Busca e apreensão imagine ter seu veículo, imóvel ou bens pessoais retirados de forma repentina, muitas vezes sem aviso prévio. Essa é a realidade enfrentada por muitas pessoas que estão envolvidas em um processo de busca e apreensão — uma medida judicial que, embora legítima, precisa ser realizada com respeito aos direitos do cidadão e dentro dos limites legais.
Se você foi surpreendido por essa situação ou deseja entender melhor como esse procedimento funciona, este artigo é para você. Vamos explicar, com base na legislação brasileira, o que é a busca e apreensão, quais são suas etapas, fundamentos jurídicos, os direitos de quem está sendo alvo da medida e como o advogado pode ser o maior aliado na defesa de seus bens e garantias.
Neste Artigo:
ToggleBusca e Apreensão: Procedimentos, Direitos e Limites Legais
A busca e apreensão é uma medida judicial que tem como objetivo localizar e retirar bens, objetos ou documentos que estejam em posse de alguém, de forma irregular ou com indícios de ilegalidade. Esse procedimento pode ser utilizado tanto no âmbito civil, como nos casos de alienação fiduciária, quanto no processo penal, quando há necessidade de coleta de provas ou produtos de crime.
No entanto, mesmo sendo prevista em lei, a busca e apreensão precisa respeitar princípios fundamentais como a inviolabilidade do domicílio, a legalidade, o devido processo legal e o direito à ampla defesa. Qualquer desrespeito a esses limites pode tornar a medida nula ou abusiva.
Por isso, conhecer o funcionamento da busca e apreensão, seus fundamentos legais e, principalmente, os direitos de quem está do outro lado da ação, é essencial para garantir que a Justiça seja cumprida — e não distorcida.
Busca e Apreensão: O que é?
A busca e apreensão é um ato judicial que visa localizar e recolher determinado bem, objeto ou documento, que se encontra irregularmente na posse de alguém. Essa medida pode ser civil (como nos contratos com cláusula de alienação fiduciária) ou criminal (como parte de uma investigação penal).
No campo civil, é bastante comum em contratos de financiamento de veículos, onde o bem fica sob posse do devedor, mas pertence legalmente à instituição financeira até a quitação completa da dívida. Se houver inadimplência, o banco pode entrar com uma ação de busca e apreensão para retomar o bem.
Já no campo penal, a busca e apreensão pode ser usada para recolher provas, objetos ilícitos ou produtos de crime, desde que autorizada por um juiz e fundamentada legalmente.
A medida só pode ser executada com ordem judicial — exceto em casos de flagrante delito ou quando houver consentimento do morador, no caso de buscas domiciliares.
Quais os fundamentos legais da busca e apreensão?
A busca e apreensão possui respaldo legal tanto no Código de Processo Civil quanto no Código de Processo Penal, além de dispositivos constitucionais que tratam da proteção da intimidade e da inviolabilidade do domicílio.
No âmbito civil, os fundamentos legais estão nos artigos 839 a 843 do CPC, bem como na Lei nº 13.043/2014, que disciplina a busca e apreensão em casos de alienação fiduciária de veículos.
Já no processo penal, os artigos 240 a 250 do CPP regulamentam as buscas domiciliares, pessoais e de objetos, exigindo fundamentação prévia e autorização judicial, salvo situações excepcionais.
A Constituição Federal (art. 5º, XI) é categórica ao proteger o domicílio, permitindo sua violação apenas com consentimento do morador, flagrante delito, desastre, socorro ou ordem judicial durante o dia.
Portanto, toda busca e apreensão precisa respeitar os limites legais, sob pena de nulidade e responsabilização por abuso de autoridade.
Busca e apreensão: quais etapas do processo?
A busca e apreensão é um processo que segue etapas bem definidas, tanto no aspecto formal quanto prático. Veja como normalmente funciona:
Petição Inicial: A parte interessada (como um banco, no caso de financiamento inadimplente) ingressa com a ação judicial, demonstrando o direito ao bem.
