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Se afastar o trabalho por problemas de saúde mental: Entenda

Entenda quando é possível se afastar do trabalho por problemas de saúde mental, saiba como comprovar, quais direitos você tem e quando recorrer à Justiça.

saúde mental no trabalho
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Você está vivendo um momento em que a pressão no trabalho se tornou insuportável, o estresse diária parece não ter fim, e a sua saúde mental está comprometida?

A preocupação com rendimento, cobrança constante de metas e jornadas exaustivas podem transformar o ambiente laboral em um verdadeiro cárcere emocional. Se você se sente fragilizado, ansioso, com sintomas de depressão, crises de pânico ou esgotamento, este texto é para você.

Aqui, vamos abordar de forma clara e profunda tudo o que você precisa saber quando a saúde mental é afetada no trabalho: como identificar que a situação pede intervenção; o que fazer para comprovar o problema; por que um laudo é essencial; em que circunstâncias é possível se afastar do trabalho; quais são os seus direitos; e quando faz sentido buscar a Justiça para reparação.

Além disso, responderemos às dúvidas mais comuns de trabalhadores que enfrentam essa realidade.

Nosso objetivo é oferecer um guia confiável e humanizado, que ajude você a recuperar sua dignidade, garantir o cuidado necessário e assegurar que seus direitos sejam respeitados. Se você está duvidando se deve ou não buscar afastamento, continue lendo — o que estiver ao seu alcance para proteger a saúde mental pode ser decisivo para sua vida.

Tiago EC

O que é caracteriza problemas de saúde mental?

Problemas de saúde mental englobam uma gama de transtornos psiquiátricos e psicológicos que comprometem gravemente o bem‑estar emocional, cognitivo ou comportamental do indivíduo — especialmente quando essas condições interferem no cotidiano, na capacidade de trabalhar, socializar, ou cuidar de si mesmo.

No contexto do trabalho, os fatores que mais frequentemente desencadeiam sofrimento psíquico incluem: pressão por produtividade, prazos curtos, carga excessiva de trabalho, jornadas exaustivas, metas inatingíveis, assédio moral, falta de apoio da empresa, ambiente de alta tensão, ameaças de demissão ou críticas constantes. Quando somados, esses fatores podem levar a quadros como ansiedade grave, depressão, crises de pânico, exaustão emocional crônica, insônia persistente, irritabilidade, síndrome de estresse pós‑traumático, entre outros.

O que torna esses casos mais delicados é que os sintomas muitas vezes se manifestam de forma sutil no início — fadiga constante, dificuldade para dormir, perda de interesse, sensação de desânimo, esvaziamento emocional.

Com o tempo, o sofrimento pode se agravar, comprometendo o convívio familiar, a capacidade de desempenho no trabalho ou mesmo a saúde física. A manutenção dessas condições sem tratamento representa risco grave para a vida.

Do ponto de vista clínico e jurídico, reconhecer que há problemas de saúde mental — fruto do ambiente profissional — é o primeiro passo para buscar afastamento, tratamento adequado e reparação de direitos.

Como provar que tive problemas de saúde mental no trabalho?

Para que problemas de saúde mental decorrentes do trabalho sejam reconhecidos e levem à concessão de afastamento, benefício previdenciário ou reparação judicial, é fundamental haver prova robusta tanto do adoecimento quanto da relação entre as condições de trabalho e o sofrimento. Veja os elementos que podem compor essa comprovação:

  • Relatórios médicos e psiquiátricos: registros recentes de consultas, sintomas, evoluções, tratamentos, prescrições.
  • Laudo especializado (psiquiátrico ou psicológico): com diagnóstico compatível, CID quando cabível, indicação de incapacidade temporária ou necessidade de afastamento, e — idealmente — referência à causa ocupacional.
  • Histórico de afastamentos, atestados ou licenças médicas: demonstra que o problema é persistente e pode estar ligado ao ambiente de trabalho.
  • Documentos internos da empresa: e-mails, avisos de sobrecarga, expedientes de jornada excessiva, escala rotativa, mudanças abruptas de função, advertências, metas irrealistas. Esses registros ajudam a demonstrar a existência de pressão ou ambiente hostil.
  • Depoimentos e testemunhas: colegas de trabalho que possam atestar a rotina extenuante, cobrança desmedida ou situações de assédio moral; conversas documentadas relatando sofrimento e reclamações à gestão.
  • Relatos pessoais documentados: diário de sintomas, registros de crises, afastamentos, dificuldades persistentes, para evidenciar a gravidade e a persistência do problema.

