A crise econômica causada pela pandemia do coronavírus afetou milhares de empresas no Brasil e no mundo.
Muitas delas tiveram que fechar as portas ou recorrer à recuperação judicial ou à falência. Mas como evitar a falência da sua empresa em tempos de crise? Quais são as medidas que você pode tomar para preservar o seu negócio e superar as dificuldades?
Neste artigo, vamos dar algumas dicas práticas de como evitar a falência da sua empresa em tempos de crise, continue a leitura e confira!
O que é falência e quais são os seus efeitos?
Falência é o estado jurídico em que uma empresa se encontra quando não consegue pagar as suas dívidas com os seus credores. A falência pode ser requerida pelo próprio devedor (autofalência) ou por algum credor (falência requerida).
A falência está prevista na Lei nº 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Essa lei tem como objetivo preservar a empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
A decretação da falência implica em diversos efeitos jurídicos, tanto para o devedor quanto para os credores. Alguns desses efeitos são:
A perda do direito de administração dos bens do devedor, que passam a ser administrados por um administrador judicial nomeado pelo juiz;
A arrecadação e a alienação dos bens do devedor, para formar uma massa falida que será destinada ao pagamento dos credores, conforme a ordem legal de preferência;
A suspensão das ações e execuções individuais contra o devedor, que passam a ser habilitadas no processo de falência;
A extinção das obrigações do devedor, após o encerramento da falência, salvo as exceções legais.
Quais são as principais causas da falência?
A falência pode ser causada por diversos fatores internos ou externos à empresa. Alguns desses fatores são:
Crise econômica: a recessão, a inflação, o desemprego, a queda do consumo, a alta dos juros e a escassez de crédito podem afetar negativamente o desempenho das empresas, reduzindo suas receitas e aumentando seus custos.
Concorrência: a entrada de novos concorrentes no mercado, a oferta de produtos ou serviços mais baratos ou de melhor qualidade, a inovação tecnológica e as mudanças nos hábitos dos consumidores podem diminuir a participação das empresas no mercado e comprometer sua rentabilidade.
Gestão ineficiente: a falta de planejamento, controle, organização e liderança na gestão da empresa pode levar a erros estratégicos, operacionais e financeiros, como: precificação inadequada, estoque excessivo ou insuficiente, má qualidade dos produtos ou serviços, desperdício de recursos, endividamento excessivo etc.
Fraudes: os atos ilícitos praticados por sócios, administradores, funcionários ou terceiros podem causar prejuízos financeiros e reputacionais à empresa, como: desvio de dinheiro, falsificação de documentos, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro etc.
Como fazer um diagnóstico da situação financeira da sua empresa?
Para evitar a falência da sua empresa em tempos de crise, é fundamental fazer um diagnóstico da situação financeira da sua empresa.
Esse diagnóstico consiste em analisar os dados contábeis e financeiros da empresa, como: balanço patrimonial, demonstração de resultados, fluxo de caixa, indicadores de desempenho etc.
O objetivo do diagnóstico é identificar os pontos fortes e fracos da empresa, as oportunidades e ameaças do mercado, os riscos e as vulnerabilidades do negócio.
A partir dessa análise, é possível traçar um plano de ação para corrigir os problemas, melhorar os resultados e evitar a falência.
Algumas ferramentas que podem auxiliar no diagnóstico financeiro da empresa são:
Análise SWOT: é uma matriz que permite avaliar as forças (strengths), as fraquezas (weaknesses), as oportunidades (opportunities) e as ameaças (threats) da empresa em relação ao seu ambiente interno e externo.
Análise das 5 Forças de Porter: é um modelo que permite analisar o grau de competitividade da empresa em relação às forças que atuam no seu mercado, como: a rivalidade entre os concorrentes, o poder de barganha dos fornecedores, o poder de barganha dos clientes, a ameaça de novos entrantes e a ameaça de produtos substitutos.
Análise de cenários: é uma técnica que permite projetar diferentes situações futuras para a empresa, considerando variáveis internas e externas, como: cenário otimista, cenário pessimista e cenário mais provável.
Como renegociar as suas dívidas com credores e fornecedores?
Uma das principais causas da falência da empresa é o endividamento excessivo. Por isso, uma das medidas mais importantes para evitar a falência é renegociar as suas dívidas com credores e fornecedores.
Essa renegociação visa à obtenção de condições mais favoráveis para o pagamento das dívidas, como: redução dos juros, alongamento dos prazos, parcelamento dos valores etc.
Para renegociar as suas dívidas com credores e fornecedores, é preciso seguir alguns passos:
- Levantar todas as dívidas da empresa, identificando os credores, os valores, os prazos, os juros e as garantias envolvidas;
- Priorizar as dívidas mais urgentes e relevantes para o funcionamento da empresa, como as trabalhistas, fiscais, bancárias etc;
- Entrar em contato com os credores e fornecedores, demonstrando interesse em quitar as dívidas e propondo um acordo que seja viável para ambas as partes;
- Formalizar o acordo por escrito, especificando as novas condições de pagamento e as eventuais penalidades em caso de descumprimento;
- Cumprir rigorosamente o acordo firmado, evitando novos atrasos ou inadimplências.
