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Adoção por Casais do Mesmo Sexo: Brigas Judiciais e Preconceitos

Aspectos legais e desafios enfrentados por casais do mesmo sexo no processo de adoção no Brasil.

Adoção
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Adoção por Casais do Mesmo Sexo: Avanços e Desafios

A adoção por casais do mesmo sexo é um tema de grande relevância social e jurídica. Nas últimas décadas, o Brasil tem avançado significativamente em termos de reconhecimento e garantia dos direitos das famílias formadas por casais homoafetivos. No entanto, muitos desafios persistem no caminho para a plena igualdade. Este artigo analisa os avanços legais e os desafios enfrentados por casais do mesmo sexo no processo de adoção no Brasil.

Reconhecimento da União Estável

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, equiparando-a às uniões heterossexuais em termos de direitos e deveres. Este reconhecimento foi um marco importante que abriu caminho para outros direitos, incluindo o da adoção.

Casamento Civil

A Resolução nº 175 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 2013, proibiu os cartórios de recusarem o casamento civil e a conversão de união estável em casamento entre pessoas do mesmo sexo. Com isso, casais homoafetivos passaram a ter os mesmos direitos e deveres que casais heterossexuais, incluindo o direito à adoção conjunta.

Adoção Conjunta

Desde o reconhecimento da união estável e do casamento civil, casais do mesmo sexo têm o direito de adotar crianças e adolescentes de forma conjunta. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não faz distinção entre adotantes com base na orientação sexual, reforçando que o interesse superior da criança deve prevalecer.ADOCAO 1

Procedimentos para Adoção

Habilitação

O processo de adoção começa com a habilitação dos pretendentes. Os casais devem se inscrever no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e passar por uma série de avaliações, incluindo entrevistas, visitas domiciliares e análises psicossociais. Este procedimento é o mesmo para casais heterossexuais e homoafetivos.

Espera e Seleção

Uma vez habilitados, os casais entram na fila de espera para adoção. A seleção dos pretendentes é feita com base no perfil desejado da criança, levando em consideração o melhor interesse do menor. Não deve haver discriminação com base na orientação sexual dos adotantes.

Processo Judicial

O processo de adoção é formalizado judicialmente. Um juiz de vara da infância e juventude analisa o caso e decide sobre a concessão da guarda provisória e, posteriormente, da adoção definitiva. Durante este processo, é essencial que o foco permaneça no bem-estar da criança.

Desafios Persistentes

Preconceito e Discriminação

Apesar dos avanços legais, o preconceito e a discriminação ainda são desafios significativos. Muitos casais homoafetivos enfrentam resistência tanto da sociedade quanto de profissionais envolvidos no processo de adoção. Esta resistência pode se manifestar de várias formas, desde comentários preconceituosos até atrasos e obstáculos burocráticos injustificados.

Falta de Uniformidade nas Decisões Judiciais

Embora a legislação seja clara, a aplicação das leis pode variar. Alguns juízes ainda têm resistência em conceder adoções a casais do mesmo sexo, resultando em decisões inconsistentes e prolongando o processo de adoção.

Desinformação e Estereótipos

A desinformação e os estereótipos sobre famílias homoafetivas podem influenciar negativamente a opinião pública e a atuação de profissionais envolvidos no processo de adoção. É comum que haja dúvidas infundadas sobre a capacidade de casais do mesmo sexo de oferecer um ambiente saudável e seguro para as crianças.

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Casos Notáveis

Caso X e Y (Não será abordado os nomes reais por fim de proteção aos envolvidos)

Um caso emblemático foi o de X e Y, um casal homoafetivo que conseguiu adotar duas crianças em 2015, após uma longa batalha judicial. O caso destacou a necessidade de mudança de mentalidade e serviu como precedente para outros casais em situação semelhante.

5 Principais Brigas Judiciais e Preconceitos em Adoção por Casais do Mesmo Sexo

  1. Reconhecimento da união estável (STF, 2011) abriu caminho para adoção conjunta :contentReference[oaicite:1]{index=1};
  2. Primeiras decisões estaduais pioneiras, como em Catanduva/SP e RS :contentReference[oaicite:2]{index=2};
  3. Resoluções do CNJ (e.g. Resolução 532/2023) proibindo critérios discriminatórios nos processos de adoção :contentReference[oaicite:3]{index=3};
  4. Decisões do STJ afastando obstáculos legais e reconhecendo casos como união homoafetiva há 12 anos :contentReference[oaicite:4]{index=4};
  5. Propostas legislativas contrárias (PL que proíbe casamento homoafetivo) e retrocessos políticos :contentReference[oaicite:5]{index=5}.

