Pejotização nas Grandes Empresas: Uma Realidade Silenciosa
A pejotização é uma prática cada vez mais comum nas relações de trabalho. Empresas contratam profissionais como pessoas jurídicas (PJ), mas exigem deles obrigações típicas de um empregado CLT: horário fixo, metas, subordinação, e exclusividade. O objetivo? Reduzir custos e driblar a legislação trabalhista.
Fraude trabalhista é qualquer ato que desvirtue ou impeça a aplicação das leis trabalhistas, como a CLT, prejudicando direitos do trabalhador. Essas práticas são nulas de pleno direito, conforme o artigo 9º da CLT.
Milhares de trabalhadores vivem esse dilema diariamente: assinam contratos como CNPJ, mas exercem funções que claramente configuram vínculo empregatício. A boa notícia é que a Justiça do Trabalho tem reagido com firmeza contra esse tipo de fraude — como veremos no caso a seguir.
O que é uma Pejotização Fraudulenta e Como Ela Ocorre?
A terceirização fraudulenta ocorre quando uma empresa contrata um trabalhador por meio de intermediários ou como PJ, mas mantém com ele uma relação de subordinação direta, habitualidade, pessoalidade e onerosidade — os quatro pilares do vínculo empregatício definidos pela CLT (art. 3º).
Quando essa contratação é apenas uma fachada para encobrir uma relação direta de emprego, estamos diante de uma pejotização ilegal, uma fraude trabalhista que lesa o trabalhador de seus direitos fundamentais, como férias, 13º, FGTS, INSS e verbas rescisórias.
Caso Real: Analista de Sistemas Desmascara Pejotização nas Casas Bahia
A.L.S foi contratado como analista de sistemas para trabalhar para as Casas Bahia (Via Varejo), mas quem aparecia formalmente como empregadora era a Mazzatech Serviços de Informática.
Ocorre que A.L.S prestava serviços diretamente para as Casas Bahia, onde:
- Cumpria jornada regular, com horário fixo;
- Recebia ordens de superiores e era supervisionado;
- Trabalhava exclusivamente para o cliente final;
- Era avaliado e controlado como qualquer outro funcionário da empresa contratante.
Mesmo assim, seu vínculo estava registrado por meio de um contrato de prestação de serviços com uma empresa da qual ele era sócio. Ou seja, ele era um “sócio de fachada”, sem qualquer poder de gestão ou autonomia real.
A Justiça não teve dúvidas: estava diante de uma típica pejotização.
5 passos para prevenir fraudes trabalhistas na sua empresa:
Formalize todos os contratos
Garanta o registro em carteira e a conformidade com a legislação vigente.Evite a pejotização indevida
Não substitua vínculos empregatícios por contratos de pessoa jurídica sem respaldo legal.Controle a jornada de trabalho
Registre corretamente as horas trabalhadas e pague horas extras quando devidas.Implemente um programa de compliance
Estabeleça políticas internas para assegurar o cumprimento das normas trabalhistas.Ofereça canais de denúncia
Disponibilize meios seguros para que funcionários relatem irregularidades.
Os Principais Sinais de Vínculo Empregatício Disfarçado
Trabalha como PJ, mas desconfia que, na prática, é um CLT sem carteira assinada? Fique atento a estes sinais:
- Você cumpre horários fixos impostos pela empresa;
- Recebe ordens e supervisão direta de gestores da contratante;
- Não pode mandar alguém te substituir;
- Trabalha exclusivamente para uma única empresa;
- Não tem liberdade para fixar seus próprios métodos de trabalho;
- Recebe valor fixo mensal, sem participação nos lucros.
Quando a Terceirização Esconde um Vínculo Empregatício
Foi exatamente isso que aconteceu com A.L.S. A relação jurídica firmada com a Mazzatech era apenas um contrato simulado, usado para mascarar a realidade de um vínculo direto com as Casas Bahia.
A Justiça aplicou o princípio da primazia da realidade sobre a forma, muito usado pela jurisprudência da Justiça do Trabalho, que garante que vale mais o que acontece na prática do que o que está escrito no papel.
Teses Jurídicas Aplicadas: Quando a Justiça Reconhece Fraude na Terceirização
A decisão foi baseada em fundamentos sólidos do Direito do Trabalho:
- Art. 9º da CLT: declara nulos os atos que visem fraudar a legislação trabalhista;
- Art. 3º da CLT: define vínculo empregatício;
- Súmula 331 do TST: trata da terceirização e responsabilidade subsidiária;
- Princípio da primazia da realidade: prevalência do conteúdo sobre a forma.
O juiz destacou que o modelo utilizado “visava mascarar a realidade do vínculo” e que o autor deveria ter sido contratado diretamente pela tomadora de serviços, as Casas Bahia.
