Audiência de Custódia na Justiça Militar: Como Funciona e Quais Direitos São Garantidos ao Militar Detido
Por que a audiência de custódia é uma etapa essencial para o militar detido e como ela protege os seus direitos fundamentais?
A audiência de custódia é um dos instrumentos mais importantes de proteção dos direitos fundamentais dos militares detidos em flagrante. Na Justiça Militar, essa audiência representa o primeiro contato do preso com o Poder Judiciário, e tem como principal finalidade verificar a legalidade e a necessidade da prisão. É também o momento de identificar eventuais abusos, agressões ou violações de direitos humanos.
Mesmo no ambiente de rígida hierarquia e disciplina das Forças Armadas, o respeito à dignidade humana e às garantias constitucionais permanece sendo um princípio inegociável. Por isso, a audiência de custódia é essencial para equilibrar o poder disciplinar com os direitos individuais, prevenindo prisões arbitrárias e assegurando uma justiça penal mais justa e transparente para o militar.
O que é audiência de custódia e qual sua função na Justiça Militar em 2024?
A audiência de custódia é o ato processual em que o militar preso em flagrante é apresentado, em até 24 horas, a um juiz competente. A finalidade principal é que o magistrado avalie:
- A legalidade da prisão;
- A ocorrência de eventuais abusos;
- A necessidade da manutenção da prisão preventiva ou substituição por medidas cautelares.
Em 2024, a audiência de custódia passou a ter procedimentos mais consolidados na Justiça Militar, seguindo a Resolução nº 213/2015 do CNJ, com adaptações específicas para o ambiente castrense. Trata-se de uma ferramenta importante para garantir os direitos dos militares e evitar práticas abusivas sob o pretexto de disciplina.
Quais são as particularidades da audiência de custódia aplicada ao militar preso em flagrante?
Diferentemente da audiência comum, a custódia militar ocorre em ambiente que leva em conta:
- A natureza do crime (se militar ou comum);
- A hierarquia e a disciplina institucional;
- A jurisdição da Justiça Militar da União ou dos Estados.
O militar pode ser julgado por crime exclusivamente militar, como deserção ou insubordinação, o que implica avaliação própria quanto à continuidade do vínculo com a instituição. Além disso, a presença de um defensor especializado em direito militar é essencial, pois muitas vezes há conflitos entre a norma penal militar e os direitos constitucionais.
Como o militar deve se preparar para a audiência de custódia e o que pode esperar nesse momento decisivo?
O militar deve:
- Ter ciência do motivo de sua prisão;
- Ser assistido por advogado de sua confiança ou por defensor público militar;
- Relatar ao juiz eventuais abusos, lesões ou condutas ilegais ocorridas durante a prisão ou custódia.
Durante a audiência, o juiz poderá:
- Relaxar a prisão, se ilegal;
- Converter em prisão preventiva;
- Aplicar medidas alternativas à prisão;
- Determinar o retorno imediato à unidade militar em regime de observação.
Estar bem orientado por um advogado é crucial para garantir uma postura segura e consciente do militar detido.
Quais direitos fundamentais devem ser garantidos ao militar durante a audiência de custódia?
Durante a audiência, devem ser garantidos:
- Direito à ampla defesa e contraditório;
- Direito ao silêncio e à não autoincriminação;
- Direito de relatar maus-tratos, tortura ou abuso de autoridade;
- Direito de ser informado sobre a motivação da prisão.
Esses direitos derivam diretamente da Constituição Federal, do Pacto de San José da Costa Rica e da Resolução 213/2015 do CNJ. Na prática, a audiência funciona como uma proteção contra o arbítrio, mesmo no rigoroso ambiente militar.
Como funciona a verificação da legalidade da detenção dentro da estrutura militar?
A legalidade da prisão é avaliada de acordo com:
- Os requisitos formais do flagrante;
- A imediata comunicação da prisão à Justiça Militar;
- A lavratura do auto de prisão e sua fundamentação legal.
Caso qualquer desses elementos falte ou haja inconsistência, o juiz pode relaxar a prisão imediatamente. A estrutura militar deve colaborar com a apuração dos fatos e garantir a integridade do preso.
É possível aplicar medidas alternativas à prisão no contexto da Justiça Militar?
Sim. A depender do caso e da natureza do crime, podem ser aplicadas:
- Liberdade provisória com ou sem fiança;
- Afastamento temporário da função;
- Restrição de contato com outros militares envolvidos;
- Comparecimento periódico em juízo.
A aplicação de medidas cautelares está prevista no Código de Processo Penal Militar e deve ser avaliada caso a caso pelo juiz.
O que diferencia a audiência de custódia militar da audiência comum em termos legais e disciplinares?
A principal diferença está no contexto da disciplina militar. Na audiência comum, o foco é a liberdade do cidadão. Na custódia militar, avalia-se também:
- A compatibilidade do militar com a manutenção do serviço;
- A preservação da hierarquia;
- A repercussão do crime dentro da unidade militar.
Contudo, mesmo com essas peculiaridades, a Constituição deve prevalecer. O militar não perde sua condição de cidadão ao vestir a farda.
