Este artigo vai te mostrar:
- Como saber se um incêndio foi criminoso;
- Como fazer a denúncia de forma segura;
- Se queimadas podem ser consideradas crime;
- Qual a pena prevista em lei;
- Como buscar ajuda de um advogado;
- Teses jurídicas aplicáveis;
- E muito mais!
Saber identificar um Incêndio Criminoso é essencial para proteger sua vida, seu patrimônio e até salvar o meio ambiente. Por isso, siga conosco nesta leitura até o fim.
Como saber se um incêndio foi criminoso?
Um Incêndio Criminoso é, por definição, aquele provocado de forma intencional, com dolo, ou seja, com a vontade de causar o fogo. A Polícia Técnica e o Corpo de Bombeiros possuem métodos específicos para analisar a cena e identificar indícios de crime.
Principais sinais de que um incêndio foi criminoso:
- Presença de líquidos inflamáveis (álcool, gasolina);
- Múltiplos focos de incêndio iniciados simultaneamente;
- Acesso forçado ao local antes do fogo iniciar;
- Testemunhos sobre ameaças anteriores;
- Câmeras de segurança que flagraram ações suspeitas.
Do ponto de vista jurídico, a perícia técnica é indispensável. Apenas ela pode atestar, com segurança, se houve Incêndio Criminoso. Em muitos casos, o laudo pericial é o principal elemento de prova para o Ministério Público apresentar denúncia criminal.
Como denunciar incêndio criminoso?
Se você presenciou ou suspeita de um Incêndio Criminoso, a denúncia pode ser feita por diferentes canais. O ideal é que ocorra o mais rápido possível para evitar a destruição de provas.
Canais para denunciar:
- Delegacia de Polícia Civil;
- Disque Denúncia (181);
- IBAMA ou órgãos ambientais estaduais;
- Ministério Público;
- Corpo de Bombeiros.
A denúncia pode ser feita de forma anônima, mas o ideal é fornecer o máximo de informações, como data, horário, localização e possíveis suspeitos. O autor de um Incêndio Criminoso pode ser responsabilizado criminal e civilmente pelos danos causados.
Queimadas são consideradas incêndios criminosos?
Sim, em muitos casos. Especialmente quando ocorrem em áreas protegidas, em desacordo com a legislação ambiental ou sem autorização prévia. O Incêndio Criminoso causado por queimadas é um dos maiores desafios enfrentados pelas autoridades ambientais no Brasil, sobretudo em períodos de seca, quando o risco de propagação do fogo aumenta exponencialmente.
Atenção redobrada:
- Queimadas ilegais na zona rural são tipificadas como Incêndio Criminoso ambiental;
- A Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) trata expressamente sobre isso;
- Mesmo pequenos focos de fogo, se dolosos, configuram crime e podem gerar autuações, prisões em flagrante e ações civis públicas.
De acordo com o artigo 41 da Lei 9.605/98:
“Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.”
Se o incêndio causar dano a áreas de preservação permanente ou unidades de conservação, a pena é aumentada de forma significativa, podendo atingir até seis anos de reclusão. O mesmo se aplica quando o fogo ameaça espécies da fauna ou flora ameaçadas de extinção.
Além disso, o Código Penal, em seu Art. 250, também pode ser aplicado paralelamente, especialmente quando o Incêndio Criminoso expõe a risco a integridade de pessoas ou patrimônios.
Quando a queimada se torna crime?
A prática da queima controlada, ainda que permitida em algumas situações agrícolas, exige:
- Licença ambiental prévia do órgão competente;
- Cumprimento de normas de segurança;
- Presença de brigadas de incêndio no local;
- Planejamento técnico com laudo agronômico.
A ausência de qualquer um desses elementos pode caracterizar queimada ilegal e, portanto, um Incêndio Criminoso. Os responsáveis podem responder por:
- Crimes ambientais;
- Infrações administrativas (multas pesadas);
- Responsabilidade civil por eventuais danos;
- Ações de reparação ao meio ambiente ou à coletividade.
Casos práticos:
- Um produtor rural que faz queimada sem licença e o fogo se alasta para propriedade vizinha;
- Um cidadão que queima lixo no quintal e o fogo atinge uma mata próxima;
- Incêndios florestais causados por fazendeiros durante o período de proibição estadual de queimadas.
Todos esses exemplos se enquadram como Incêndio Criminoso, especialmente se houver dolo ou negligência grave.
Portanto, o controle do fogo é um tema sensível, especialmente no contexto das mudanças climáticas e da preservação ambiental. A atuação do advogado é crucial para garantir a responsabilização adequada dos culpados e a reparação dos danos ambientais e sociais gerados.
Se você presenciou uma queimada suspeita ou foi vítima de um Incêndio Criminoso por queimadas ilegais, entre em contato com nosso escritório para receber orientação jurídica especializada.