Análise do Juiz: O magistrado analisa o pedido, podendo conceder liminar (tutela provisória) para apreensão imediata do bem, sem ouvir previamente a outra parte.
Expedição do Mandado: Caso deferida a liminar, é expedido um mandado de busca e apreensão, cumprido geralmente por oficial de justiça, podendo haver apoio policial.
Apreensão do Bem: O bem é recolhido e, geralmente, entregue à parte autora ou guardado em local determinado.
Intimação do Réu: A parte ré é notificada para apresentar defesa, geralmente no prazo de 15 dias.
Audiência e Sentença: Após análise das provas e eventuais audiências, o juiz decide pela confirmação ou revogação da liminar, podendo restituir ou consolidar a posse do bem.
O acompanhamento jurídico é essencial em cada uma dessas etapas, tanto para quem busca o bem quanto para quem o está perdendo, garantindo que os trâmites sejam legais e justos.
Direitos e garantias do cidadão no processo de busca e apreensão
Mesmo diante de uma ordem judicial, o cidadão tem direitos fundamentais que não podem ser desrespeitados durante a busca e apreensão. Os principais são:
Direito à inviolabilidade do domicílio, salvo autorização judicial;
Presença de testemunhas durante o cumprimento da medida;
Conhecimento do teor do mandado judicial antes do cumprimento;
Possibilidade de impugnação judicial da medida, por meio de defesa técnica;
Sigilo e integridade de documentos e dispositivos apreendidos — especialmente se envolverem dados pessoais ou profissionais;
Direito à preservação da dignidade e integridade física durante a ação.
O descumprimento de qualquer desses direitos pode gerar a nulidade da medida, além de eventuais ações de indenização por danos morais ou abuso de autoridade.
Por isso, contar com um advogado nesse momento não é apenas recomendável — é essencial para garantir que tudo ocorra dentro da legalidade.
Busca e apreensão em casos de alienação fiduciária
A alienação fiduciária é uma forma de garantia bastante comum em financiamentos de veículos e imóveis. Nesse tipo de contrato, o bem é entregue ao comprador, mas permanece legalmente vinculado ao credor (geralmente um banco) até a quitação total da dívida.
Se houver inadimplência, o credor pode requerer judicialmente a busca e apreensão do bem, com base no Decreto-Lei nº 911/1969, alterado pela Lei nº 13.043/2014. Nesse tipo de ação, é comum o juiz conceder liminar de apreensão do bem, permitindo ao banco retomar a posse antes mesmo da citação do devedor.
Importante: o devedor tem o prazo de cinco dias para pagar a dívida e reaver o bem, conforme o artigo 3º do Decreto-Lei. Caso não o faça, o credor poderá consolidar a propriedade e até vender o bem em leilão.
Mas isso só pode ocorrer com o devido processo legal. Muitos bancos abusam desse tipo de ação, o que torna indispensável a presença de um advogado para defender os interesses do consumidor.
Como se preparar para um processo de busca e apreensão e qual a importância do advogado?
Se você foi notificado de uma ação de busca e apreensão — ou teme que isso aconteça — é fundamental agir com rapidez e estratégia. Veja algumas medidas essenciais:
Evite confrontos ou reações emocionais durante o cumprimento da medida;
Solicite a leitura completa do mandado judicial;
Exija a presença de testemunhas;
Documente tudo (vídeos, fotos, relatos);
Procure imediatamente um advogado especialista, que poderá verificar se a medida é legal e tomar providências cabíveis.
O advogado atuará desde a análise do contrato até a impugnação da liminar, podendo ingressar com reconvenção, exceção de pré-executividade, recursos e até ação por danos morais, se for o caso.
Na Reis Advocacia, somos especialistas nesse tipo de processo. Atuamos com rapidez, técnica e firmeza para garantir a proteção do seu patrimônio e dos seus direitos.
