Este artigo foi elaborado para responder de forma clara, objetiva e profunda a essa e a outras perguntas relevantes sobre o tema. Você vai entender:
- O que significa aposentadoria por incapacidade quando decorrente de artrite reumatoide;
- Quais são os requisitos legais exigidos pelo INSS para concessão do benefício;
- Passo a passo completo de como dar entrada no pedido;
- Os documentos que você precisa juntar para aumentar suas chances de aprovação;
- O que fazer se seu pedido for negado;
- Como recorrer e o papel de um advogado nessa jornada;
- Perguntas frequentes com respostas detalhadas.
Se você ou um familiar está enfrentando limitações no trabalho por causa da artrite reumatoide, este conteúdo vai ajudá‑lo a compreender seus direitos, preparar um pedido sólido e saber como agir diante de qualquer obstáculo.
Logo no início, vamos esclarecer um ponto essencial: a simples presença de artrite reumatoide não garante aposentadoria automática. O que importa para o INSS é a incapacidade permanente para o trabalho que essa condição causa. E é justamente isso que vamos explicar agora.
O que é a aposentadoria por artrite reumatoide?
A aposentadoria por artrite reumatoide refere‑se à aposentadoria por incapacidade permanente que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode conceder a um segurado quando a doença incapacita de forma irreversível sua capacidade de trabalho.
Na legislação previdenciária, não existe um benefício com esse nome específico, mas sim a aposentadoria por incapacidade permanente — anteriormente chamada de aposentadoria por invalidez. Essa modalidade de aposentadoria é prevista nos artigos 42 e 43 da Lei nº 8.213/91 e se aplica quando o segurado não pode desempenhar nenhuma atividade laborativa que lhe proporcione sustento devido a uma condição de saúde grave e irreversível.
A artrite reumatoide é classificada como uma doença autoimune, crônica e muitas vezes progressiva, que incide principalmente sobre articulações, causando dor crônica, rigidez, deformidade e limitações funcionais que podem comprometer atividades simples do dia a dia.
Quando esses efeitos se tornam incapacitantes, a legislação pode reconhecer o direito à aposentadoria por incapacidade.
Por que a aposentadoria não é automática?
Não basta ter o diagnóstico de artrite reumatoide para que o benefício seja automaticamente concedido. O que o INSS e a legislação exigem é:
- Comprovação de incapacidade total e permanente para o trabalho;
- Demonstração de que essa incapacidade impossibilita qualquer atividade lucrativa compatível com seu histórico profissional;
- Comprovação de tempo de contribuição e qualidade de segurado, conforme regras específicas.
Ou seja, a aposentadoria depende de uma avaliação médica criteriosa e da demonstração de que a condição incapacitante impede qualquer possibilidade de gerar renda por meio do trabalho.
É possível pedir aposentadoria por sofrer de artrite reumatoide?
Sim. É perfeitamente possível solicitar a aposentadoria por incapacidade permanente com base na artrite reumatoide, desde que sejam comprovados os seguintes requisitos essenciais:
Qualidade de segurado
Você precisa estar inscrito no INSS e ter mantido a qualidade de segurado — ou seja, estar contribuindo ou estar no período de graça (quando não contribui, mas ainda mantém os direitos por um tempo determinado após a última contribuição).
Tempo de contribuição e carência
A aposentadoria por incapacidade permanente exige carência mínima de contribuições, salvo em casos específicos como acidente de trabalho e algumas doenças graves previstas em lei. Em geral, o segurado deve ter um número mínimo de contribuições mensais para habilitar‑se ao benefício, salvo exceções legais.
Incapacidade total e permanente
O critério mais definitivo é a incapacidade total e permanente para o trabalho. Essa incapacidade precisa ser constatada por meio de perícia médica realizada pelo INSS. O perito analisará:
- Documentos médicos e relatórios;
- Exames clínicos, laboratoriais e de imagem;
- Capacidade funcional;
- Possibilidade de reabilitação.
Se a perícia médica definir que a artrite reumatoide causa incapacidade total e sem possibilidade de reabilitação para atividade laborativa, a aposentadoria será concedida.
Limitações funcionais
A incapacidade não consiste apenas em sentir dor ou desconforto. O perito avalia se a doença:
- Impede o segurado de realizar movimentos essenciais ao trabalho;
- Limita funções motoras de forma permanente;
- Afeta significativamente atividades básicas da vida cotidiana.
Somente a demonstração clara dessa limitação funcional fará com que o benefício seja concedido.
Como dar entrada na aposentadoria por artrite reumatoide?