A combinação desses elementos ajuda a construir o nexo de causalidade entre o trabalho e os problemas de saúde mental — essencial para legitimar o pedido de afastamento ou eventual indenização.

A importância da documentação completa

Sem documentação detalhada e consistente, a interpretação tende a favorecer a empresa, que muitas vezes nega o vínculo entre sofrimento e atividades laborais. O ideal é buscar auxílio profissional assim que surgirem sintomas graves: quanto mais cedo for iniciado o registro — por meio de consultas, laudos, atestados — maior a chance de sucesso.

Qual a importância do laudo nesses casos?

O laudo médico ou psicológico é, de fato, o documento fundamental para tornar visível o que muitas vezes é invisível aos olhos da empresa: o adoecimento psíquico. Um bom laudo, emitido por profissional habilitado, com diagnóstico claro, detalhamento dos sintomas, histórico clínico e conclusão de incapacidade temporária (ou definitiva) fortalece muito seu pedido de afastamento ou de reparação.

O laudo tem várias funções essenciais:

  • Confirma a existência do problema de saúde mental;
  • Indica o grau de comprometimento e a necessidade de afastamento ou tratamento intensivo;
  • Permite o encaminhamento a benefício previdenciário (auxílio‑doença, aposentadoria por invalidez, se for o caso);
  • Serve como base técnica para ação judicial, demonstrando a gravidade da enfermidade e a relação com trabalho;
  • Protege o trabalhador de retaliações indevidas, pois demonstra que o problema não deriva de fraqueza ou má vontade, mas de caráter real e incapacitante.

Sem esse documento, será muito mais difícil convencer o plano de saúde, o INSS ou a Justiça sobre a urgência e legitimidade do afastamento para tratamento.

É possível se afastar o trabalho por problemas de saúde mental?

Sim — é plenamente possível obter afastamento quando os problemas de saúde mental atingirem um grau de gravidade que impeça o desempenho das atividades laborais. As circunstâncias mais comuns para tal afastamento são:

  • Afastamento previdenciário (auxílio‑doença ou aposentadoria por invalidez): quando o problema impede o retorno ao trabalho por tempo prolongado ou há risco de agravamento. Com o laudo e submetendo-se à perícia médica do INSS, o trabalhador pode obter auxílio ou aposentadoria, conforme o caso.
  • Licença médica com atestado do empregador: com laudo, a empresa — ou o próprio trabalhador mediante atestado — pode justificar ausência temporária e garantir estabilidade provisória durante o período.
  • Reabilitação profissional ou readaptação de função: se for constatada incapacidade para a função original, mas possibilidade de reintegração em nova função compatível com seu quadro de saúde.
  • Suspensão das atividades com preservação de contrato: em casos mais graves, o afastamento evita demissão injusta, especialmente se demonstrada a relação entre adoecimento e ambiente de trabalho.

A decisão depende da gravidade dos sintomas, da possibilidade de recuperação, da documentação médica e da relação com as condições laborais. Quando bem fundamentado, o afastamento por motivos de saúde mental tem respaldo legal e é cada vez mais reconhecido pela Justiça e pela Previdência Social.

Tiago NT

Quais são os direitos do trabalhador com problemas de saúde mental?

