Crime militar é uma situação que pode comprometer não apenas a liberdade, mas também toda a carreira e a vida funcional do militar. Por isso, é essencial conhecer os limites da lei, os direitos assegurados e como se proteger diante de uma acusação.
Muitos militares desconhecem os procedimentos legais da Justiça Militar acabam sendo prejudicados por falta de orientação. Saber como ocorrem as investigações, quais os direitos constitucionais e como funciona o julgamento é o primeiro passo para uma defesa segura.
Neste artigo, vamos explicar o que é considerado crime militar, quais são seus tipos, os direitos do investigado, como funciona a apuração, as consequências de uma condenação e a importância do advogado especializado.
O que é considerado crime militar?
Crime militar é toda infração penal cometida por militar das Forças Armadas ou das polícias militares e corpos de bombeiros militares, definida no CPM e em outras leis quando praticada nas condições previstas em lei. Esses crimes atentam contra a hierarquia, disciplina e interesses das instituições militares.
Nas Forças Armadas, esse julgamento é realizado por um colegiado de juízes militares e um juiz togado. Nos estados, a Justiça Militar estadual tem composição própria.
É importante destacar que a configuração do crime militar não depende apenas do agente ser militar, mas também do contexto da infração, como o local do fato, o serviço desempenhado, e se houve violação de deveres funcionais.
Assim, nem todo crime cometido por militar será, automaticamente, julgado como crime militar. O contexto e a natureza da infração são decisivos para essa caracterização.
Quais os direitos dos investigados em caso de crime militar?
O militar investigado por crime possui uma série de garantias fundamentais asseguradas pela Constituição Federal e pela legislação penal militar. O devido processo legal é princípio essencial para garantir que nenhuma punição ocorra sem observância das regras estabelecidas.
O primeiro direito do investigado é o da ampla defesa e do contraditório. Isso significa que ele tem o direito de conhecer a acusação feita contra si, apresentar sua versão dos fatos, indicar testemunhas e apresentar provas que sustentem sua inocência ou reduzam sua responsabilidade.
Outro direito relevante é o de ser assistido por advogado desde o início da apuração dos fatos. A presença de um defensor especializado é imprescindível para garantir que os procedimentos não violem os direitos do militar, especialmente durante o inquérito policial militar.
Além disso, o militar tem direito ao silêncio e não pode ser obrigado a produzir prova contra si. É assegurado também o acesso a todos os documentos do processo, bem como o direito de recorrer de eventuais decisões desfavoráveis em instâncias superiores.
Garantir esses direitos é essencial para assegurar que o processo seja justo, transparente e compatível com os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e presunção de inocência.
Crime militar: Quais os tipos?
Os crimes militares abrangem diversas condutas que podem afetar o funcionamento regular das corporações, comprometendo a disciplina e a hierarquia. O Código Penal Militar divide os crimes em várias categorias, de acordo com o bem jurídico protegido.
Entre os tipos de crime militar mais frequentes, estão os crimes contra a autoridade, a administração militar e a ordem e serviço. Veja os principais:
Deserção: quando o militar se ausenta injustificadamente da unidade por tempo superior ao legalmente previsto.
Insubordinação: inclui desrespeito, desacato, ameaça ou agressão contra superior hierárquico.
Recusa de obediência: deixar de cumprir ordem direta de superior.
Violência contra inferior: abuso de autoridade ou agressão praticada contra subordinado.
Peculato militar: desvio de bens públicos por militar no exercício da função.
Motim e revolta: participação em movimentos armados ou coletivos que atentem contra a disciplina.
Abandono de posto: deixar, sem permissão, o local de serviço designado.
Falsidade militar: alteração ou falsificação de documento militar com finalidade ilícita.
Cada uma dessas condutas possui penalidades específicas e pode gerar efeitos na vida funcional do militar, como perda de posto, detenção, expulsão ou até reforma.
Como funciona a investigação de um crime militar?
A investigação de um crime militar começa, geralmente, com a instauração do Inquérito Policial Militar (IPM), conduzido pela autoridade competente, como o comandante da unidade ou um oficial designado. Esse procedimento visa apurar a materialidade e autoria do suposto crime.
Durante o IPM, são colhidas provas, ouvidas testemunhas, colhidos depoimentos e reunidos documentos que podem confirmar ou afastar a acusação. Essa fase é sigilosa e preparatória, mas o investigado tem direito de ser ouvido e de se defender.
Encerrado o inquérito, o procedimento é encaminhado ao Ministério Público Militar, que pode oferecer denúncia ou requerer o arquivamento, caso entenda que não há indícios suficientes de autoria ou materialidade.