O processo de pedir a aposentadoria por incapacidade permanente — quando baseada na artrite reumatoide — exige organização documental, comprovação médica robusta e atenção aos detalhes exigidos pelo INSS. Abaixo está um passo a passo completo para ajudá‑lo nessa etapa crucial.
Passo a passo e documentos necessários
- Verifique sua situação junto ao INSS
Antes de tudo, consulte seu extrato no portal Meu INSS para confirmar:
- Se a qualidade de segurado está ativa;
- Quantas contribuições você realizou;
- Se há algum benefício em andamento.
Essa checagem inicial evita surpresas quando você solicitar a aposentadoria.
- Reúna a documentação pessoal
Separe:
- RG, CPF e comprovante de endereço;
- Carteira de trabalho ou comprovantes de atividade profissional;
- Número do PIS/PASEP ou NIT.
Esses documentos serão exigidos em todas as etapas do processo.
- Comprove suas contribuições
Você precisa apresentar o extrato do CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), que demonstra suas contribuições ao longo da vida laboral. Se houver inconsistências, providencie correções antes de dar entrada no pedido.
- Documentação médica detalhada
Esta é a parte mais importante. A documentação médica deve ser precisa, atualizada e capaz de demonstrar:
- Diagnóstico claro de artrite reumatoide;
- Exames laboratoriais que comprovem a condição;
- Exames de imagem que indiquem danos articulares;
- Relatórios clínicos explicando limitações funcionais;
- Histórico de tratamentos utilizados e suas respostas.
Quanto mais detalhado e técnico for esse material, maiores as chances de êxito.
- Agendamento da perícia médica
O pedido é feito por meio do portal Meu INSS (meu.inss.gov.br) ou pelo telefone 135. Após a formalização do pedido, você deve agendar a perícia médica, que será decisiva para análise de incapacidade.
- Comparecimento à perícia
No dia da perícia:
- Leve todos os documentos médicos que comprovem sua condição;
- Explique sua rotina, limitações e como a artrite reumatoide impacta suas atividades;
- Seja honesto e objetivo nas informações.
O perito fará uma avaliação clínica que será determinante para a decisão do benefício.
- Acompanhamento da decisão
Após a realização da perícia, o INSS analisará o laudo pericial e emitirá uma decisão. Essa decisão pode conceder o benefício ou indeferi‑lo, caso entenda que não há incapacidade total ou que a documentação é insuficiente.
O que fazer se minha aposentadoria for negada?
Infelizmente, muitos pedidos de aposentadoria por incapacidade — incluindo aqueles baseados na artrite reumatoide — acabam sendo negados em um primeiro momento. Isso pode ocorrer por diversos motivos, entre eles:
- Laudos médicos sem detalhamento funcional;
- Exames desatualizados ou sem clareza;
- Falta de comprovação de incapacidade total;
- Falhas no preenchimento de formulários.
O que fazer nessa situação?
Leia atentamente o motivo da negativa
O INSS é obrigado a informar os motivos pelos quais o benefício foi negado. Analise essa justificativa com cuidado, pois ela guiará seus próximos passos.
Reúna documentação complementar
Em muitos casos, a negativa ocorre por falta de documentos ou por ausência de elementos que demonstrem incapacidade de forma clara. Se esse for o caso, reúna novos relatórios, exames e laudos mais recentes.
Faça um recurso administrativo
Você tem o direito de recorrer da decisão dentro de um prazo legal. O recurso é apresentado no próprio Meu INSS e deve conter:
- Argumentação jurídica clara;
- Documentos novos que comprovem incapacidade;
- Fundamentação técnica elaborada.
Um recurso bem estruturado pode reverter a negativa sem necessidade de ação judicial.
Posso recorrer?
Sim. Após a negativa, é possível apresentar um recurso administrativo ao INSS no prazo de até 30 dias a partir da ciência da decisão.
Como funciona o recurso
O recurso deve ser apresentado no portal Meu INSS, acompanhando:
- Relatórios médicos atualizados;
- Pareceres ou laudos complementares;
- Argumentação fundamentada sobre a incapacidade causada pela artrite reumatoide.
O objetivo é convencer o revisor do INSS de que a incapacidade ficou devidamente demonstrada, suprindo eventuais lacunas do pedido inicial.
Quando é necessária a via judicial
Se o recurso administrativo também for negado, ainda há a possibilidade de ingressar com uma ação na Justiça Federal contra o INSS. Nesse caso, o processo é conduzido por um advogado, e o juiz pode determinar uma perícia judicial para avaliar a incapacidade de forma independente.
