Ementa
“RESPONSABILIDADE CIVIL.STALKING. DANO MORAL. 1.- A conduta da parte ré permite a caracterização de STALKING. Intromissão indevida na vida íntima da autora. 2.- Dano moral passível de caracterização e a na sua fixação se deva observar além de outros elementos a extensão da perda de privacidade por parte da autora e a condição econômica do réu. Recurso de apelação provido. ” (TJ-RS, Apelação Cível nº 70074154501)
Imagine ser constantemente perseguido por mensagens, telefonemas e abordagens, mesmo contra sua vontade. Essa foi a realidade vivida por uma vítima de stalking, que precisou recorrer ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) para ter sua dignidade restaurada.
A decisão reconheceu a perseguição reiterada como uma forma de violência psicológica que ultrapassa o mero incômodo: trata-se de uma violação grave da intimidade e liberdade individual. A Justiça condenou o autor das agressões a indenizar a vítima em R$ 3 mil por danos morais.
Esse caso serve de alerta e aprendizado para muitas pessoas que vivem situações semelhantes. Neste artigo você vai descobrir:
- O que é stalking e como ele se configura juridicamente;
- Como o TJ-RS interpretou a situação e aplicou a jurisprudência;
- Quais são os direitos de uma vítima de stalking;
- Como buscar reparação legal;
- Quais passos seguir para obter a indenização;
- Como o Judiciário tem reagido frente a esse tipo de violência;
- Quais os cuidados ao lidar com o stalker e preservar sua integridade;
- Como um advogado pode ser decisivo em casos como esse.
Acompanhe até o final e saiba como o escritório Reis Advocacia pode ajudar você ou alguém que ama a enfrentar essa situação e recomeçar em paz.
Vítima de Stalking – Jurisprudência Comentada TJ-RS
O caso julgado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul trata de uma mulher que passou anos sendo importunada por um homem que a perseguia com mensagens, contatos com seu empregador e outras ações que comprometiam seu bem-estar emocional. A sentença de primeiro grau foi desfavorável à autora, mas, em apelação, o TJ-RS reformou a decisão, reconhecendo o dano moral.
A vítima de stalking demonstrou por meio de provas documentais que havia uma insistência abusiva por parte do réu. O desembargador relator foi claro ao afirmar:
“É evidente o objetivo da parte ré em perturbar e se imiscuir indevidamente no íntimo da autora.”
Como advogados, observamos que a atuação judicial se baseou em princípios fundamentais do direito à intimidade e à dignidade da pessoa humana, previstos na Constituição Federal, bem como nas normas do Código Civil sobre responsabilidade civil (arts. 186 e 927).
Casos como esse exigem sensibilidade e estratégia jurídica. A prova é crucial. Mesmo sem gravações das ligações, as mensagens trocadas serviram como prova irrefutável da conduta abusiva.
Pessoas em situação semelhante à da vítima de stalking devem saber que é possível reverter um quadro de perseguição sistemática e ainda receber compensação financeira. E mais importante: recuperar a paz de espírito e segurança.
Decisão do TJ-RS sobre Vítima de Stalking e Direito à Privacidade
A decisão proferida pelo TJ-RS é paradigmática por consolidar a tese de que o stalking, mesmo antes da tipificação penal (Lei nº 14.132/2021), já era punível na esfera cível por meio da indenização por dano moral.
A tese jurídica central foi:
- Violação do direito à intimidade e privacidade – A constante insistência do réu configurou intrusão indevida e reiterada;
- Responsabilidade civil subjetiva – Houve comprovação de conduta culposa com nexo causal e dano;
- Reparação proporcional ao sofrimento – O valor da indenização considerou o impacto emocional e a condição financeira das partes.
Como advogado, afirmo que essa jurisprudência reforça o dever do Estado de proteger cidadãos contra qualquer forma de violência psicológica. O julgamento também mostra que a Justiça está atenta às novas formas de agressão emocional, especialmente digitais.
Importante lembrar que, mesmo que a vítima de stalking tenha eventualmente respondido às mensagens, isso não descaracteriza o assédio. O Judiciário entende que a reatividade da vítima não justifica a insistência abusiva.
Lições para Quem Sofre Assédio Moral ou Stalking
A história da vítima de stalking que obteve reparação serve de alerta e exemplo para quem vive situação semelhante. Existem muitas formas de stalking:
- Envio constante de mensagens;
- Ligações repetidas;
- Acompanhamento físico da rotina;
- Contato com familiares ou empregadores;
- Invasão de redes sociais ou e-mails.
Se você sofre qualquer uma dessas ações de forma repetida e indesejada, é fundamental:
- Documentar tudo: salve mensagens, prints, e-mails;
- Registrar boletim de ocorrência;
- Evitar contato com o agressor;
- Procurar apoio psicológico;
- Buscar ajuda jurídica especializada.
