Muitas pessoas — inclusive réus, testemunhas e até autoridades — desconhecem que ações aparentemente “inofensivas” podem configurar um crime que atinge diretamente o coração da justiça: a busca pela verdade real. E mais: mesmo quem não tem envolvimento direto com o crime original pode ser responsabilizado apenas por tentar ajudar alguém, escondendo uma evidência ou omitindo uma informação importante.
O grande problema é que, diante da pressão emocional de um processo criminal, muitas decisões são tomadas sem a devida orientação jurídica. E isso pode custar caro. A ocultação de provas é vista com extrema gravidade pela Justiça, podendo gerar desde penas de reclusão até a anulação de um processo inteiro — sem falar na destruição da reputação do acusado.
Neste artigo completo, você vai entender:
- O que a lei diz sobre ocultar provas;
- Quais são os tipos penais aplicáveis;
- As diferenças entre ocultar, destruir e falsificar provas;
- Quem pode ser acusado e em quais situações;
- Quais atitudes evitar para não responder criminalmente;
- Como se defender com base nas teses jurídicas mais atuais;
- E quando é possível anular um processo por causa da ocultação de provas.
Este conteúdo é indispensável para quem está sendo investigado, acusado ou deseja entender como proteger seus direitos em um processo penal. Leia até o fim e descubra como a ocultação de provas pode mudar completamente o rumo de uma ação judicial — e como se prevenir ou se defender de maneira eficaz.
O que é o crime de ocultação de provas?
A ocultação de provas é uma conduta criminosa que pode comprometer seriamente o funcionamento do sistema de justiça. Ocorre quando uma pessoa, de forma intencional, esconde, dificulta ou remove do alcance da autoridade judicial ou policial qualquer elemento de prova que possa ser utilizado em uma investigação ou processo judicial.
Essa prática é extremamente prejudicial porque impede a correta apuração dos fatos, podendo resultar na absolvição de culpados ou na condenação de inocentes. Portanto, além de ser um obstáculo à verdade, a ocultação de provas é uma violação do princípio da legalidade e do devido processo legal.
Geralmente, quem pratica esse ato busca:
- Livrar-se de uma possível condenação;
- Ajudar terceiros a evitarem responsabilidades penais;
- Obstruir investigações;
- Prejudicar a parte adversa em um processo civil, criminal ou administrativo.
Neste artigo, você entenderá com profundidade o que a legislação brasileira determina sobre o tema, quem pode ser responsabilizado, quais são as penas previstas e como agir caso seja acusado desse crime. Continue a leitura até o fim e saiba como se proteger.
Ocultação de provas: o que diz o Código Penal?
Embora o termo “ocultação de provas” não esteja descrito de forma direta no Código Penal, essa conduta pode ser enquadrada em diversos dispositivos legais, a depender das circunstâncias em que ocorre.
Um dos principais enquadramentos é o crime de fraude processual, previsto no artigo 347 do Código Penal. Ele pune a conduta de quem, com dolo, modifica ou interfere em elementos do processo para enganar o juiz ou perito. Essa conduta abrange o ato de esconder uma prova, com o objetivo de alterar o resultado da demanda.
Outro enquadramento possível é o crime de favorecimento real, disposto no artigo 349 do Código Penal, que trata da conduta de auxiliar alguém a ocultar objetos provenientes de crime, o que pode incluir provas materiais que seriam usadas em uma investigação criminal.
Além disso, dependendo do caso, a ocultação de provas também pode ser interpretada como uma forma de obstrução de justiça, especialmente quando envolve agentes públicos, como policiais ou membros do Judiciário, que agem com o intuito de interferir nas investigações ou no julgamento de um processo.
Portanto, ainda que não exista um artigo específico com o nome “ocultação de provas”, o nosso ordenamento jurídico possui dispositivos claros que penalizam essa prática.
Quem pode ser acusado por ocultação de provas?
A acusação por ocultação de provas pode recair sobre qualquer pessoa que, de forma dolosa, esconda ou dificulte o acesso à verdade no curso de uma investigação ou processo judicial.
O autor da ocultação pode ser:
- O réu do processo, que deseja esconder provas para evitar condenação;
- Um parente ou amigo do investigado, que decide ajudar ocultando elementos probatórios;
- Uma testemunha que esconde documentos, imagens ou informações relevantes;
- Um advogado que, extrapolando os limites éticos da profissão, oculta provas para proteger seu cliente;
- Um policial, delegado, perito ou servidor público que interfere na apuração ou esconde provas intencionalmente.