De que forma um advogado pode te ajudar nesses casos?
A atuação de um advogado especializado em Direito Previdenciário faz toda a diferença na busca pela aposentadoria por incapacidade devido à artrite reumatoide.
Avaliação jurídica precisa
Um advogado experiente pode avaliar se você realmente preenche os requisitos legais antes mesmo de iniciar o processo, evitando erros que levam a negativas desnecessárias.
Organização de documentos médicos
Profissionais qualificados sabem quais documentos têm maior peso, como apresentá‑los e como descrever tecnicamente as limitações, aumentando a chance de concessão.
Formulação de recursos
A parte escrita de um recurso administrativo ou petição judicial precisa ser tecnicamente sólida, com fundamentos legais e jurisprudenciais que comprovem seu direito.
Representação judicial
Caso o benefício seja negado mesmo após recurso, o advogado pode propor ação judicial, acompanhando todas as fases do processo até o julgamento final.
Como a perícia médica avalia a artrite reumatoide
A perícia médica do INSS é o momento mais decisivo do pedido. O perito vai analisar:
- Exames e relatórios apresentados;
- Limitações funcionais;
- Possibilidade de reabilitação para outra atividade;
- Grau de incapacidade.
A análise pericial não se baseia apenas em diagnóstico, mas sobretudo em como a doença impacta a capacidade de trabalho.
Jurisprudência e princípios aplicáveis
A jurisprudência dos Tribunais e os princípios constitucionais reforçam a proteção previdenciária ao segurado incapacitado. Entre os princípios mais relevantes estão:
- Princípio da dignidade da pessoa humana;
- Princípio da proteção social ampliada;
- Princípio da interpretação mais favorável ao segurado.
Esses princípios fortalecem a argumentação em recursos administrativos e judiciais.
Exemplos práticos de casos com artrite reumatoide
Caso 1: Trabalhador com limitações severas
Um trabalhador de 55 anos, trabalhou 30 anos como operador de máquinas. A artrite reumatoide o impedia de se levantar, caminhar longas distâncias e manipular ferramentas. Mesmo após tratamento, a incapacidade foi constatada pela perícia e o benefício foi concedido.
Caso 2: Escritora com incapacidade funcional progressiva
Uma trabalhadora de 49 anos, era escritora e passou a ter limitações para digitar, reduziram sua produtividade e renda. Laudos detalhados e exames complementares demonstraram incapacidade funcional e a aposentadoria foi deferida após recurso bem fundamentado.
Saiba seus direitos
A concessão da aposentadoria por incapacidade permanente em razão de artrite reumatoide depende de comprovação robusta de incapacidade para o trabalho, organização documental e estratégia jurídica adequada. A atuação de um advogado especializado potencializa significativamente suas chances de êxito.
No Reis Advocacia, acompanhamos casos de segurados com doenças incapacitantes e já ajudamos dezenas de pessoas a conquistarem seus direitos previdenciários. Se você enfrenta limitações laborativas por causa da artrite reumatoide, fale com nossos especialistas e obtenha orientação jurídica sólida.
Consulte também nossos outros artigos sobre benefícios por incapacidade e direitos previdenciários para ampliar seu conhecimento.
Perguntas frequentes sobre o tema
- Artrite reumatoide garante aposentadoria automática?
Não. É necessária a comprovação de incapacidade total e permanente para o trabalho.
- É preciso ter um número mínimo de contribuições?
Sim, salvo em situações específicas previstas em lei.
- O que a perícia considera?
Limitações funcionais e impacto da doença no trabalho.
- Posso recorrer se tiver pedido negado?
Sim, tanto na esfera administrativa quanto judicial.
- Onde faço o pedido?
Pelo portal Meu INSS ou telefone 135.
- O tratamento pode ser avaliado?
Sim, histórico de tratamento e resposta impactam a análise.
- Exames antigos são válidos?
Podem ajudar, mas exames recentes têm maior peso.
- A aposentadoria por incapacidade pode mudar?
Sim, o INSS pode revisar o benefício caso identifique melhora.
- Preciso de advogado?
Não é obrigatório, mas aumenta as chances de sucesso.
- Quais princípios ajudam na argumentação?
Princípio da dignidade, proteção social e favorabilidade ao segurado.
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Referências:
STJ – Súmula 278: termo inicial da prescrição é a data da ciência inequívoca da incapacidade laboral
A súmula da Corte Superior afirma de forma clara que a prescrição em ações indenizatórias por doença ocupacional começa a contar quando o trabalhador tem ciência inequívoca da incapacidade.
Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557
Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.
Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.
Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.




