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Aposentadoria por artrite reumatoide: Saiba mais

Saiba como a artrite reumatoide pode ser considerada para fins de aposentadoria por incapacidade, veja quando é possível pedir o benefício.

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A artrite reumatoide é uma condição inflamatória crônica que afeta milhões de brasileiros e que pode prejudicar de forma significativa a capacidade laborativa. Quando essa doença progressiva torna o trabalho impossível, muitos segurados se veem diante de uma dúvida crucial: existe aposentadoria por artrite reumatoide?

Este artigo foi elaborado para responder de forma clara, objetiva e profunda a essa e a outras perguntas relevantes sobre o tema. Você vai entender:

  • O que significa aposentadoria por incapacidade quando decorrente de artrite reumatoide;
  • Quais são os requisitos legais exigidos pelo INSS para concessão do benefício;
  • Passo a passo completo de como dar entrada no pedido;
  • Os documentos que você precisa juntar para aumentar suas chances de aprovação;
  • O que fazer se seu pedido for negado;
  • Como recorrer e o papel de um advogado nessa jornada;
  • Perguntas frequentes com respostas detalhadas.

Se você ou um familiar está enfrentando limitações no trabalho por causa da artrite reumatoide, este conteúdo vai ajudá‑lo a compreender seus direitos, preparar um pedido sólido e saber como agir diante de qualquer obstáculo.

Logo no início, vamos esclarecer um ponto essencial: a simples presença de artrite reumatoide não garante aposentadoria automática. O que importa para o INSS é a incapacidade permanente para o trabalho que essa condição causa. E é justamente isso que vamos explicar agora.

marcela EC

O que é a aposentadoria por artrite reumatoide?

A aposentadoria por artrite reumatoide refere‑se à aposentadoria por incapacidade permanente que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode conceder a um segurado quando a doença incapacita de forma irreversível sua capacidade de trabalho.

Na legislação previdenciária, não existe um benefício com esse nome específico, mas sim a aposentadoria por incapacidade permanente — anteriormente chamada de aposentadoria por invalidez. Essa modalidade de aposentadoria é prevista nos artigos 42 e 43 da Lei nº 8.213/91 e se aplica quando o segurado não pode desempenhar nenhuma atividade laborativa que lhe proporcione sustento devido a uma condição de saúde grave e irreversível.

A artrite reumatoide é classificada como uma doença autoimune, crônica e muitas vezes progressiva, que incide principalmente sobre articulações, causando dor crônica, rigidez, deformidade e limitações funcionais que podem comprometer atividades simples do dia a dia.

Quando esses efeitos se tornam incapacitantes, a legislação pode reconhecer o direito à aposentadoria por incapacidade.

Por que a aposentadoria não é automática?

Não basta ter o diagnóstico de artrite reumatoide para que o benefício seja automaticamente concedido. O que o INSS e a legislação exigem é:

  1. Comprovação de incapacidade total e permanente para o trabalho;
  2. Demonstração de que essa incapacidade impossibilita qualquer atividade lucrativa compatível com seu histórico profissional;
  3. Comprovação de tempo de contribuição e qualidade de segurado, conforme regras específicas.

Ou seja, a aposentadoria depende de uma avaliação médica criteriosa e da demonstração de que a condição incapacitante impede qualquer possibilidade de gerar renda por meio do trabalho.

É possível pedir aposentadoria por sofrer de artrite reumatoide?

Sim. É perfeitamente possível solicitar a aposentadoria por incapacidade permanente com base na artrite reumatoide, desde que sejam comprovados os seguintes requisitos essenciais:

Qualidade de segurado

Você precisa estar inscrito no INSS e ter mantido a qualidade de segurado — ou seja, estar contribuindo ou estar no período de graça (quando não contribui, mas ainda mantém os direitos por um tempo determinado após a última contribuição).

Tempo de contribuição e carência

A aposentadoria por incapacidade permanente exige carência mínima de contribuições, salvo em casos específicos como acidente de trabalho e algumas doenças graves previstas em lei. Em geral, o segurado deve ter um número mínimo de contribuições mensais para habilitar‑se ao benefício, salvo exceções legais.

Incapacidade total e permanente

O critério mais definitivo é a incapacidade total e permanente para o trabalho. Essa incapacidade precisa ser constatada por meio de perícia médica realizada pelo INSS. O perito analisará:

  • Documentos médicos e relatórios;
  • Exames clínicos, laboratoriais e de imagem;
  • Capacidade funcional;
  • Possibilidade de reabilitação.

Se a perícia médica definir que a artrite reumatoide causa incapacidade total e sem possibilidade de reabilitação para atividade laborativa, a aposentadoria será concedida.

Limitações funcionais

A incapacidade não consiste apenas em sentir dor ou desconforto. O perito avalia se a doença:

  • Impede o segurado de realizar movimentos essenciais ao trabalho;
  • Limita funções motoras de forma permanente;
  • Afeta significativamente atividades básicas da vida cotidiana.