É importante destacar que a intenção de ocultar a verdade e interferir na aplicação da justiça é o que caracteriza o crime. Sem o dolo, ou seja, sem a vontade de prejudicar a investigação, não se configura o tipo penal.
Ocultação de provas e fraude processual: qual a diferença?
A fraude processual é um crime previsto no Código Penal e acontece quando, na pendência de um processo judicial ou administrativo, alguém altera ou modifica o estado de coisa, lugar ou pessoa, com o objetivo de enganar o juiz ou o perito.
Já a ocultação de provas, embora possa ser uma forma de fraude processual, nem sempre está vinculada a um processo em andamento. Ela pode ocorrer antes mesmo da instauração de uma ação penal, ou fora do âmbito processual, especialmente durante investigações policiais.
A diferença central está no momento e na finalidade da conduta. Enquanto a fraude processual está diretamente ligada a um processo já existente e à intenção de influenciar uma decisão judicial, a ocultação de provas pode ter caráter mais amplo, configurando crime mesmo quando ainda não há processo formal instaurado.
Qual a diferença entre ocultar, destruir ou falsificar provas?
Embora todas essas condutas sejam prejudiciais à justiça, há diferenças importantes entre elas.
Ocultar provas significa esconder, dificultar o acesso ou não apresentar intencionalmente algo que deveria estar disponível às autoridades.
Destruir provas significa eliminar completamente um elemento probatório, como apagar mensagens de um celular, queimar um documento ou jogar fora uma arma do crime.
Falsificar provas é criar ou modificar materialmente ou ideologicamente um documento, imagem ou gravação, atribuindo-lhe valor de verdade com o intuito de enganar a autoridade judicial.
Cada uma dessas condutas possui consequências jurídicas específicas e pode ser enquadrada em tipos penais distintos, como destruição de coisa alheia, falsidade documental, uso de documento falso, entre outros.
Quais são as penas para o crime de ocultar provas?
As penas aplicáveis vão depender da forma como a ocultação de provas foi praticada e em qual artigo do Código Penal a conduta será enquadrada.
Se for considerada fraude processual, a pena prevista é de reclusão de 3 meses a 2 anos, podendo ser aumentada para até 5 anos se ocorrer no curso de um processo penal.
Já no caso de favorecimento real, a pena é de detenção de 1 a 6 meses, além de multa.
Se a ocultação de provas estiver relacionada a um ato de corrupção, ou se houver envolvimento de autoridade pública, outras penas podem ser somadas, como as previstas para prevaricação, obstrução de justiça ou abuso de autoridade.
Em todos os casos, o juiz analisará as circunstâncias e poderá aplicar penas alternativas ou medidas cautelares, como prisão preventiva, dependendo da gravidade da conduta e do risco ao processo.
Quais atitudes devem ser evitadas para não ser acusado de ocultação de provas?
Evite qualquer comportamento que possa parecer tentativa de esconder, suprimir ou dificultar o acesso a elementos que possam ser usados como prova. Algumas condutas comuns que geram acusações são:
- Negar a entrega de documentos relevantes a pedido da justiça;
- Esconder objetos que tenham relação com o crime investigado;
- Induzir outras pessoas a se calarem ou mentirem;
- Deletar arquivos digitais como áudios, e-mails, vídeos ou conversas;
- Esvaziar pastas, sistemas ou bancos de dados com registros úteis à investigação.
Caso haja dúvida sobre se determinado material pode ou não ser entregue, o ideal é consultar um advogado criminalista antes de tomar qualquer decisão.
Ocultação de provas no processo penal: como se aplica?
No processo penal, a ocultação de provas interfere diretamente na apuração da verdade real. Quando ocorre, pode acarretar:
- Dificuldades na defesa ou na acusação;
- Anulação de etapas do processo por vício;
- Dificuldade na coleta de provas periciais ou testemunhais;
- Pedido de prisão preventiva do acusado por obstrução da justiça.
A doutrina penal entende que a preservação da cadeia de custódia das provas é fundamental para garantir a legalidade do processo. A violação disso por meio da ocultação pode gerar nulidade absoluta.
Casos comuns de ocultação de provas na prática
Na prática, é comum encontrar situações como:
- Ocultação de celulares ou computadores com mensagens comprometedoras;
- Manipulação ou desaparecimento de imagens de câmeras de segurança;
- Esconder armas ou roupas usadas em crimes;
- Suprimir conversas de WhatsApp ou registros bancários;
- Omissão de documentos fiscais ou contábeis em ações de improbidade.