Quando o adoecimento psíquico decorre de pressões laborais, ambientes tóxicos ou negligência da empresa, o trabalhador pode ter vários direitos assegurados:

  • Auxílio‑doença ou aposentadoria por invalidez: dependendo da gravidade do quadro e da incapacidade para retorno.
  • Estabilidade provisória ou direito à reintegração / readaptação funcional: se houver confirmação de doença ocupacional ou relação direta com o trabalho.
  • Proteção contra demissão arbitrária: especialmente durante tratamento ou reabilitação.
  • Indenização por danos morais e materiais: caso a empresa tenha sido negligente, praticado assédio moral ou exposto o trabalhador a condições degradantes.
  • Direito à reabilitação e tratamento adequado: psicológico, psiquiátrico, terapêutico, com suporte para recuperação.
  • Manutenção da dignidade, saúde e integridade física e emocional: princípios fundamentais garantidos pela legislação trabalhista e pela Constituição, que protegem a pessoa contra abusos.
  • Reconhecimento de doença ocupacional, quando cabível: o que pode assegurar estabilidade, reabilitação e penalizações à empresa.

Esses direitos representam não apenas compensações financeiras, mas sobretudo a reparação pelo dano à saúde, à dignidade e à qualidade de vida — além da garantia de que a pessoa possa retomar, se possível, suas atividades de forma digna.

Posso entrar com um processo contra a empresa e receber indenização?

Sim — há fortes fundamentos legais e jurisprudenciais para que trabalhadores ajuízem ação contra a empresa quando a causa dos problemas de saúde mental for negligência, assédio, sobrecarga ou ambiente de trabalho hostil. As situações mais comuns que motivam ações incluem:

  • Cobrança excessiva de metas e prazos inalcançáveis;
  • Jornada exaustiva sem descanso adequado;
  • Escala imprevisível, falta de controle de horário, horas extras abusivas sem compensação;
  • Exposição a assédio moral, humilhações, intimidações, ameaças;
  • Falta de apoio psicológico ou estrutura mínima de proteção à saúde do trabalhador;
  • Ignorar pedidos de ajuda ou reclamações, deixando o trabalhador desamparado diante do sofrimento.

Nesses casos, é possível pleitear:

  • Danos morais: por sofrimento, angústia, perda da saúde psíquica, abalo emocional.
  • Danos materiais: gastos com tratamento médico, terapias, medicamentos, eventual perda de renda.
  • Estabilização contratual ou reintegração: se a empresa dispensou o trabalhador indevidamente ou tentou puni‑lo durante tratamento.
  • Conversão da doença em acidente de trabalho ou doença ocupacional: com consequente responsabilização da empresa.

Com provas bem estruturadas — laudos, documentos internos, testemunhas, histórico — as chances de sucesso são reais. A Justiça tem reconhecido cada vez mais a responsabilidade de empresas que negligenciam a saúde mental dos empregados.

De que forma um advogado especialista em direito do trabalho atua nesses casos?

Contar com um advogado experiente em saúde ocupacional e direito do trabalho é fundamental para que o trabalhador tenha seus direitos efetivamente assegurados. A atuação do advogado inclui:

  • Análise detalhada do contrato de trabalho e das circunstâncias: verifica se há cláusulas contratuais abusivas, jornadas excessivas, evidências de negligência ou assédio;
  • Auxílio na coleta de provas: orientação para obtenção de relatórios médicos, laudos, atestados, comunicação escrita com a empresa, registros de horário, e-mails, testemunhas;
  • Produção de um dossiê completo: reunindo evidências médicas, psicológicas e documentais que demonstrem o nexo entre trabalho e adoecimento;
  • Propositura de ação judicial trabalhista ou cível: pleiteando afastamento, reintegração, readaptação, indenizações por danos morais e materiais, e/ou conversão para doença ocupacional;
  • Pedido de tutela de urgência ou liminar: quando necessário garantir afastamento imediato ou proteção do trabalhador antes da decisão definitiva;
  • Negociação ou mediação com a empresa, se for viável: buscar acordo extrajudicial, compensações ou readaptação funcional — quando a empresa demonstra disposição para cooperar;
  • Apoio jurídico e psicológico durante todo o processo: garantindo proteção integral, orientação clara e suporte durante a recuperação e eventual retorno ao trabalho.

Esse tipo de atuação transforma a vulnerabilidade do trabalhador em força jurídica — possibilitando que a saúde mental seja respeitada e que direitos fundamentais não sejam negligenciados.