A dor de quem é vítima de stalking é real. Muitas pessoas sofrem em silêncio por medo, vergonha ou falta de orientação. Mas saiba: a Justiça está do seu lado. O sistema jurídico brasileiro está cada vez mais preparado para enfrentar esse tipo de violência e punir os agressores.
Como Conseguir Indenização por Stalking: Passo a Passo
Para uma vítima de stalking conquistar seus direitos na Justiça, é essencial seguir uma estratégia clara e amparada por profissionais especializados. Veja o passo a passo:
- Identifique e registre as provas: Mensagens, prints, testemunhas;
- Busque proteção imediata: Medida protetiva, se necessário;
- Consulte um advogado especialista: Para analisar a viabilidade da ação;
- Ajuize ação por danos morais: Com base no Código Civil e jurisprudência;
- Acompanhe com paciência e persistência: O processo exige tempo e acompanhamento técnico.
A decisão do TJ-RS mostra que, mesmo quando a sentença inicial é desfavorável, é possível reverter o quadro em instância superior. Foi o que aconteceu com a autora do processo nº 70074154501.
O mais importante é: a vítima de stalking não está sozinha. Com orientação correta, é possível romper o ciclo de violência emocional e obter reconhecimento judicial.
Advogado Especialista em Stalking e Dano Moral
O caso analisado nessa jurisprudência que estamos comentando, mostra que é possível vencer na Justiça mesmo quando o primeiro julgamento é negativo. A vítima de stalking teve sua dignidade reconhecida e recebeu indenização. E isso pode acontecer com qualquer pessoa que busque seus direitos.
Se você ou alguém próximo é vítima de stalking, não hesite, porque tem solução. Você merece respeito, segurança e justiça.
Acesse o tribunal e saiba mais sobre o processo: Apelação Cível nº 70074154501
Perguntas Frequentes sobre Stalking e Dano Moral
- O que é considerado stalking pela Justiça?
Stalking é a perseguição reiterada, indesejada e invasiva que causa medo, angústia ou perturbação à vítima. - Preciso de provas para processar alguém por stalking?
Sim. Prints de mensagens, testemunhas, gravações e outros registros são fundamentais. - Qual é o valor da indenização por stalking?
Depende da gravidade, duração da perseguição e impacto à vítima. No caso citado, foi fixado em R$ 3.000,00. - Stalking é crime?
Sim. Desde 2021, a prática está prevista no Código Penal (Lei 14.132/21), com pena de até 2 anos. - A vítima precisa ter relação anterior com o stalker?
Não. Pode haver stalking mesmo sem qualquer relação prévia. - Posso pedir medida protetiva contra o stalker?
Sim. A vítima pode pedir ao juiz uma ordem de afastamento do agressor. - Quanto tempo leva um processo de indenização sendo vítima de stalking?
Pode variar. Em média, leva de 1 a 3 anos, dependendo do tribunal. - E se o juiz negar meu pedido em primeira instância?
É possível recorrer. O caso citado mostra que o TJ-RS reformou a sentença inicial. - Posso denunciar, já que esou sendo vítima stalking mesmo se for no ambiente de trabalho?
Sim. Stalking no trabalho é assédio moral e pode gerar penalidades e indenização. - O que fazer ao identificar que sou vítima de stalking?
Registrar provas, fazer boletim de ocorrência e procurar um advogado especializado.
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Referências:
TJ-SP – Apelação Cível nº 1075335-67.2021.8.26.0100
Consulta ao portal do Tribunal de Justiça de São Paulo para acessar detalhes do processo de stalking virtual julgado pela 9ª Câmara de Direito Privado.STJ – Jurisprudência sobre perseguição virtual (stalking digital)
Base de jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça para pesquisa de decisões envolvendo perseguição e assédio virtual.
Sócio e Advogado – OAB/PE 41.203
Advogado criminalista, militar e em processo administrativo disciplinar, especializado em Direito Penal Militar e Disciplinar Militar, com mais de uma década de atuação.
Graduado em Direito pela FDR-UFPE (2015), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (ESA-OAB/PE) e em Tribunal do Júri e Execução Penal. Professor de Direito Penal Militar no CFOA (2017) e autor do artigo "Crise na Separação dos Três Poderes", publicado na Revista Acadêmica da FDR (2015).
Atuou em mais de 956 processos, sendo 293 processos administrativos disciplinares, com 95% de absolvições. Especialista em sessões do Tribunal do Júri, com mais de 10 sustentações orais e 100% de aproveitamento.
Atualmente, também é autor de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.