Como provar a ocultação de provas em um processo?
A comprovação da ocultação de provas depende de uma investigação bem conduzida, com coleta adequada de indícios e elementos probatórios.
É possível reunir provas da ocultação por meio de:
- Testemunhos;
- Imagens de câmeras;
- Print de mensagens;
- Registros de acesso a sistemas;
- Perícias digitais em arquivos apagados.
Com essas evidências, o juiz pode entender que houve dolo e configurar o crime.
Como se defender da acusação de ocultação de provas?
A melhor defesa é a prevenção, mas se você já foi acusado, a atuação estratégica de um advogado criminalista é essencial.
As linhas de defesa podem incluir:
- Prova de que não houve dolo (ausência de intenção);
- Demonstração de que a prova não era relevante ao caso;
- Prova de que o objeto nunca existiu ou foi acessível;
- Ausência de prejuízo à parte contrária.
A defesa técnica pode ainda argumentar pela atipicidade da conduta ou requerer o trancamento da ação penal por falta de justa causa.
O que acontece se a polícia ou autoridade oculta provas?
Quando um policial, delegado ou servidor da Justiça oculta provas, estamos diante de uma infração grave, que pode configurar:
- Prevaricação (art. 319 do CP);
- Abuso de autoridade (Lei 13.869/2019);
- Obstrução de justiça;
- Corrupção passiva ou ativa.
Nesses casos, além da responsabilização penal do agente, pode haver anulação de provas, de atos processuais e até mesmo do processo inteiro, caso se comprove violação grave aos princípios constitucionais.
Ocultação de provas e anulação de processo: quando é possível?
A ocultação de provas pode gerar a nulidade do processo quando ficar provado que:
- Houve prejuízo à ampla defesa;
- Foi impedida a produção de provas;
- A cadeia de custódia foi rompida;
- O juiz foi induzido a erro pela ausência da prova.
A jurisprudência dos tribunais superiores já consolidou a possibilidade de anular processos em que se verifica a manipulação dolosa de provas por qualquer das partes ou por autoridades.
Como um advogado criminalista pode ajudar nesses casos?
Diante da gravidade do crime de ocultação de provas, a atuação de um advogado criminalista experiente é fundamental para garantir que os direitos do acusado sejam preservados desde o início da investigação até a sentença final. O papel do advogado vai muito além de apenas apresentar defesas técnicas: ele é o escudo jurídico que impede abusos, anula atos ilegais e assegura o cumprimento do devido processo legal.
Muitas pessoas que são acusadas de ocultar provas sequer compreendem a complexidade do processo penal brasileiro. Em alguns casos, a acusação decorre de um equívoco, de um ato impensado, ou até de uma tentativa desesperada de se proteger ou ajudar um familiar. Mas o Judiciário não aceita justificativas subjetivas: é preciso apresentar provas técnicas, teses jurídicas bem fundamentadas e uma estratégia clara para evitar condenações injustas.
É nesse ponto que entra a atuação do criminalista. Entre as principais frentes de trabalho, destacam-se:
Proteção imediata dos direitos constitucionais do acusado, como o contraditório, a ampla defesa e o direito ao silêncio;
Demonstração da ausência de dolo, elemento essencial para a configuração do crime. Sem a intenção de ocultar ou prejudicar o processo, não há crime;
Análise detalhada dos elementos probatórios utilizados contra o acusado, questionando eventuais ilegalidades, inconsistências ou manipulações de provas;
Formulação de requerimentos de diligência, como perícias, busca por provas favoráveis, oitiva de testemunhas e reconstituições, com o objetivo de reforçar a inocência do cliente;
Anulação de atos processuais, quando há violação à legalidade, como a utilização de provas ilícitas, conduções coercitivas abusivas ou prisões preventivas sem fundamento;
Interposição de habeas corpus, recursos e medidas de urgência para proteger a liberdade do cliente e evitar decisões precipitadas;
Atuação proativa durante a fase de inquérito policial, orientando o cliente sobre o que dizer (ou não dizer), e como agir diante da autoridade policial ou do Ministério Público.
Além disso, em casos em que a ocultação de provas tenha sido praticada por agentes públicos, como policiais ou servidores da justiça, o advogado criminalista pode buscar a responsabilização desses agentes por meio de ações judiciais, representações junto à Corregedoria, ao Ministério Público ou até em sede de controle externo da atividade policial.