Documentos e Evidências Habitualmente Exigidos

Tipo de ProvaFinalidade
Declaração de união estável / certidõesComprovar vínculo familiar e estabilidade da relação
Laudos psicossociais e relatórios CNJAvaliar o “melhor interesse da criança” e garantir tratamento igualitário :contentReference[oaicite:6]{index=6}
Pareceres da Defensoria PúblicaServidor chave na superação de preconceitos institucionais :contentReference[oaicite:7]{index=7}
Resolução CNJ 532/2023Proibição de discriminação na habilitação e adoção :contentReference[oaicite:8]{index=8}
Jurisprudência do STF e STJFundamentação legal que consolida a adoção homoafetiva :contentReference[oaicite:9]{index=9}

Perguntas Frequentes (FAQ)

  • É permitido juridicamente a adoção por casais homoafetivos?
    Sim. O STF reconheceu, em 2015, a adoção por casais do mesmo sexo com base no princípio da igualdade e dignidade :contentReference[oaicite:10]{index=10}.
  • Existem diferenças no procedimento em relação a casais heterossexuais?
    Não. Não há nenhum empecilho legal ou procedimental :contentReference[oaicite:11]{index=11}.
  • O que diz a Resolução 532/2023 do CNJ?
    Garante tratamento igualitário no processo de adoção para casais homoafetivos, vedando manifestações discriminatórias :contentReference[oaicite:12]{index=12}.
  • Há precedentes e estatísticas recentes?
    Sim. Entre 2021 e 2023, os casais homoafetivos adotaram 50.838 crianças — um aumento de 113% :contentReference[oaicite:13]{index=13}.
  • Quais são os principais desafios?
    Insegurança jurídica pela omissão legislativa, discriminação institucional e regionalismos :contentReference[oaicite:14]{index=14}.
Caso Z (Não será abordado os nomes reais por fim de proteção aos envolvidos)

Outro exemplo significativo é o caso de Z, onde um casal do mesmo sexo conseguiu, pela primeira vez, a adoção de um adolescente. Este caso mostrou que não apenas bebês e crianças pequenas são adotados por casais homoafetivos, mas também adolescentes, muitas vezes considerados “difíceis de adotar”.

Importância do Apoio Legal e Psicológico

Suporte Jurídico

O apoio de advogados especializados em direito de família é crucial para casais do mesmo sexo durante o processo de adoção. Estes profissionais podem ajudar a navegar pelas complexidades legais e combater o preconceito que possa surgir.

Acompanhamento Psicológico

O acompanhamento psicológico é igualmente importante, tanto para os adotantes quanto para as crianças adotadas. Este suporte pode ajudar a lidar com os desafios emocionais e garantir que a integração familiar ocorra de maneira saudável.

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Perspectivas Futuras

Educação e Sensibilização

Para que os avanços legais sejam plenamente efetivos, é essencial investir em educação e sensibilização. Campanhas públicas e treinamentos para profissionais do judiciário e dos serviços sociais podem ajudar a combater o preconceito e a desinformação.

Fortalecimento das Políticas Públicas

Fortalecer as políticas públicas de apoio à adoção por casais do mesmo sexo é fundamental. Isso inclui garantir a aplicação uniforme das leis, oferecer suporte contínuo às famílias adotivas e promover a igualdade de direitos.

A adoção por casais do mesmo sexo no Brasil tem avançado significativamente nos últimos anos, graças a mudanças legislativas e decisões judiciais progressistas. No entanto, desafios como preconceito, discriminação e inconsistências nas decisões judiciais ainda persistem.

Leia mais:

Referências:

📞 Precisa de orientação jurídica sobre o tema? Fale com um advogado especializado em Direito de Família agora mesmo.

É crucial continuar trabalhando para garantir que todos os casais, independentemente da orientação sexual, tenham igualdade de oportunidades no processo de adoção e que o interesse superior da criança seja sempre priorizado.

Se você é um casal do mesmo sexo interessado em adoção, busque orientação legal especializada e apoio psicológico para navegar por este processo. Compartilhe sua história para ajudar a aumentar a conscientização e combater o preconceito. Juntos, podemos continuar avançando rumo a uma sociedade mais justa e igualitária.

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DRA MARCELA NOVO

Advogada – OAB/PE 48.169

Advogada há mais de 7 anos, pós-graduação em Direito de Família e Sucessões, com destacada atuação na área. Possui especialização em prática de família e sucessões, em Gestão de Escritórios e Departamentos Jurídicos e em Controladoria Jurídica.

Atuou no Ministério Público do Estado de Pernambuco, nas áreas criminal e de família e sucessões, consolidando experiência prática e estratégica. Membro da Comissão de Direito de Família da OAB/PE (2021).
Autora de publicações acadêmicas relevantes sobre unidades familiares e direitos decorrentes de núcleos familiares ilícitos.

Atuou em mais de 789 processos, com foco em agilidade processual e qualidade, com uma expressiva taxa de êxito superior a 92,38%, especialmente em ações de alimentos, pensões, guarda e divórcio.

Atualmente, também é autora de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito de Família e Sucessões, com foco em auxiliar famílias na resolução de conflitos e em orientar sobre direitos relacionados a alimentos, guarda, pensão e divórcio.

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