Qual a quantidade de pena para incêndio criminoso?
A pena para quem pratica Incêndio Criminoso varia conforme o resultado do ato, e pode ser agravada caso haja vítimas, destruição de bens públicos ou privados, ou risco à vida humana.
Veja o que diz o Código Penal, Art. 250:
“Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena: reclusão de 3 a 6 anos e multa.”
Circunstâncias que aumentam a pena:
- Incêndio em residência habitada;
- Em hospitais, escolas, fábricas ou transporte público;
- Com resultado de morte ou ferimentos;
- Quando envolve desmatamento ou dano ambiental.
A pena pode chegar a 20 anos de reclusão quando há agravantes, como morte de terceiros.
A quantidade da pena muda de acordo com a proximidade entre autor e vítima?
Sim. Quando o Incêndio Criminoso ocorre por razões pessoais — como vingança, paixão, ciúmes ou conflitos familiares —, a pena pode ser agravada. Isso porque o ordenamento jurídico leva em consideração não apenas o ato criminoso em si, mas também a motivação e o grau de reprovabilidade da conduta.
Situações que elevam a gravidade do crime:
- Ex-cônjuge que ateia fogo na casa da ex-companheira: configura não apenas o Incêndio Criminoso, mas também violência doméstica, podendo haver aplicação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006);
- Irmão que incendeia o bem da família por disputa de herança: além do incêndio, pode haver crimes contra o patrimônio, com agravantes pela relação de parentesco e pela premeditação;
- Vizinhos com histórico de ameaças anteriores: quando comprovada a intenção dolosa e a perseguição, o crime pode ser enquadrado também como ameaça (Art. 147 do Código Penal) ou até tentativa de homicídio, dependendo do risco causado.
Implicações jurídicas e agravantes:
A depender do contexto e das provas, o Incêndio Criminoso pode ser qualificado ou associado a outros delitos. Os principais agravantes incluem:
- Motivação torpe ou fútil;
- Premeditação do ato;
- Risco à vida de familiares ou vizinhos;
- Crime praticado no contexto de violência doméstica ou familiar;
- Reincidência criminal;
- Desrespeito a medida protetiva judicial vigente.
Esses fatores permitem ao juiz aplicar pena mais severa dentro do intervalo legal, além de somar penas nos casos de concurso de crimes. Por exemplo, se o incêndio teve como objetivo matar alguém, o agente pode ser condenado por tentativa de homicídio (Art. 121, § 2º, do CP), cuja pena é muito mais grave.
O que diz a jurisprudência:
A Justiça brasileira tem reconhecido que o vínculo entre vítima e agressor é um elemento relevante na dosimetria da pena. Em decisões recentes, Tribunais de Justiça estaduais e até o STJ (Superior Tribunal de Justiça) têm aumentado as penas de Incêndio Criminoso quando o ato tem relação direta com abuso de confiança, intimidação doméstica ou retaliação pessoal.
Importância da atuação jurídica:
Nesses casos, a atuação de um advogado especialista é fundamental para:
- Caracterizar corretamente os crimes conexos;
- Evitar que o autor responda apenas por crime simples de dano ou incêndio;
- Garantir que medidas protetivas sejam respeitadas;
- Orientar a vítima sobre seus direitos e reparações possíveis.
Portanto, sim: a relação entre o autor e a vítima influencia diretamente na gravidade e nas consequências jurídicas do Incêndio Criminoso, sendo um dos principais fatores observados pelas autoridades na hora de investigar, processar e julgar esses casos.
Como buscar ajuda nesses casos?
Quem sofre as consequências de um Incêndio Criminoso deve, antes de tudo, preservar sua segurança e acionar o Corpo de Bombeiros. Em seguida, é fundamental:
- Registrar Boletim de Ocorrência;
- Solicitar perícia técnica no local;
- Buscar apoio de um advogado especializado;
- Juntar documentos e testemunhos;
- Acionar a seguradora, se houver apólice válida.
Além da esfera criminal, é possível buscar indenizações por danos materiais, morais e ambientais na Justiça.
O que a lei diz sobre isso?
O Incêndio Criminoso está previsto em diversas normas jurídicas, como:
- Código Penal (Art. 250);
- Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98);
- Código Civil (indenizações por danos);
- Lei de Improbidade Administrativa, quando praticado por agente público.
Princípios como o princípio da dignidade da pessoa humana, da precaução ambiental e da função social da propriedade também são invocados em processos sobre incêndio.
As decisões judiciais têm aplicado jurisprudências que responsabilizam não só o autor direto, mas também eventuais mandantes, cúmplices ou negligentes.
Como um advogado especialista em direito do consumidor pode atuar nesses casos?