O que é a Justiça Militar e qual a sua competência para julgar militares das Forças Armadas e das polícias estaduais?
A Justiça Militar é um ramo especializado do Judiciário, com competência para julgar:
- Crimes militares praticados por integrantes das Forças Armadas (União);
- Crimes militares praticados por policiais militares e bombeiros (Estados).
A competência abrange delitos previstos no Código Penal Militar e, em algumas situações, crimes comuns praticados em serviço.
Quais leis e resoluções regem a audiência de custódia no âmbito da Justiça Militar brasileira?
As principais normas são:
- Resolução nº 213/2015 do CNJ;
- Código de Processo Penal Militar (Decreto-Lei 1.002/1969);
- Constituição Federal (arts. 5º e 142);
- Tratados internacionais de direitos humanos.
Essas normas devem ser interpretadas de forma harmônica, respeitando tanto a disciplina militar quanto os direitos fundamentais.
Quem julga o militar preso em flagrante: juiz militar ou juiz civil? Como funciona essa divisão?
A competência depende da natureza do crime:
- Crime militar: julgado pela Justiça Militar (juiz togado e/ou Conselhos de Justiça);
- Crime comum: Justiça comum (juiz civil);
- Crime híbrido: há casos de discussão sobre a jurisdição.
A definição correta do juízo competente é essencial para evitar nulidades processuais e garantir o devido processo legal.
A audiência de custódia é obrigatória para todos os militares? Existem exceções legais ou operacionais?
Sim, a audiência é obrigatória para todos os casos de prisão em flagrante, conforme determina o STF e o CNJ. Exceções operacionais só são admitidas quando:
- Há impossibilidade material de apresentação imediata;
- O militar está em zona de conflito ou missão fora do país.
Mesmo nesses casos, deve-se garantir a apresentação tão logo seja possível, sob pena de nulidade da prisão.
Como o advogado especializado em direito militar atua na audiência de custódia para garantir uma defesa técnica efetiva?
O advogado:
- Prepara o militar para o depoimento;
- Aponta ilegalidades na prisão ou abusos sofridos;
- Apresenta documentos e pedidos de liberdade provisória;
- Garante que a audiência respeite todos os direitos do militar.
A presença de um advogado com experiência na Justiça Militar pode fazer toda a diferença no desfecho do processo.
A audiência de custódia militar deve ser realizada em crimes exclusivamente militares como deserção ou insubordinação?
Sim. Mesmo nesses casos, o militar tem direito à custódia. A jurisprudência atual tem garantido essa proteção, inclusive em casos de:
- Deserção;
- Insubordinação;
- Recusa de obediência;
- Violência contra superior.
A audiência serve para verificar se a prisão se deu dentro dos parâmetros legais, independentemente do tipo penal.
Quais são as recomendações práticas para a condução das audiências de custódia segundo o CNJ e o CPPM?
As recomendações incluem:
- Apresentação do preso em até 24 horas;
- Presença obrigatória do defensor;
- Ambiente seguro e com privacidade;
- Registro da audiência em vídeo ou por termo formalizado.
Essas medidas visam assegurar a transparência e a legalidade do ato.
Por que o equilíbrio entre disciplina militar e direitos fundamentais é essencial durante a audiência de custódia?
Porque sem esse equilíbrio, o processo penal militar corre o risco de se tornar autoritário. O respeito à dignidade da pessoa humana, à legalidade e à ampla defesa precisa ser mantido mesmo em instituições de ordem estrita.
O papel da audiência de custódia é justamente impedir excessos, preservar a confiança institucional e garantir que a Justiça Militar atue com legitimidade.
A audiência de custódia no âmbito da Justiça Militar representa um marco de civilidade dentro das instituições armadas. Mais do que um procedimento, é uma garantia constitucional que protege o militar contra abusos, reforça o devido processo legal e assegura o equilíbrio entre disciplina e justiça.
Na Reis Advocacia, sob a liderança do Dr. Jorge Guimarães (OAB/PE 41.203), temos experiência comprovada na defesa de militares em processos de custódia, garantias constitucionais e ações disciplinares. Já atuamos em dezenas de casos com resultados positivos.
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📚 Referências Externas
- Resolução nº 213/2015 do CNJ
Dispõe sobre a apresentação de toda pessoa presa à autoridade judicial no prazo de 24 horas, regulamentando as audiências de custódia.
Dr. Jorge Guimarães – OAB/PE 41.203
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Sócio e Advogado – OAB/PE 41.203
Advogado criminalista, militar e em processo administrativo disciplinar, especializado em Direito Penal Militar e Disciplinar Militar, com mais de uma década de atuação.
Graduado em Direito pela FDR-UFPE (2015), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (ESA-OAB/PE) e em Tribunal do Júri e Execução Penal. Professor de Direito Penal Militar no CFOA (2017) e autor do artigo "Crise na Separação dos Três Poderes", publicado na Revista Acadêmica da FDR (2015).
Atuou em mais de 956 processos, sendo 293 processos administrativos disciplinares, com 95% de absolvições. Especialista em sessões do Tribunal do Júri, com mais de 10 sustentações orais e 100% de aproveitamento.
Atualmente, também é autor de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.