Rapidamente, usuários das redes sociais questionaram se os termos da vaga eram justos — e se estariam em conformidade com a legislação trabalhista brasileira.
A polêmica tomou proporções nacionais, dividiu opiniões e levantou discussões sobre as condições de trabalho em restaurantes, especialmente os comandados por chefs celebridades. O nome do MasterChef foi citado em diversas manchetes, mostrando como a repercussão pública pode ultrapassar os limites da cozinha e entrar no universo jurídico e social.
A seguir, exploramos em detalhes esse caso envolvendo a campeã do MasterChef, as implicações jurídicas da vaga ofertada e os direitos que os trabalhadores da cozinha devem conhecer e exigir.
Campeã do MasterChef posta vaga de emprego e gera polêmica – o caso
Tudo começou quando Thalyta Koller, chef vencedora do reality MasterChef, publicou em suas redes sociais uma oportunidade de trabalho para seu restaurante em São Paulo. A vaga era destinada a auxiliar de cozinha e oferecia:
- Salário: R$ 1.800
- Regime de contratação: CLT
- Jornada: 6 dias por semana, com folga rotativa (escala 6×1)
- Benefícios: refeição no local e vale-transporte
A reação foi imediata. Internautas criticaram os valores oferecidos em comparação com a exigência de experiência prévia e ritmo acelerado do trabalho em cozinha profissional. Outros alegaram que, embora a vaga estivesse dentro da legalidade, o salário era incompatível com o custo de vida e a valorização da profissão.
Em defesa, Thalyta, campeã do MasterChef, afirmou que a vaga seguia todos os parâmetros legais da CLT e refletia a realidade do mercado gastronômico. Apesar disso, a discussão tomou proporções virais e a chef foi “cancelada” nas redes sociais.
MasterChef e os desafios trabalhistas na cozinha: salário, jornada e CLT
O caso expõe um problema estrutural enfrentado por muitos profissionais da gastronomia. Apesar da glamourização do universo culinário por programas como o MasterChef, a realidade dos bastidores pode ser dura.
A legislação trabalhista brasileira prevê:
- Jornada de trabalho: até 44 horas semanais (escala 6×1 é permitida)
- Salário mínimo profissional: deve respeitar o piso da categoria em convenção coletiva local
- Intervalo intrajornada: mínimo de 1 hora para jornadas superiores a 6h
- Adicional noturno: obrigatório em jornadas noturnas
- Registro em carteira (CLT): garante férias, 13º, FGTS, INSS e demais direitos
- Ambiente seguro e saudável: conforme NR-24 e normas do MTE
A chef campeã do MasterChef, ao oferecer uma vaga CLT com salário fixado e benefícios mínimos, pode não ter descumprido a lei, mas a crítica social recaiu sobre o que se considera uma “valorização justa” do trabalho.
Juridicamente, é essencial analisar se o valor está de acordo com o piso estabelecido pelo sindicato da categoria. Caso contrário, pode haver infração trabalhista, sujeita a autuação pelo Ministério do Trabalho.
Repercussões legais e soluções para quem busca função de auxiliar de cozinha
O episódio envolvendo a campeã do MasterChef serve como alerta para quem trabalha ou busca uma vaga como auxiliar de cozinha:
- Verifique o regime de contratação – Sempre prefira vagas com carteira assinada (CLT)
- Analise o piso salarial da sua categoria local – Consulte o sindicato regional
- Cobre a carga horária legal – 44h semanais é o máximo previsto
- Denuncie irregularidades – Ao sindicato ou ao Ministério do Trabalho
- Documente suas atividades – Guardar provas de carga horária, pagamentos e condições
- Busque orientação jurídica – Especialmente se houver assédio, acúmulo de funções ou desvios
O nome MasterChef, embora associado ao prestígio, não exclui a obrigação legal e moral de cumprir as normas trabalhistas. Celebridades da gastronomia também devem dar o exemplo.
Advogado Trabalhista e de Emprego
O caso da campeã do MasterChef é um retrato claro da tensão entre o que a lei permite e o que a sociedade espera como justo. Embora, à primeira vista, a vaga pareça dentro da legalidade, o questionamento público evidenciou a urgência de rever práticas comuns no setor gastronômico.
Como advogado especialista em Direito do Trabalho, ressalta-se a importância de proteger os direitos dos trabalhadores, principalmente em áreas em que a informalidade e a precarização ainda são frequentes.
A polêmica pode ser um ponto de virada. A repercussão do MasterChef mostrou que o público está atento e exige mais responsabilidade social de quem ocupa posições de liderança — seja em grandes empresas, seja em pequenos negócios familiares.
Perguntas Frequentes sobre o tema
- A campeã do MasterChef cometeu algum crime trabalhista?
Não necessariamente. A vaga pode estar dentro da legalidade, mas ainda assim ser considerada socialmente injusta. - R$ 1.800 é um salário legal para auxiliar de cozinha?
Depende do piso salarial da categoria no estado ou cidade. Pode ser legal ou abaixo do mínimo previsto em convenção coletiva. - A escala 6×1 é permitida?
Sim, desde que respeite os limites semanais de 44 horas e haja 1 folga semanal. - É comum chefs famosos do MasterChef contratarem mal?
Não é uma regra, mas há casos de informalidade ou salários baixos mesmo em cozinhas conceituadas. - Como saber se a vaga viola direitos?
Compare com convenção coletiva da categoria e consulte um advogado trabalhista. - A divulgação nas redes pode gerar processos?
Sim, especialmente se houver ofensa, assédio moral ou dano à imagem do candidato. - Vale a pena trabalhar em restaurante de chef famoso?
Pode valer pela experiência, mas deve-se analisar as condições e contratos. - Quais são os direitos de um auxiliar de cozinha CLT?
Salário justo, 13º, férias, FGTS, hora extra, adicional noturno e jornada controlada. - MasterChef influencia o mercado de trabalho?
Sim, cria expectativa sobre glamour, mas a realidade nas cozinhas é exigente e dura. - Como denunciar condições abusivas em restaurantes?
Procure o sindicato, Ministério do Trabalho ou assessoria jurídica especializada.
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Referências:
G1 – Trabalho em feriados e finais de semana: vaga oferecida por campeã do MasterChef é ou não abusiva?
Uol – Vaga em doceria de campeã do MasterChef gera críticas; entenda se é legal…
Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557
Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.
Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.
Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.