Direitos do Trabalhador em Casos de Terceirização Ilegal
Ao reconhecer o vínculo e a fraude, o trabalhador passa a ter direito a:
- Registro retroativo em carteira de trabalho;
- Férias + 1/3, 13º salário, FGTS com multa de 40%;
- Aviso prévio indenizado;
- Horas extras, adicional noturno, descanso semanal remunerado;
- Indenização por danos morais, quando houver sofrimento ou prejuízo comprovado.
E foi exatamente isso que A.L.S conquistou.
Como Agir se Você Está em Situação Parecida
- Documente sua rotina: e-mails, mensagens, contratos e ordens recebidas.
- Anote sua jornada: horários, frequência e supervisores.
- Busque testemunhas: colegas que possam confirmar sua subordinação.
- Procure um advogado trabalhista: para fazer uma análise técnica do seu caso.
Quanto mais provas você tiver, mais chances de reverter a fraude e garantir todos os seus direitos com segurança jurídica.
Decisão histórica: R$ 400 mil reconhecidos em verbas e indenizações
No caso de A.L.S, a sentença reconheceu:
- Vínculo direto com a Via Varejo (Casas Bahia);
- Responsabilidade solidária da Mazzatech;
- Verbas rescisórias e reflexos salariais;
- Danos morais pela fraude contratual;
- Valor total da condenação: mais de R$ 400.000,00.
Um marco importante contra a pejotização, que mostra que a Justiça do Trabalho está atenta e agindo com rigor.
Como a Reis Advocacia Garante Justiça em Casos de Pejotização
Na Reis Advocacia, atuamos de forma estratégica, técnica e combativa na defesa de trabalhadores pejotizados injustamente. Já representamos com sucesso diversos profissionais das áreas de tecnologia, saúde, marketing, engenharia e administração.
Se você:
- Trabalha como PJ, mas age como empregado;
- Sente que está sendo explorado sem carteira assinada;
- Quer saber se tem direito a valores retroativos…
Converse conosco. Avaliamos seu caso com sigilo, seriedade e profundidade jurídica.
Fraude tem nome, e a Justiça tem resposta
O caso de A.L.S é emblemático: mostra que a verdade dos fatos prevalece na Justiça. Mesmo com contratos, CNPJs e formalidades, o que conta é a relação real de trabalho.
Pejotização é fraude. E como toda fraude, pode e deve ser combatida com apoio jurídico qualificado.
Se você se identificou com este conteúdo, entre em contato com um de nossos especialistas. Podemos te ajudar a recuperar anos de direitos negados.
Precisa de ajuda para lidar com fraudes trabalhistas?
Entre em contato com nossos advogados especializados para orientação e defesa dos seus direitos.
Perguntas frequentes sobre fraudes trabalhistas:
1. O que caracteriza uma fraude trabalhista?
Ações que visam burlar ou impedir a aplicação das leis trabalhistas, prejudicando os direitos do trabalhador.
2. Quais são as fraudes mais comuns?
Pejotização, não registro em carteira, pagamento “por fora”, desvio de função e estágios irregulares.
3. Como a empresa pode se proteger?
Implementando programas de compliance, formalizando contratos e oferecendo canais de denúncia.
4. Quais são as penalidades para o empregador?
Multas, ações judiciais, autuações fiscais e obrigação de pagar verbas trabalhistas retroativas.
Leia também:
Pejotização: Os Riscos Legais de Trabalhar Como “PJ” sem Ser
Este artigo aborda os perigos da pejotização, prática em que o trabalhador é contratado como pessoa jurídica, mas exerce funções típicas de um empregado, o que pode ser caracterizado como fraude trabalhista.Pejotização: O que é? Reforma trabalhista e criminalização
Explora a definição de pejotização, suas implicações legais, e como a reforma trabalhista e a legislação penal tratam essa prática.Pejotização em TI: Como proteger seus direitos trabalhistas!
Foca na área de Tecnologia da Informação, onde a pejotização é comum, e orienta profissionais sobre como identificar e reagir a essa situação.Penalidades Trabalhistas: Quais São e Quais Cuidados Tomar?
Detalha as penalidades aplicáveis em casos de infrações trabalhistas, tanto para empregadores quanto para empregados, e os cuidados necessários para evitá-las.Quebra de Confiança no Trabalho: Justa Causa e Direitos
Discute as situações em que a quebra de confiança pode levar à demissão por justa causa, os direitos dos trabalhadores e os procedimentos legais envolvidos.
Referências:
Jurisprudência do STJ sobre vínculo de emprego disfarçado
O Superior Tribunal de Justiça analisou caso em que se discutia a existência de vínculo empregatício disfarçado em contrato de franquia, relevante para compreender as nuances das fraudes trabalhistas.Informativo de Jurisprudência do TJPE sobre fraudes em contratos
O Tribunal de Justiça de Pernambuco abordou casos de fraudes na celebração de contratos, destacando a importância da análise criteriosa das relações contratuais para evitar prejuízos aos trabalhadores.
Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557
Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.
Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.
Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.