Somente a demonstração clara dessa limitação funcional fará com que o benefício seja concedido.

Como dar entrada na aposentadoria por artrite reumatoide?

O processo de pedir a aposentadoria por incapacidade permanente — quando baseada na artrite reumatoide — exige organização documental, comprovação médica robusta e atenção aos detalhes exigidos pelo INSS. Abaixo está um passo a passo completo para ajudá‑lo nessa etapa crucial.

Passo a passo e documentos necessários

  1. Verifique sua situação junto ao INSS

Antes de tudo, consulte seu extrato no portal Meu INSS para confirmar:

  • Se a qualidade de segurado está ativa;
  • Quantas contribuições você realizou;
  • Se há algum benefício em andamento.

Essa checagem inicial evita surpresas quando você solicitar a aposentadoria.

  1. Reúna a documentação pessoal

Separe:

  • RG, CPF e comprovante de endereço;
  • Carteira de trabalho ou comprovantes de atividade profissional;
  • Número do PIS/PASEP ou NIT.

Esses documentos serão exigidos em todas as etapas do processo.

  1. Comprove suas contribuições

Você precisa apresentar o extrato do CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), que demonstra suas contribuições ao longo da vida laboral. Se houver inconsistências, providencie correções antes de dar entrada no pedido.

  1. Documentação médica detalhada

Esta é a parte mais importante. A documentação médica deve ser precisa, atualizada e capaz de demonstrar:

  • Diagnóstico claro de artrite reumatoide;
  • Exames laboratoriais que comprovem a condição;
  • Exames de imagem que indiquem danos articulares;
  • Relatórios clínicos explicando limitações funcionais;
  • Histórico de tratamentos utilizados e suas respostas.

Quanto mais detalhado e técnico for esse material, maiores as chances de êxito.

  1. Agendamento da perícia médica

O pedido é feito por meio do portal Meu INSS (meu.inss.gov.br) ou pelo telefone 135. Após a formalização do pedido, você deve agendar a perícia médica, que será decisiva para análise de incapacidade.

  1. Comparecimento à perícia

No dia da perícia:

  • Leve todos os documentos médicos que comprovem sua condição;
  • Explique sua rotina, limitações e como a artrite reumatoide impacta suas atividades;
  • Seja honesto e objetivo nas informações.

O perito fará uma avaliação clínica que será determinante para a decisão do benefício.

  1. Acompanhamento da decisão

Após a realização da perícia, o INSS analisará o laudo pericial e emitirá uma decisão. Essa decisão pode conceder o benefício ou indeferi‑lo, caso entenda que não há incapacidade total ou que a documentação é insuficiente.

O que fazer se minha aposentadoria for negada?

Infelizmente, muitos pedidos de aposentadoria por incapacidade — incluindo aqueles baseados na artrite reumatoide — acabam sendo negados em um primeiro momento. Isso pode ocorrer por diversos motivos, entre eles:

  • Laudos médicos sem detalhamento funcional;
  • Exames desatualizados ou sem clareza;
  • Falta de comprovação de incapacidade total;
  • Falhas no preenchimento de formulários.

O que fazer nessa situação?

marcela FA

Leia atentamente o motivo da negativa

O INSS é obrigado a informar os motivos pelos quais o benefício foi negado. Analise essa justificativa com cuidado, pois ela guiará seus próximos passos.

Reúna documentação complementar

Em muitos casos, a negativa ocorre por falta de documentos ou por ausência de elementos que demonstrem incapacidade de forma clara. Se esse for o caso, reúna novos relatórios, exames e laudos mais recentes.

Faça um recurso administrativo

Você tem o direito de recorrer da decisão dentro de um prazo legal. O recurso é apresentado no próprio Meu INSS e deve conter:

  • Argumentação jurídica clara;
  • Documentos novos que comprovem incapacidade;
  • Fundamentação técnica elaborada.

Um recurso bem estruturado pode reverter a negativa sem necessidade de ação judicial.

Posso recorrer?

Sim. Após a negativa, é possível apresentar um recurso administrativo ao INSS no prazo de até 30 dias a partir da ciência da decisão.

Como funciona o recurso

O recurso deve ser apresentado no portal Meu INSS, acompanhando:

  • Relatórios médicos atualizados;
  • Pareceres ou laudos complementares;
  • Argumentação fundamentada sobre a incapacidade causada pela artrite reumatoide.

O objetivo é convencer o revisor do INSS de que a incapacidade ficou devidamente demonstrada, suprindo eventuais lacunas do pedido inicial.

Quando é necessária a via judicial

Se o recurso administrativo também for negado, ainda há a possibilidade de ingressar com uma ação na Justiça Federal contra o INSS. Nesse caso, o processo é conduzido por um advogado, e o juiz pode determinar uma perícia judicial para avaliar a incapacidade de forma independente.

De que forma um advogado pode te ajudar nesses casos?

A atuação de um advogado especializado em Direito Previdenciário faz toda a diferença na busca pela aposentadoria por incapacidade devido à artrite reumatoide.

