Pessoal ou Ouvidoria;
  • Buscar apoio psicológico no serviço de saúde militar;
  • Consultar advogado especializado em direito militar para orientação jurídica.

É possível denunciar o assédio moral de forma anônima?

Sim. As Forças Armadas oferecem canais sigilosos via Ouvidoria Geral do Comando e e-SIC.
Mesmo anonimamente, a denúncia precisa conter informações mínimas para viabilizar investigação.

Como proteger provas e testemunhos em caso de assédio no meio militar

  • Salvar mensagens, e-mails e rádios que contenham ofensas;
  • Gravar, quando permitido, conversas ou situações de humilhação;
  • Reunir declarações por escrito de quem presenciou os atos;
  • Fazer boletim de ocorrência civil em caso de crime de ameaça;
  • Notificar formalmente o comando via ofício registrado.
Assédio moral e transgressão disciplinar: quais são as consequências?

O assediador pode ser punido com repreensão, detenção disciplinar, perda de posto ou exclusão do serviço ativo, conforme o Estatuto dos Militares (Lei nº 6.880/1980).
Também pode responder por constrangimento ilegal (art. 146 do Código Penal Militar).

Existe assédio moral contra superiores? Entenda a reciprocidade da lei

A lei protege qualquer patamar hierárquico. Oficiais podem sofrer assédio quando subordinados invadem sua esfera moral ou reputação.
Nesses casos, a denúncia segue os mesmos trâmites, com o apoio do comando ou corregedor.

Qual é a legislação aplicável ao assédio moral militar?
  • Estatuto dos Militares (Lei nº 6.880/1980);
  • Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969);
  • Regulamentos internos de disciplina de cada Força;
  • Convenção 190 da OIT, ratificada pelo Brasil.

Tiago CA

Qual o papel do advogado na defesa de militares vítimas de assédio

O advogado orienta sobre procedimentos administrativos, representa em sindicâncias, ajuíza mandado de segurança ou ação indenizatória.
Ele preserva provas e faz sustentação oral em órgãos de Justiça Militar.

Reparação por danos morais: é possível receber indenização?

Sim. Militares podem pleitear indenização por danos morais na Justiça Federal ou em tribunais militares.
Os valores variam conforme gravidade, repercussão e provas apresentadas.

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🏛 Referências Legislativas e Jurídicas Oficiais

  • Lei nº 6.880/1980 – Estatuto dos Militares – Define hierarquia e disciplina como pilares institucionais, sem admitir abuso de poder. L6880/1980
  • Projeto de Lei 2876/2015 – Propõe criminalização do assédio moral no Código Penal Militar. PL 2876/2015
  • Projeto de Lei 4752/2024 – Tipifica assédio moral militar como crime punível com até 3 anos. PL 4752/2024
  • Resolução STM nº 333/2023 – Política de prevenção ao assédio na Justiça Militar da União. Resolução STM
  • Código Penal Militar – arts. 175 e 176 – Trata de ofensa a inferior e abuso de autoridade. CPM

🔗 Referências

  1. Lei 6.880/1980 – Estatuto dos Militares
  2. PL 2876/2015 – Criminalização do assédio moral militar
  3. PL 4752/2024 – Crime definido no CPM
  4. Resolução STM 333/2023 – Política interna da JMU
  5. CPM – arts. 175 e 176 (ofensa a inferior e abuso)
como agir diante do assédio moral no meio militar e onde buscar apoio

Reconhecer o assédio moral é o primeiro passo para romper o silêncio. Documente tudo, use canais administrativos e conte com ajuda jurídica.

As Forças Armadas dispõem de Ouvidoria, Serviço Psicossocial e Procuradorias, além do apoio de advogados especializados.
Disciplina não é sinônimo de autoritarismo: seus direitos são garantidos pela lei.

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dr tiago militar

Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557

Advogado especializado em ações que envolvem militares há mais de 12 anos, ex-2º Sargento da Polícia Militar e Diretor do Centro de Apoio aos Policiais e Bombeiros Militares de Pernambuco. Atuou em mais de 3039 processos em defesa da categoria, obtendo absolvições em PADs, processos de licenciamento e conselhos de disciplina.

Criou teses relevantes, como o Ação do Soldo Mínimo, Auxílio-transporte, Promoção Decenal da Guarda e Fluxo Constante de Promoção por Antiguidade.
Foi professor de legislação policial e sindicante em diversos processos administrativos. Pós-graduado em Direito Constitucional e Processual, com MBA em Gestão Empresarial, é referência na luta por melhores condições jurídicas e de trabalho aos militares.

Atualmente, também é autor de artigos e e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.

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