Na Reis Advocacia, atuamos com excelência e estratégia em casos complexos, oferecendo uma defesa personalizada, ética e combativa. Sabemos que cada caso exige sensibilidade, discrição e conhecimento técnico profundo — e por isso construímos uma reputação sólida na defesa de nossos clientes em casos de ocultação de provas, fraude processual, abuso de autoridade e outras acusações que envolvem manipulação da verdade no processo judicial.
Se você está sendo investigado ou acusado por ocultar provas, não espere o processo avançar para buscar ajuda jurídica especializada. A defesa eficiente começa nos primeiros passos do procedimento. Fale agora mesmo com um advogado criminalista da nossa equipe e receba a orientação adequada para proteger seu futuro, sua liberdade e sua honra.
Saiba seus direitos
A ocultação de provas é uma prática grave que pode trazer sérias consequências penais e processuais. Como vimos, a legislação brasileira oferece instrumentos robustos para punir esse tipo de conduta, mas também para garantir a defesa dos acusados injustamente.
Na Reis Advocacia, já auxiliamos inúmeras pessoas em situações semelhantes, seja na defesa contra-acusações indevidas, seja na responsabilização de quem tentou manipular a justiça.
Caso você esteja sendo acusado ou precise denunciar a ocultação de provas, entre em contato conosco agora mesmo. Estamos preparados para analisar o seu caso com rigor técnico e estratégia jurídica.
Perguntas frequentes sobre o crime de ocultação de provas
- Ocultar provas é sempre crime?
Não. Depende da intenção e do contexto. - Quem pode responder por esse crime?
Qualquer pessoa, inclusive quem não é parte no processo. - Há risco de prisão?
Sim, principalmente em caso de fraude processual. - Silenciar é o mesmo que ocultar provas?
Não. O silêncio é um direito constitucional. - A polícia pode ocultar provas?
Não. Se fizer isso, o processo pode ser anulado. - Posso colaborar e evitar punição?
Sim, em alguns casos a colaboração pode gerar benefícios. - A ocultação pode ser acidental?
Se for sem intenção, não há crime. - Posso processar quem ocultou provas contra mim?
Sim, por danos morais, abuso e até ação penal. - Advogado pode ocultar provas?
Não. Isso gera sanções criminais e disciplinares. - Onde buscar ajuda?
Com um advogado criminalista especializado.
Leia também:
Falsificar provas: o que é esse crime e qual a pena? — explica o que configura falsificação de provas, os tipos de prova que podem ser falsificadas e as penas previstas.
Deep fake e falsificação por IA: como reconhecer e agir — aborda como deep fakes e outras falsificações digitais podem ser usadas como prova falsa e quais cuidados ter.
O que fazer caso seja acusado injustamente de um crime? — trata de situações em que alguém pode ser injustamente acusado, com orientações sobre defesa, produção antecipada de provas e reação a provas falsas.
Organização criminosa: Entenda riscos e consequências — examina crimes ligados à atuação organizada, com atenção à legalidade das provas e a atuação criminosa; pode incluir discussão sobre provas obtidas ilegalmente ou manipuladas.
Processar Banco por Desconto Indevido no Contracheque — embora o foco principal não seja falsificação de provas, esse texto aborda falsificação de contratos/documentação, útil para casos de contestação de documentos que possam ser falsos.
Referências:
Teoria dos frutos da árvore envenenada: fundamentos e jurisprudência brasileira sobre prova ilícita e derivada — compilação jurisprudencial no site do Supremo Tribunal Federal (STF).
- STJ: a teoria dos frutos da árvore envenenada torna inadmissíveis as provas derivadas de conduta ilícita (HC 921136/PE) — decisão recente de 2025 reconhecendo que provas derivadas de diligência considerada ilegal são nulas.
Sócio e Advogado – OAB/PE 41.203
Advogado criminalista, militar e em processo administrativo disciplinar, especializado em Direito Penal Militar e Disciplinar Militar, com mais de uma década de atuação.
Graduado em Direito pela FDR-UFPE (2015), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (ESA-OAB/PE) e em Tribunal do Júri e Execução Penal. Professor de Direito Penal Militar no CFOA (2017) e autor do artigo "Crise na Separação dos Três Poderes", publicado na Revista Acadêmica da FDR (2015).
Atuou em mais de 956 processos, sendo 293 processos administrativos disciplinares, com 95% de absolvições. Especialista em sessões do Tribunal do Júri, com mais de 10 sustentações orais e 100% de aproveitamento.
Atualmente, também é autor de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.