A busca e apreensão é uma medida poderosa, mas que precisa ser conduzida dentro da legalidade. Seja em contextos de investigação criminal ou em disputas civis por inadimplência contratual, o respeito aos direitos e garantias fundamentais do cidadão é indispensável.
Neste artigo, explicamos em detalhes o que é a busca e apreensão, seus fundamentos jurídicos, as etapas do processo, os direitos de quem é alvo da medida e como a atuação de um advogado pode ser decisiva nesse momento.
5 pontos essenciais sobre busca e apreensão
- O que é: Trata-se de uma medida judicial que visa localizar e apreender bens, documentos ou pessoas, seja para garantir direitos civis (como em contratos de financiamento) ou para fins de investigação criminal. Pode ocorrer com ou sem mandado, dependendo da situação legal.
- Fundamento legal: Está prevista nos arts. 240 a 250 do Código de Processo Penal e também no Código de Processo Civil. A Constituição Federal assegura a inviolabilidade do domicílio, exceto em casos de flagrante, desastre, socorro ou ordem judicial durante o dia.
- Tipos:
- Busca pessoal: realizada sobre o corpo ou pertences da pessoa;
- Busca domiciliar: realizada em residências ou estabelecimentos;
- Busca e apreensão civil: comum em contratos com alienação fiduciária (ex: veículos financiados).
- Direitos do cidadão: O alvo da medida tem direito à presença de testemunhas, à integridade física e moral, à assistência jurídica e à contestação posterior da legalidade da apreensão.
- Limites legais: A medida deve ser proporcional, fundamentada e respeitar o devido processo legal. Abusos podem gerar nulidade da prova e responsabilização do agente público.
Comparativo: Busca e apreensão civil x criminal
| Aspecto | Busca e Apreensão Civil | Busca e Apreensão Criminal |
|---|---|---|
| Finalidade | Recuperar bens em inadimplência | Coletar provas ou objetos ilícitos |
| Base legal | Art. 839 do CPC | Arts. 240 a 250 do CPP |
| Exemplo | Financiamento de veículo não pago | Mandado para apreender drogas ou armas |
| Mandado judicial | Obrigatório | Obrigatório, salvo exceções legais |
Perguntas Frequentes (FAQ)
É possível busca e apreensão sem mandado?
Sim, em casos de flagrante delito, desastre ou socorro, conforme o art. 5º, XI da Constituição.
O que acontece se a medida for abusiva?
Pode ser anulada judicialmente e gerar responsabilização civil, penal e administrativa dos agentes envolvidos.
Posso acompanhar a busca?
Sim. O morador ou responsável deve acompanhar a diligência, preferencialmente com testemunhas.
O que fazer após a apreensão?
Consultar um advogado para avaliar a legalidade da medida e, se necessário, requerer a devolução dos bens ou impugnar a prova.
É possível recuperar o bem apreendido?
Sim, desde que se comprove a ilegalidade da apreensão ou se regularize a situação (ex: pagamento da dívida).
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Referências externas:
- Advocacia Reis – Procedimentos, Direitos e Limites Legais
- Jusbrasil – Entenda Seus Direitos e Como Funciona
- Instituto de Direito Real – Guia Jurídico sobre Busca e Apreensão
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Sócio e Advogado – OAB/PE 41.203
Advogado criminalista, militar e em processo administrativo disciplinar, especializado em Direito Penal Militar e Disciplinar Militar, com mais de uma década de atuação.
Graduado em Direito pela FDR-UFPE (2015), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (ESA-OAB/PE) e em Tribunal do Júri e Execução Penal. Professor de Direito Penal Militar no CFOA (2017) e autor do artigo "Crise na Separação dos Três Poderes", publicado na Revista Acadêmica da FDR (2015).
Atuou em mais de 956 processos, sendo 293 processos administrativos disciplinares, com 95% de absolvições. Especialista em sessões do Tribunal do Júri, com mais de 10 sustentações orais e 100% de aproveitamento.
Atualmente, também é autor de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.






