Audiência criminal é um dos momentos mais importantes dentro do processo penal. É nela que o réu tem a oportunidade de apresentar sua defesa, testemunhas são ouvidas, provas são analisadas e argumentos jurídicos são discutidos entre acusação e defesa. Esse procedimento pode definir o rumo do caso, podendo resultar em absolvição, condenação ou na necessidade de aprofundamento das investigações.
Muitas pessoas têm dúvidas sobre como funciona esse tipo de audiência, quais são seus diferentes formatos, quem pode falar primeiro e quais direitos o réu tem durante o procedimento. Para esclarecer essas questões, este artigo traz um guia completo sobre o tema, incluindo as etapas do processo, a importância das testemunhas e a preparação necessária para advogados e acusados.
Neste Artigo:
ToggleO Que Acontece em Uma Audiência Criminal?
A audiência criminal segue um rito específico, no qual o juiz preside os trabalhos, o promotor apresenta a acusação e a defesa expõe seus argumentos. O réu pode ser interrogado, caso deseje se manifestar, mas tem o direito de permanecer em silêncio sem que isso seja interpretado como culpa. Durante a sessão, as partes podem apresentar testemunhas e documentos que reforcem suas teses, sendo que todas as provas devem ser devidamente analisadas e registradas no processo.
No início da audiência, o juiz verifica a presença de todas as partes envolvidas, incluindo réu, defesa, acusação e testemunhas. Em seguida, a denúncia é lida e o réu tem a chance de responder às acusações.
Após essa etapa, as testemunhas são ouvidas, primeiro as indicadas pela acusação e depois as da defesa. O juiz pode intervir quando necessário, buscando esclarecer pontos essenciais para a decisão final. Ao término dos depoimentos e da apresentação de provas, defesa e acusação fazem suas alegações finais antes de o juiz proferir uma decisão ou determinar a continuação do processo.
Audiência Criminal: Quais os diferentes tipos?
As audiências criminais variam conforme o objetivo do procedimento. A audiência de custódia, por exemplo, ocorre logo após uma prisão em flagrante e serve para verificar a legalidade da detenção e a integridade do preso. Já a audiência de instrução e julgamento é realizada em processos penais para coletar provas, ouvir testemunhas e possibilitar o contraditório antes da decisão judicial.
Em alguns casos, pode haver audiências de conciliação, especialmente em crimes de menor potencial ofensivo, nas quais se busca um acordo entre as partes para evitar um processo mais longo. Também existe a audiência de justificação, que tem a finalidade de analisar se houve descumprimento de medidas cautelares ou outras decisões judiciais que possam levar à decretação da prisão preventiva.
Cada tipo de audiência tem um impacto diferente no processo e exige uma abordagem jurídica específica, seja por parte do promotor, seja pelo advogado de defesa.
A Ordem de Fala Durante a Audiência criminal
A condução da audiência segue uma ordem processual bem definida. O juiz inicia os trabalhos e garante que todas as partes tenham oportunidade de se manifestar. Geralmente, a acusação apresenta seus argumentos primeiro, seguida pelas testemunhas indicadas pelo Ministério Público. Após a acusação, é a vez da defesa apresentar suas testemunhas e, por fim, o réu tem a opção de se manifestar ou permanecer em silêncio.
Depois da fase probatória, a defesa e a acusação fazem suas alegações finais, argumentando sobre os fatos apresentados e as provas coletadas. O juiz pode decidir imediatamente sobre o caso ou determinar diligências adicionais para esclarecer aspectos relevantes antes da sentença final.
Audiência Criminal: Qual o papel das testemunhas?
As testemunhas desempenham um papel fundamental no esclarecimento dos fatos e na construção da defesa ou da acusação. São elas que fornecem relatos sobre os acontecimentos e podem reforçar ou contradizer as alegações feitas pelas partes.
A acusação pode apresentar testemunhas que tenham presenciado o crime ou que possuam conhecimento técnico sobre o caso, enquanto a defesa pode trazer pessoas que comprovem um álibi, evidenciem inconsistências na denúncia ou esclareçam aspectos relevantes para a inocência do réu.
O depoimento das testemunhas deve ser conduzido com seriedade, sendo permitido ao advogado formular perguntas para esclarecer dúvidas e reforçar sua estratégia de defesa.
Audiência criminal: Quais os direitos do réu?
O réu possui garantias constitucionais que devem ser respeitadas durante toda a audiência. O direito ao silêncio, por exemplo, impede que ele seja obrigado a se autoincriminar, garantindo que possa se manifestar apenas se desejar. Além disso, tem direito à ampla defesa, podendo contar com um advogado particular ou um defensor público.
Outra garantia importante é o contraditório, que assegura que a defesa possa rebater todas as alegações feitas pela acusação, apresentando provas e testemunhas que ajudem a esclarecer os fatos. O respeito à dignidade do réu também é um aspecto fundamental, impedindo abusos ou constrangimentos durante a sessão.