Com a denúncia aceita pelo juiz militar, tem início o processo penal, que segue com audiência, produção de provas, defesa, debates e, ao final, julgamento. Nas Forças Armadas, esse julgamento é realizado por um colegiado de juízes militares e um juiz togado.
Durante todo esse trâmite, o investigado pode requerer diligências, apresentar defesa técnica, interpor recursos e requerer medidas judiciais para garantir seus direitos, o que torna a atuação do advogado militar ainda mais essencial.
Crime militar: Quais as consequências de uma condenação?
A condenação por crime militar pode gerar consequências graves, tanto na esfera penal quanto na vida funcional do militar. As penas variam conforme a natureza do crime e as circunstâncias em que foi cometido.
A pena mais comum é a de reclusão ou detenção, que pode ser cumprida em unidade militar. O crime doloso contra a vida não é processado na justiça militar (somente o cometido por militar contra militar ou em caso de operação de lei e ordem).
Além da privação de liberdade, o militar condenado pode sofrer sanções administrativas, como a perda da função pública, exclusão das fileiras, cassação de patente ou até mesmo reforma ex officio com proventos proporcionais.
Outro efeito significativo é a perda de direitos políticos enquanto durar os efeitos da condenação, o que impacta diretamente a vida civil do condenado.
A condenação também pode gerar repercussões na vida financeira e social, dificultando o acesso a cargos públicos, aposentadoria ou direitos previdenciários específicos da categoria militar.
Por isso, é fundamental enfrentar o processo com seriedade e respaldo jurídico especializado para evitar ou mitigar os efeitos de uma eventual condenação.
De que forma um advogado especialista atua na defesa de um investigado por crime militar?
O advogado especialista em Direito Militar é o profissional mais preparado para atuar na defesa de militares acusados de crime. Sua atuação começa ainda na fase do inquérito, acompanhando os depoimentos, orientando o cliente e evitando que ele cometa erros que possam comprometer sua defesa.
Durante o processo, o advogado desenvolve uma estratégia jurídica baseada nas provas, na legislação militar e nos precedentes dos tribunais superiores, elaborando peças técnicas como defesa prévia, memoriais, sustentações orais e recursos.
Além disso, o advogado pode atuar em ações administrativas paralelas, como pedidos de reintegração, anulação de atos de exclusão, revisão disciplinar e defesa em conselhos de disciplina.
A atuação especializada também se estende à preservação de direitos funcionais do militar, como aposentadoria, pensão e benefícios, que podem ser comprometidos por uma condenação criminal.
Em casos de prisão preventiva, o advogado pode impetrar habeas corpus para garantir a liberdade do militar até o julgamento, quando for cabível. O acompanhamento técnico é crucial para assegurar um processo justo e evitar condenações indevidas.
O crime militar é um tema que exige atenção redobrada por parte de qualquer militar que esteja sendo investigado ou processado. As consequências podem ser severas e irreversíveis, afetando tanto a liberdade quanto a carreira e os direitos do acusado.
Neste artigo, você entendeu o que é considerado crime militar, quais os tipos mais comuns, os direitos assegurados aos investigados, como funciona o processo de apuração e quais os efeitos de uma condenação. Também abordamos como a atuação de um advogado especialista é determinante para assegurar a justiça.
Se você é militar ou conhece alguém nessa situação, não hesite em buscar apoio jurídico de confiança. Uma defesa técnica e ágil pode ser decisiva para preservar sua liberdade, sua reputação e sua carreira.
Reis Advocacia possui uma equipe experiente e altamente qualificada em Direito Militar, pronta para atuar em investigações, processos penais e ações administrativas envolvendo crimes militares. Nosso compromisso é com a sua defesa, com a proteção da sua carreira e dos seus direitos.
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Sócio e Advogado – OAB/PE 41.203
Advogado criminalista, militar e em processo administrativo disciplinar, especializado em Direito Penal Militar e Disciplinar Militar, com mais de uma década de atuação.
Graduado em Direito pela FDR-UFPE (2015), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (ESA-OAB/PE) e em Tribunal do Júri e Execução Penal. Professor de Direito Penal Militar no CFOA (2017) e autor do artigo "Crise na Separação dos Três Poderes", publicado na Revista Acadêmica da FDR (2015).
Atuou em mais de 956 processos, sendo 293 processos administrativos disciplinares, com 95% de absolvições. Especialista em sessões do Tribunal do Júri, com mais de 10 sustentações orais e 100% de aproveitamento.
Atualmente, também é autor de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.