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Policial Militar consegue indenização por desconto ilegal!

Policial militar garante na Justiça a suspensão de descontos indevidos da AMERRPE, devolução de valores e indenização por danos morais.

Policial indenização por desconto ilegal
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Desconto ilegal infelizemente é comum. Imagine ser surpreendido com descontos mensais na sua folha de pagamento sem ter assinado qualquer contrato ou autorizando tal cobrança. Foi o que aconteceu com o Policial Militar da reserva J.N. Desde maio de 2021, ele vinha tendo valores debitados de seus proventos em favor da AMERRPE – Associação dos Militares da Reserva Remunerada de Pernambuco – sem nunca ter consentido ou formalizado qualquer associação.

A gota d’água veio quando ele verificou que já havia perdido mais de R$ 4.500,00, afetando diretamente sua subsistência e a da sua família. Resolveu buscar seus direitos na Justiça. E teve êxito: não apenas conseguiu suspender os descontos, como também conquistou a devolução dos valores pagos e uma indenização por danos morais de R$ 3.000,00.

Neste artigo você vai entender:

  • O que caracteriza desconto indevido;
  • Quais os fundamentos legais da decisão;
  • Como a Justiça tem julgado casos semelhantes;
  • E o que fazer se você estiver na mesma situação.

Policial Militar consegue indenização por desconto ilegal!

No processo de nº 0121814-05.2024.8.17.2001, J.N alegou nunca ter autorizado o desconto de mensalidades associativas da AMERRPE em sua folha de pagamento. A entidade, por sua vez, alegou que os descontos eram respaldados por seu estatuto e deliberados em assembleia geral.

O juízo da 22ª Vara Cível da Capital, no entanto, foi categórico: não havia qualquer documento comprovando a filiação do autor à associação. Diante da ausência de autorização expressa, os descontos foram considerados indevidos. Com isso, determinou-se:

  • Suspensão imediata dos descontos, sob pena de multa;
  • Devolução dos valores pagos, corrigidos e com juros;
  • Indenização por danos morais em R$ 3.000,00.

Transição: Agora, vamos aos fundamentos legais que garantiram essa decisão favorável.

Tiago FA

Fundamentos legais contra desconto ilegal

A decisão judicial se baseou em princípios claros do Direito do Consumidor e Constitucional:

  1. Art. 6º, III do CDC – Direito à informação clara e adequada sobre os serviços contratados.
  2. Art. 39 do CDC – Veda práticas abusivas, incluindo cobranças sem autorização.
  3. Art. 5º, X da CF/88 – Protege a honra e a imagem das pessoas, garantindo reparabilidade.
  4. Precedentes do STJ e TJPE – Assentam a necessidade de autorização expressa para descontos em folha.

O juiz Sonia Stamford Magalhães Melo concluiu que, não havendo contrato de adesão ou prova de consentimento, os descontos eram ilegais, lesivos e feriam o princípio da dignidade da pessoa humana.

Danos morais por desconto ilegal:

A decisão também reconheceu o abalo sofrido por J.N como um dano moral indenizável. E não foi por mero aborrecimento. Os descontos, mensais e persistentes, afetaram sua renda alimentar — ou seja, aquilo que garante sua subsistência e de sua família.

O juiz destacou que “descontos indevidos infligiram verba de natureza alimentar destinada à subsistência do autor”. Com isso, o valor de R$ 3.000,00 foi considerado razoável, equilibrando compensação e evitando enriquecimento indevido.

5 passos para agir contra desconto ilegal

  1. Verifique sua ficha financeira

    • Confirme se há descontos não autorizados por você.

  2. Documente a ausência de vínculo

    • Reúna provas de que não assinou filiação à entidade que realiza a cobrança.

  3. Solicite suspensão administrativa

    • Protocole pedido para cessar os descontos junto ao órgão responsável.

  4. Procure apoio jurídico especializado

    • Um advogado com experiência em direito administrativo e do consumidor é essencial.

  5. Ajuíze ação judicial

    • Requeira devolução dos valores pagos e indenização por danos morais.

Como agir em caso de descontos ilegal:

Se você é servidor público e identificou desconto ilegal que não autorizou, tome as seguintes medidas:

  1. Consulte sua ficha financeira mensal;
  2. Reúna provas da inexistência de autorização;
  3. Solicite imediata suspensão administrativa;
  4. Procure um advogado especialista em direito do consumidor e administrativo;
  5. Ingrida com ação judicial pleiteando devolução e indenização.

Na Reis Advocacia, atuamos com seriedade na defesa de servidores lesados por cobranças indevidas e associações sem consentimento.

Tiago NT

Advogado para cobrança ilegal em folha:

O caso de J.N   (processo nº 0121814-05.2024.8.17.2001) mostra que mesmo entidades representativas devem agir com respeito à legalidade. A Justiça reconheceu que não se pode presumir a associação nem impor cobranças sem consentimento.

Neste artigo você viu:

  • Que todo desconto precisa de autorização expressa;
  • Que é possível pedir a devolução dos valores pagos;
  • Que o dano moral também é indenizável nesses casos.

Se você também enfrenta essa situação, fale com a Reis Advocacia. Garantimos análise cuidadosa, estratégia jurídica eficaz e atendimento especializado.

Perguntas frequentes sobre desconto ilegal

É legal desconto sem assinatura de contrato?
Não. É ilegal e passível de indenização.

Posso reaver o dinheiro do desconto ilegal?
Sim. É possível pedir devolução com correção e juros.

Tenho direito a danos morais após dinheiro ilegal?
Sim, se o desconto afetar sua renda alimentar, como decidiu a Justiça.

Como suspender o desconto ilegal?
Solicite administrativamente e, se necessário, judicialmente com apoio jurídico.

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dr tiago militar

Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557

Advogado especializado em ações que envolvem militares há mais de 12 anos, ex-2º Sargento da Polícia Militar e Diretor do Centro de Apoio aos Policiais e Bombeiros Militares de Pernambuco. Atuou em mais de 3039 processos em defesa da categoria, obtendo absolvições em PADs, processos de licenciamento e conselhos de disciplina.

Criou teses relevantes, como o Ação do Soldo Mínimo, Auxílio-transporte, Promoção Decenal da Guarda e Fluxo Constante de Promoção por Antiguidade.
Foi professor de legislação policial e sindicante em diversos processos administrativos. Pós-graduado em Direito Constitucional e Processual, com MBA em Gestão Empresarial, é referência na luta por melhores condições jurídicas e de trabalho aos militares.

Atualmente, também é autor de artigos e e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.

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