Avaliação jurídica precisa

Um advogado experiente pode avaliar se você realmente preenche os requisitos legais antes mesmo de iniciar o processo, evitando erros que levam a negativas desnecessárias.

Organização de documentos médicos

Profissionais qualificados sabem quais documentos têm maior peso, como apresentá‑los e como descrever tecnicamente as limitações, aumentando a chance de concessão.

Formulação de recursos

A parte escrita de um recurso administrativo ou petição judicial precisa ser tecnicamente sólida, com fundamentos legais e jurisprudenciais que comprovem seu direito.

Representação judicial

Caso o benefício seja negado mesmo após recurso, o advogado pode propor ação judicial, acompanhando todas as fases do processo até o julgamento final.

Como a perícia médica avalia a artrite reumatoide

A perícia médica do INSS é o momento mais decisivo do pedido. O perito vai analisar:

  • Exames e relatórios apresentados;
  • Limitações funcionais;
  • Possibilidade de reabilitação para outra atividade;
  • Grau de incapacidade.

A análise pericial não se baseia apenas em diagnóstico, mas sobretudo em como a doença impacta a capacidade de trabalho.

Jurisprudência e princípios aplicáveis

A jurisprudência dos Tribunais e os princípios constitucionais reforçam a proteção previdenciária ao segurado incapacitado. Entre os princípios mais relevantes estão:

  • Princípio da dignidade da pessoa humana;
  • Princípio da proteção social ampliada;
  • Princípio da interpretação mais favorável ao segurado.

Esses princípios fortalecem a argumentação em recursos administrativos e judiciais.

Exemplos práticos de casos com artrite reumatoide

Caso 1: Trabalhador com limitações severas

Um trabalhador de 55 anos, trabalhou 30 anos como operador de máquinas. A artrite reumatoide o impedia de se levantar, caminhar longas distâncias e manipular ferramentas. Mesmo após tratamento, a incapacidade foi constatada pela perícia e o benefício foi concedido.

Caso 2: Escritora com incapacidade funcional progressiva

Uma trabalhadora de 49 anos, era escritora e passou a ter limitações para digitar, reduziram sua produtividade e renda. Laudos detalhados e exames complementares demonstraram incapacidade funcional e a aposentadoria foi deferida após recurso bem fundamentado.

Saiba seus direitos

A concessão da aposentadoria por incapacidade permanente em razão de artrite reumatoide depende de comprovação robusta de incapacidade para o trabalho, organização documental e estratégia jurídica adequada. A atuação de um advogado especializado potencializa significativamente suas chances de êxito.

No Reis Advocacia, acompanhamos casos de segurados com doenças incapacitantes e já ajudamos dezenas de pessoas a conquistarem seus direitos previdenciários. Se você enfrenta limitações laborativas por causa da artrite reumatoide, fale com nossos especialistas e obtenha orientação jurídica sólida.

Consulte também nossos outros artigos sobre benefícios por incapacidade e direitos previdenciários para ampliar seu conhecimento.

marcela EC

Perguntas frequentes sobre o tema

  1. Artrite reumatoide garante aposentadoria automática?

Não. É necessária a comprovação de incapacidade total e permanente para o trabalho.

  1. É preciso ter um número mínimo de contribuições?

Sim, salvo em situações específicas previstas em lei.

  1. O que a perícia considera?

Limitações funcionais e impacto da doença no trabalho.

  1. Posso recorrer se tiver pedido negado?

Sim, tanto na esfera administrativa quanto judicial.

  1. Onde faço o pedido?

Pelo portal Meu INSS ou telefone 135.

  1. O tratamento pode ser avaliado?

Sim, histórico de tratamento e resposta impactam a análise.

  1. Exames antigos são válidos?

Podem ajudar, mas exames recentes têm maior peso.

  1. A aposentadoria por incapacidade pode mudar?

Sim, o INSS pode revisar o benefício caso identifique melhora.

  1. Preciso de advogado?

Não é obrigatório, mas aumenta as chances de sucesso.

  1. Quais princípios ajudam na argumentação?

Princípio da dignidade, proteção social e favorabilidade ao segurado.

Leia também:

  1. 5 Direitos que os Diabéticos têm, mas não exercem
    Informativo sobre os direitos previdenciários e assistenciais, incluindo auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, útil para quem enfrenta limitações à capacidade laborativa.

  2. Direito para pessoas com Alzheimer: Isenção de imposto de renda
    Explica o direito à isenção de imposto de renda para quem enfrenta incapacidade mental definitiva, ilustrando como a legislação e a jurisprudência consideram situações de incapacidade prolongada.

Referências:

  1. STJ – Súmula 278: termo inicial da prescrição é a data da ciência inequívoca da incapacidade laboral
    A súmula da Corte Superior afirma de forma clara que a prescrição em ações indenizatórias por doença ocupacional começa a contar quando o trabalhador tem ciência inequívoca da incapacidade.

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Dr tiago Reis

Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557

Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.

Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.

Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.

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