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Reforma trabalhista e Terceirização: Entenda os detalhes

Descubra como a Reforma Trabalhista de 2017 mudou as regras da terceirização no Brasil e os impactos para empresas e trabalhadores.

Reforma trabalhista e tercerização
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Reforma Trabalhista e Terceirização: Liberdade ou Precarização?

A Reforma Trabalhista de 2017 trouxe inúmeras mudanças para o mercado de trabalho brasileiro, entre elas, a ampliação das possibilidades de terceirização. Antes restrita a atividades-meio, a terceirização passou a ser permitida também para atividades-fim, o que gerou intensos debates sobre as consequências dessa medida.

A reforma trabalhista flexibilizou a terceirização, permitindo que empresas contratem terceiros para qualquer atividade, inclusive a atividade-fim. Isso trouxe mais liberdade para os empregadores, mas também gerou preocupações sobre precarização, redução de direitos e aumento da insegurança jurídica para os trabalhadores.

 

 

O que é Terceirização?

A terceirização é o processo pelo qual uma empresa contrata outra empresa para realizar determinadas atividades que, teoricamente, não estão ligadas diretamente ao seu core business. Antes da reforma trabalhista, a legislação permitia a terceirização apenas para atividades-meio, como serviços de limpeza e segurança. Com a nova legislação, a terceirização foi expandida para incluir também atividades-fim, como a produção de bens e serviços principais da empresa contratante.

Tiago CA

 

Reforma Trabalhista: Principais Mudanças na Terceirização

A Lei nº 13.467/2017, conhecida como Reforma Trabalhista, trouxe mudanças significativas na regulamentação da terceirização. Uma das alterações mais impactantes foi a permissão para que empresas terceirizem qualquer tipo de atividade, inclusive aquelas que são essenciais para o seu funcionamento. Isso abriu espaço para que setores inteiros de uma empresa sejam terceirizados, incluindo áreas como produção, vendas e atendimento ao cliente.

Além disso, a reforma  trabalhista estabeleceu que a empresa contratante deve garantir aos trabalhadores terceirizados as mesmas condições de trabalho, segurança e saúde oferecidas aos seus empregados diretos. No entanto, a responsabilidade pela gestão dos contratos de trabalho dos terceirizados continua sendo da empresa prestadora de serviços.

5 passos para entender os impactos da terceirização após a Reforma Trabalhista:

  1. Compreender o conceito de atividade-fim e atividade-meio após a reforma trabalhista
    Antes, a terceirização era permitida apenas em atividades-meio; hoje, pode abranger todas as funções.

  2. Analisar os riscos de precarização
    A ampliação da terceirização pode significar salários menores, menos benefícios e maior rotatividade.

  3. Verificar a responsabilidade da empresa contratante
    A empresa continua sendo responsável subsidiária por direitos trabalhistas caso a terceirizada descumpra obrigações.

  4. Entender os limites legais da terceirização
    Mesmo com a flexibilização, o empregador deve respeitar direitos básicos como salário e jornada.

  5. Avaliar os impactos no ambiente de trabalho
    Mudanças podem gerar insegurança, afetar a produtividade e aumentar o número de reclamações trabalhistas.

 

Liberdade ou Precarização?

 

Argumentos a Favor da Liberdade

Os defensores da ampliação da terceirização argumentam que essa medida traz mais liberdade para as empresas, permitindo-lhes concentrar-se em suas atividades principais e contratar especialistas para realizar outras funções. Essa flexibilidade, segundo eles, pode aumentar a eficiência e a competitividade das empresas, gerando mais empregos e estimulando o crescimento econômico.

Além disso, a terceirização pode oferecer aos trabalhadores mais oportunidades de emprego, especialmente em setores especializados, onde eles podem adquirir habilidades e experiências diversificadas. Empresas de terceirização podem também oferecer treinamentos específicos para as funções que desempenham, melhorando a qualificação dos trabalhadores.

 

Argumentos Contra a Precarização

Por outro lado, críticos da terceirização ampliada apontam para o risco de precarização das condições de trabalho. A terceirização de atividades-fim pode levar à redução de salários e benefícios, uma vez que as empresas terceirizadas tendem a pagar menos do que as empresas contratantes. Além disso, trabalhadores terceirizados geralmente têm menos estabilidade no emprego e enfrentam mais dificuldades em negociar melhores condições de trabalho.

Outro ponto de preocupação é a falta de vínculo direto entre o trabalhador e a empresa onde ele realmente exerce suas funções, o que pode dificultar o acesso a direitos trabalhistas, como planos de carreira, promoções e participação nos lucros. Esse distanciamento pode também enfraquecer a capacidade dos trabalhadores de se organizarem e reivindicarem seus direitos.

 

Impactos da Terceirização no Mercado de Trabalho

 

Aumento da Flexibilidade

Um dos impactos positivos da ampliação da terceirização é o aumento da flexibilidade para as empresas, que podem ajustar suas equipes de acordo com a demanda. Isso é particularmente útil em setores com sazonalidade ou em momentos de crise econômica, quando as empresas precisam reduzir custos sem comprometer a continuidade dos negócios.

 

Redução de Custos

Para as empresas, a terceirização pode representar uma redução significativa de custos, não apenas em termos de salários, mas também de encargos trabalhistas e administrativos. Isso pode aumentar a competitividade das empresas e permitir-lhes investir mais em inovação e desenvolvimento de novos produtos e serviços.