Como reduzir os seus custos operacionais?
Outra medida essencial para evitar a falência da sua empresa em tempos de crise é reduzir os seus custos operacionais.
Os custos operacionais são todos os gastos necessários para manter a atividade da empresa, como: aluguel, energia elétrica, água, telefone, internet, salários, impostos etc.
A redução dos custos operacionais visa à melhoria da eficiência e da produtividade da empresa, bem como ao aumento da sua margem de lucro.
Para reduzir os seus custos operacionais, é preciso seguir alguns passos:
- Analisar todos os custos da empresa, identificando os fixos (que não variam com o volume de produção ou vendas) e os variáveis (que variam com o volume de produção ou vendas);
- Classificar os custos em essenciais (que são indispensáveis para o funcionamento da empresa) e não essenciais (que podem ser eliminados ou reduzidos sem prejuízo para o negócio);
- Estabelecer metas e limites para cada tipo de custo, definindo um orçamento mensal para cada área ou departamento da empresa;
- Implementar medidas para reduzir ou eliminar os custos não essenciais, como: renegociar contratos de aluguel ou serviços terceirizados; substituir equipamentos antigos por mais modernos e econômicos; otimizar o uso de recursos naturais; adotar práticas sustentáveis; reduzir o quadro de funcionários; terceir
Implementar medidas para reduzir ou eliminar os custos não essenciais, como: renegociar contratos de aluguel ou serviços terceirizados; substituir equipamentos antigos por mais modernos e econômicos.
Bem como, otimizar o uso de recursos naturais; adotar práticas sustentáveis; reduzir o quadro de funcionários; terceirizar atividades que não fazem parte do core business da empresa etc.
Além dessa práticas é essencial monitorar e controlar os custos da empresa, verificando se as metas e os limites estabelecidos estão sendo cumpridos e se há possibilidade de novas reduções.
Como explorar novas oportunidades de mercado
Uma outra medida importante para evitar a falência da sua empresa em tempos de crise é explorar novas oportunidades de mercado.
As oportunidades de mercado são situações favoráveis que surgem no ambiente externo à empresa, como: demandas não atendidas, nichos inexplorados, tendências emergentes, mudanças no comportamento dos consumidores etc.
A exploração de novas oportunidades de mercado visa à ampliação da carteira de clientes, à diversificação dos produtos ou serviços, à diferenciação da concorrência e ao aumento da receita da empresa.
Para explorar novas oportunidades de mercado, é preciso seguir alguns passos:
Pesquisar o mercado, identificando as necessidades, os desejos, as preferências, os problemas e as expectativas dos consumidores potenciais;
Analisar a concorrência, avaliando os pontos fortes e fracos, as estratégias, os preços, as promoções e a qualidade dos produtos ou serviços oferecidos pelos concorrentes;
Desenvolver novos produtos ou serviços, ou adaptar os existentes, para atender às demandas do mercado e se destacar da concorrência;
Testar os novos produtos ou serviços, obtendo feedback dos consumidores sobre a aceitação, a satisfação, a utilidade e a disposição de compra;
Lançar os novos produtos ou serviços no mercado, definindo o preço, a distribuição, a comunicação e a promoção adequados ao público-alvo.
Como elaborar um plano de contingência e de recuperação
Por fim, uma medida essencial para evitar a falência da sua empresa em tempos de crise é elaborar um plano de contingência e de recuperação.
Um plano de contingência é um documento que prevê as possíveis situações adversas que podem afetar a empresa e estabelece as ações preventivas ou corretivas para minimizar os seus impactos.
Este plano de recuperação é um documento que define as metas, as estratégias e os recursos necessários para restaurar a normalidade das operações da empresa após uma situação crítica.
A elaboração de um plano de contingência e de recuperação visa à preservação da continuidade do negócio, à redução dos riscos e das perdas, à melhoria da resiliência e da capacidade de resposta da empresa. Para elaborar um plano de contingência e de recuperação, é preciso seguir alguns passos:
Identificar os possíveis cenários de crise que podem afetar a empresa, como: desastres naturais, acidentes, incêndios, greves, sabotagens, ataques cibernéticos etc;
Avaliar os impactos potenciais desses cenários sobre a empresa, considerando aspectos financeiros, operacionais, humanos, legais etc;
Além disso, estabelecer as prioridades e os objetivos para cada cenário de crise, definindo o que deve ser feito para prevenir ou resolver cada situação;
Definir as responsabilidades e as atribuições para cada cenário de crise, indicando quem deve fazer o quê, quando e como;
Elaborar um cronograma e um orçamento para cada cenário de crise, estimando o tempo e o custo necessários para executar cada ação;
Revisar e atualizar o plano periodicamente, verificando se as informações estão atualizadas e se as ações estão sendo realizadas conforme o planejado.
A falência da empresa é uma situação indesejada que pode ser evitada com medidas preventivas e corretivas.
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