Audiência Criminal: O que acontece em sua conclusão
O que acontece depois da audiência depende do estágio do processo e das provas apresentadas. Em alguns casos, o juiz pode decidir de imediato, absolvendo ou condenando o réu. Em outros, pode ser necessário realizar novas diligências, como a coleta de provas adicionais ou a oitiva de mais testemunhas.
Se houver condenação, a defesa pode recorrer da decisão, apresentando recursos para tribunais superiores. Caso o réu seja absolvido, o processo é arquivado e ele é considerado inocente perante a Justiça.
A Preparação do Advogado para a Audiência
A atuação do advogado na audiência criminal é essencial para garantir que os direitos do réu sejam respeitados e que a melhor estratégia seja adotada. A preparação envolve a análise detalhada do processo, a identificação de falhas na denúncia, a escolha de testemunhas adequadas e o planejamento das perguntas que serão feitas durante a audiência.
Além disso, o advogado deve estar atento às regras processuais e aos direitos do cliente, intervindo sempre que necessário para garantir que a condução do procedimento seja justa e imparcial. O domínio técnico e a argumentação convincente são diferenciais que podem influenciar o resultado do julgamento.
A audiência criminal é um momento crucial dentro do processo penal e exige conhecimento técnico e estratégia por parte da defesa. Saber como ela funciona, quais são os direitos do réu e como apresentar provas de forma eficaz pode fazer toda a diferença no desfecho do caso.
5 pontos essenciais sobre a audiência criminal
- O que é: A audiência criminal é o momento processual em que o juiz, o Ministério Público, a defesa e o réu se reúnem para produção de provas, oitiva de testemunhas e interrogatório. É decisiva para o julgamento do caso.
- Tipos de audiência: As principais são:
- Custódia – ocorre até 24h após prisão em flagrante;
- Preliminar – comum nos Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95);
- Instrução e julgamento – onde se concentram as provas e o interrogatório do réu.
- Ordem dos atos: O juiz abre a sessão, verifica presenças, lê a denúncia, ouve a vítima (se houver), as testemunhas da acusação e da defesa, realiza o interrogatório do réu e, por fim, ouve as alegações finais das partes.
- Direitos do réu: Direito ao silêncio, à ampla defesa, à presença de advogado, à produção de provas e ao contraditório. O réu não é obrigado a confessar ou responder às perguntas.
- Resultado: Ao final, o juiz pode proferir sentença (absolvendo ou condenando) ou determinar diligências complementares. Em alguns casos, a decisão é proferida posteriormente.
Etapas da audiência de instrução e julgamento
| Etapa | Descrição |
|---|---|
| Abertura | Juiz verifica presenças e formalidades |
| Leitura da denúncia | O réu é informado formalmente sobre a acusação |
| Oitiva de testemunhas | Primeiro da acusação, depois da defesa |
| Interrogatório do réu | O réu pode falar ou permanecer em silêncio |
| Alegações finais | Acusação e defesa apresentam seus argumentos |
| Sentença | Proferida na hora ou em momento posterior |
Perguntas Frequentes (FAQ)
O réu é obrigado a comparecer?
Sim, salvo se estiver preso ou houver justificativa aceita pelo juiz.
Posso gravar a audiência?
Somente com autorização judicial. Em geral, o ato é registrado oficialmente pelo sistema do tribunal.
O que acontece se a testemunha faltar?
O juiz pode determinar nova intimação ou condução coercitiva, dependendo da relevância da prova.
É possível audiência virtual?
Sim. Desde a pandemia, muitas audiências são realizadas por videoconferência, com garantias legais.
O juiz pode decidir na hora?
Sim. Mas também pode adiar a sentença para análise mais aprofundada.
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Referências externas:
- Advocacia Reis – Audiência Criminal: Como Funciona? Guia Completo 2025
- Jusbrasil – Como Funciona uma Audiência Criminal
- IDPB – Audiências Criminais Passo a Passo
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Sócio e Advogado – OAB/PE 41.203
Advogado criminalista, militar e em processo administrativo disciplinar, especializado em Direito Penal Militar e Disciplinar Militar, com mais de uma década de atuação.
Graduado em Direito pela FDR-UFPE (2015), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (ESA-OAB/PE) e em Tribunal do Júri e Execução Penal. Professor de Direito Penal Militar no CFOA (2017) e autor do artigo "Crise na Separação dos Três Poderes", publicado na Revista Acadêmica da FDR (2015).
Atuou em mais de 956 processos, sendo 293 processos administrativos disciplinares, com 95% de absolvições. Especialista em sessões do Tribunal do Júri, com mais de 10 sustentações orais e 100% de aproveitamento.
Atualmente, também é autor de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.