Pode parecer surpreendente, mas o advogado especialista em Direito do Consumidor tem papel importante em casos de Incêndio Criminoso, principalmente quando:
- O incêndio atinge imóveis alugados ou financiados;
- Há relação contratual com seguradoras;
- Envolve produtos inflamáveis sem os devidos alertas;
- Há omissão de empresas prestadoras de serviço (ex: fornecimento elétrico).
Nestes cenários, o consumidor tem direito à reparação integral, conforme o Código de Defesa do Consumidor (CDC). O advogado pode atuar para:
- Propor ações contra fornecedores;
- Acionar seguradoras;
- Garantir cumprimento de garantias;
- Pleitear indenizações por falha na prestação de serviço.
Perguntas frequentes sobre o tema
- O que é incêndio criminoso?
É o incêndio provocado de forma intencional, com dolo e intenção de causar dano. - Como saber se o incêndio foi criminoso?
Com laudo pericial técnico, análise de imagens e testemunhos. - Queimadas ilegais podem ser consideradas crime?
Sim, especialmente quando sem autorização ou em área de proteção. - Qual a pena para quem comete esse crime?
De 3 a 6 anos, podendo chegar a 20 com agravantes. - O seguro cobre incêndio criminoso?
Sim, desde que não tenha sido causado pelo próprio segurado. - Como denunciar de forma anônima?
Pelo Disque Denúncia (181) ou MP Estadual. - Posso ser indenizado por incêndio criminoso?
Sim, por danos materiais, morais e ambientais. - A polícia precisa fazer perícia no local?
Sim, é essencial para comprovar o crime. - Empresas podem ser responsabilizadas?
Sim, se houver negligência ou relação contratual com a vítima. - A vítima pode mover ação contra o criminoso?
Sim, tanto na esfera criminal quanto civil.
Saiba seus direitos
O Incêndio Criminoso é um crime grave, com repercussões profundas na vida das vítimas, no meio ambiente e na sociedade. Neste artigo, vimos como identificar, denunciar, buscar ajuda e compreender os direitos de quem sofre esse tipo de violência.
Na Reis Advocacia, atuamos com uma equipe multidisciplinar, auxiliando pessoas que passaram por essa situação a obterem justiça e reparação.
Ajudamos nossos clientes a entenderem seus direitos, reunir provas, apresentar denúncias consistentes e buscar indenizações justas. Este conteúdo foi preparado para esclarecer e proteger você. Se quiser saber mais, explore os outros artigos do nosso blog e entre em contato com nossa equipe.
Não enfrente isso sozinho. Fale com um de nossos advogados especialistas e saiba como agir com segurança e respaldo jurídico.
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Advogado de Defesa: Saiba Qual é o Seu Papel no Julgamento — expõe os papéis do advogado de defesa e da acusação em processos criminais.
Revisão Criminal: Como Funciona Mesmo Após a Sentença — aborda como funciona o procedimento de revisão criminal, quando é possível e a importância da defesa técnica.
Referências:
Habeas Corpus nº 440.501 (RS) – Perícia imprescindível para configurar o crime de incêndio — esse acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que, por se tratar de crime de incêndio — que “deixa vestígios” — a perícia técnica é imprescindível para comprovação da materialidade, e que prova testemunhal/fotográfica não supre a ausência de laudo pericial.
REsp 1.381.211 – Responsabilidade objetiva por danos decorrentes de queimada/ incêndio em imóvel rural — decisão que reconheceu responsabilidade objetiva do proprietário da área onde ocorreu queimada (ou incêndio) causando danos patrimoniais a terceiros, com base no direito civil e ambiental (art. 927, parágrafo único, do Código Civil + art. 14, §1º, da Lei de Política Ambiental).
Decisões sobre “Incêndios florestais supostamente criminosos” (crime ambiental/ incêndio) — jurisprudência consolidada — compilação de acórdãos que tratam incêndios florestais com possível natureza criminosa, especialmente relativos a crimes ambientais.
Sócio e Advogado – OAB/PE 41.203
Advogado criminalista, militar e em processo administrativo disciplinar, especializado em Direito Penal Militar e Disciplinar Militar, com mais de uma década de atuação.
Graduado em Direito pela FDR-UFPE (2015), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (ESA-OAB/PE) e em Tribunal do Júri e Execução Penal. Professor de Direito Penal Militar no CFOA (2017) e autor do artigo "Crise na Separação dos Três Poderes", publicado na Revista Acadêmica da FDR (2015).
Atuou em mais de 956 processos, sendo 293 processos administrativos disciplinares, com 95% de absolvições. Especialista em sessões do Tribunal do Júri, com mais de 10 sustentações orais e 100% de aproveitamento.
Atualmente, também é autor de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.