Saiba seus direitos

Cuidar da saúde mental não é luxo — é uma necessidade básica, essencial à dignidade, à integridade e ao direito de viver com qualidade. Quando o ambiente de trabalho se torna um fator de adoecimento psicológico, é fundamental reconhecer que existe respaldo legal para buscar afastamento, tratamento ou compensação.

Os problemas de saúde mental são tão graves quanto doenças físicas. Se o trabalho contribuiu para o agravamento desse quadro — com pressão, sobrecarga, assédio ou negligência — o trabalhador não está desamparado. Ele tem direitos: afastamento, estabilidade, reabilitação, indenização e dignidade.

Nós, do escritório Reis Advocacia, compreendemos a dor, o medo e a insegurança de quem enfrenta esse tipo de sofrimento. Estamos preparados para analisar cada caso, orientar a melhor estratégia, produzir prova robusta e lutar por sua proteção e reparação.

Se você vive uma situação de adoecimento emocional ou psicológico relacionado ao trabalho, não carregue sozinho essa carga. Entre em contato — vamos lutar para que seus direitos sejam respeitados, que sua saúde seja priorizada e que você recupere seu bem‑estar.

Tiago EC

Perguntas frequentes sobre o tema

  1. Quando problemas de saúde mental podem justificar afastamento do trabalho?
    Quando há incapacidade temporária ou permanente para exercer as funções, especialmente após avaliação médica e laudo que indiquem necessidade de descanso ou tratamento.
  2. Preciso de laudo psiquiátrico ou psicológico para pedir afastamento?
    Sim — um laudo bem fundamentado é essencial para comprovar o diagnóstico, o grau de incapacidade e a relação com o trabalho.
  3. A empresa pode me obrigar a voltar antes de eu estar bem?
    Não — se houver laudo médico comprovando incapacidade, a empresa não deve exigir retorno sem avaliação e recuperação adequada do trabalhador.
  4. O afastamento por saúde mental dá direito a salário ou benefício?
    Se for via previdência (INSS), o trabalhador pode obter auxílio‑doença ou aposentadoria por invalidez. Se for por decisão judicial ou acordo, pode haver pagamento retroativo ou indenização.
  5. Posso ser demitido durante o tratamento?
    Em tese não — especialmente se a doença for reconhecida como ocupacional ou se houver estabilidade ou tutela judicial. A dispensa pode ser anulada judicialmente.
  6. O que caracteriza a responsabilidade da empresa nesses casos?
    Negligência, carga excessiva de trabalho, assédio moral, ausência de suporte, jornadas abusivas, metas inalcançáveis e recusa em adaptar o ambiente ou oferecer tratamento.
  7. Quanto tempo dura o afastamento por problemas de saúde mental?
    Depende da gravidade do quadro, da recuperação e do tratamento. Pode durar algumas semanas, meses ou até levar a aposentadoria por invalidez em casos graves.
  8. Vale a pena entrar com ação judicial?
    Se houver provas claras (laudo, documentos, histórico irregular), sim — a Justiça muitas vezes reconhece a obrigação da empresa e concede indenização ou reintegração.
  9. A saúde mental é considerada igual doença física para efeitos legais?
    Sim — os transtornos psicológicos graves têm amparo para afastamento, tratamento e reparação de direitos, desde que devidamente comprovados.
  10. O que fazer se a empresa se recusar a aceitar o laudo e insistir na volta ao trabalho?
    Registre o laudo e o atestado, comunique por escrito (e-mail ou carta) sua condição, e procure um advogado para avaliar medidas judiciais de proteção.

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Referências:

  1. CAPS promove palestra sobre Síndrome de Burnout e esgotamento profissional (TJSP)
    Evento realizado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo abordando os impactos do Burnout e formas de prevenção no ambiente de trabalho.

  2. TJSP promove série de palestras sobre saúde mental em tempos de crise (TJSP)
    Série de palestras com foco em saúde mental, incluindo o esgotamento profissional e Burnout entre trabalhadores e servidores públicos.

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Dr tiago Reis

Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557

Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.

Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.

Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.

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