 

Desafios para os Trabalhadores após a reforma trabalhista

No entanto, a ampliação da terceirização também traz desafios significativos para os trabalhadores. Além da possível redução de salários e benefícios, há preocupações com a qualidade do emprego e a segurança no trabalho. Trabalhadores terceirizados podem ter menos acesso a treinamentos e desenvolvimento profissional, o que pode limitar suas perspectivas de carreira a longo prazo.

Outro desafio é a supervisão das condições de trabalho. Embora a lei estabeleça que as empresas contratantes são responsáveis por garantir condições adequadas de saúde e segurança para os trabalhadores terceirizados, na prática, isso nem sempre acontece. A fiscalização insuficiente e a falta de clareza na responsabilização podem deixar os trabalhadores vulneráveis a abusos e violações de direitos.

 

Jurisprudência e Casos Notórios

Desde a implementação da Reforma Trabalhista, a jurisprudência brasileira tem sido desafiada a lidar com questões relacionadas à terceirização ampliada. Casos de disputas trabalhistas envolvendo terceirização de atividades-fim têm sido cada vez mais comuns, levando os tribunais a estabelecerem novos precedentes sobre a responsabilidade das empresas contratantes e a proteção dos direitos dos trabalhadores terceirizados.

Algumas decisões judiciais recentes têm reforçado a necessidade de as empresas garantirem que a terceirização não resulte em precarização das condições de trabalho. Em alguns casos, os tribunais têm reconhecido a responsabilidade solidária das empresas contratantes por violações de direitos trabalhistas cometidas pelas empresas prestadoras de serviços.

Tiago FA

 

Futuro da Terceirização no Brasil

O futuro da terceirização no Brasil ainda é incerto, especialmente à luz dos debates em torno da reforma trabalhista e das demandas por maior proteção aos trabalhadores. Enquanto alguns defendem a necessidade de mais flexibilidade para enfrentar os desafios econômicos, outros insistem na importância de garantir que a expansão da terceirização não comprometa os direitos dos trabalhadores.

A chave para o futuro da terceirização no Brasil pode estar na busca de um equilíbrio entre a flexibilidade desejada pelas empresas e a proteção necessária para os trabalhadores. Isso pode envolver a criação de novas regulamentações que ofereçam mais clareza sobre as responsabilidades das partes envolvidas e mecanismos mais eficazes de fiscalização e aplicação das leis trabalhistas.

A Reforma Trabalhista trouxe mudanças profundas na regulamentação da terceirização no Brasil, ampliando as possibilidades para as empresas, mas também gerando preocupações sobre a precarização das condições de trabalho. Enquanto a terceirização oferece vantagens em termos de flexibilidade e redução de custos, é essencial que as empresas e o governo trabalhem juntos para garantir que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e que a terceirização não leve à deterioração das condições laborais.

Os debates sobre o impacto da terceirização continuarão a ser um tema central nas discussões sobre o futuro do trabalho no Brasil. É fundamental que todos os atores envolvidos, incluindo empregadores, trabalhadores, sindicatos e legisladores, estejam atentos às consequências dessas mudanças e trabalhem para promover um mercado de trabalho mais justo e equilibrado.

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Perguntas frequentes sobre reforma trabalhista e tercerização

1) A terceirização pode ser aplicada à atividade-fim?
Sim. Após a Reforma Trabalhista, a terceirização foi liberada para todas as atividades da empresa.

2) A empresa contratante pode ser responsabilizada por direitos trabalhistas?
Sim. Ela continua responsável de forma subsidiária caso a terceirizada descumpra obrigações.

3) Quais são os principais riscos da ampliação da terceirização?
Precarização das condições de trabalho, redução salarial, perda de benefícios e aumento da rotatividade.

4) O trabalhador terceirizado tem os mesmos direitos de um efetivo?
Tem direitos básicos garantidos, mas pode haver diferenças em benefícios e estabilidade.

5) A terceirização traz redução de custos para a empresa?
Sim. Um dos principais objetivos da terceirização é a redução de custos operacionais e trabalhistas.

6) O trabalhador terceirizado pode reivindicar equiparação salarial com os efetivos?
Geralmente não. Salvo casos de fraude ou desvio de função, os salários podem ser diferentes.

7) A terceirização aumenta o risco de ações trabalhistas?
Sim. Especialmente se houver irregularidades no cumprimento das obrigações pela empresa terceirizada.

8) Existem setores mais afetados pela ampliação da terceirização?
Sim. Setores como limpeza, segurança, telemarketing e construção civil estão entre os mais impactados.

9) Como a Justiça do Trabalho tem interpretado a nova regra?
De forma cautelosa. Os tribunais analisam caso a caso, buscando evitar abusos e fraudes na terceirização.

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Referências:

  1. Decreto nº 30.286/2007 – Pernambuco (padronização da terceirização)
    Padroniza processos licitatórios e contratações de serviços terceirizados por órgãos públicos estaduais.

  2. Lei da Terceirização – Lei nº 13.429/2017
    Dispõe sobre o trabalho temporário e autorizou a terceirização em atividades-fim, com constitucionalidade confirmada pelo STF

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Dr tiago Reis

Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557

Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.

Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.

Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.

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