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Demissão no Tratamento Médico: Entenda Seus Direitos

Saiba se a empresa pode te demitir durante o tratamento médico, quando há estabilidade e o que fazer em caso de dispensa injusta. Proteja sua saúde.

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‘Ser demitido durante um tratamento de saúde é uma situação que gera medo, insegurança e muitas dúvidas. Afinal, o trabalhador pode ser dispensado mesmo estando doente ou afastado pelo INSS? E quais são os seus direitos nesses casos?

A legislação brasileira oferece proteções importantes para quem enfrenta problemas de saúde, mas os detalhes importam. Nem toda demissão é ilegal, mas há situações em que o ato é abusivo ou até discriminatório. Entender essas diferenças é essencial.

Neste artigo, você vai descobrir quando há estabilidade, o que caracteriza uma demissão discriminatória e como a Justiça tem tratado o tema. Saiba também como reunir provas e buscar apoio jurídico para proteger sua saúde e seu emprego.

Posso ser demitido durante tratamento médico? Entenda seus direitos!

Ser demitido do emprego nunca é fácil — ainda mais quando isso acontece durante um tratamento médico. A insegurança cresce, as contas se acumulam, e o medo de não conseguir manter o tratamento se instala. Mas será que a empresa pode te dispensar enquanto você está doente ou em recuperação? E se estiver afastado pelo INSS? Existe estabilidade nesse período?

A boa notícia é que a legislação trabalhista prevê diversas proteções ao trabalhador em situações de enfermidade. Mas os detalhes fazem toda a diferença — e muitas pessoas têm seus direitos desrespeitados por desconhecimento ou falta de orientação jurídica adequada.

Neste artigo, nossos advogados especializados explicam:

  • O que diz a CLT sobre demissão de trabalhadores doentes;

  • Quando há estabilidade no emprego por motivo de doença;

  • A diferença entre afastamento pelo INSS e atestado médico;

  • O que é demissão discriminatória e como a Justiça trata esses casos;

  • Como agir se for dispensado durante um tratamento;

  • Exemplos de decisões judiciais sobre o tema.

Ao final, você entenderá exatamente quais são seus direitos e como proteger sua saúde e seu trabalho ao mesmo tempo.

Tiago EC

Demissão durante tratamento médico: O que diz a CLT sobre

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não proíbe expressamente a demissão de um funcionário em tratamento médico. Ou seja, em regra, a empresa pode sim dispensar o empregado, desde que cumpra com os requisitos legais e não haja estabilidade prevista em norma coletiva, lei ou situação especial.

No entanto, existem exceções importantes, que protegem o trabalhador nessas situações. A Justiça do Trabalho tem sido cada vez mais rigorosa com empresas que demitem pessoas em tratamento de saúde, sobretudo se a dispensa for considerada discriminatória.

Quando o trabalhador tem estabilidade no emprego?

A estabilidade é uma garantia temporária que impede a demissão sem justa causa durante determinado período. Em casos de doença, ela pode ocorrer em duas situações principais:

1. Estabilidade após afastamento pelo INSS (auxílio-doença acidentário)

Se o trabalhador for afastado por mais de 15 dias com auxílio-doença acidentário (código B91), decorrente de doença ocupacional ou acidente de trabalho, ele tem garantia de 12 meses de estabilidade após a alta.

Essa proteção está prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91: “O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho após a cessação do auxílio-doença acidentário […]”.

2. Estabilidade prevista em convenções coletivas

Muitas convenções e acordos coletivos (firmados entre sindicatos e empresas) garantem estabilidade para trabalhadores afastados por doença comum. Os prazos e condições variam conforme a categoria profissional.

Existe estabilidade para quem apresenta atestados médicos curtos?

Aqui entra uma dúvida comum: quem entrega vários atestados curtos (1 a 3 dias), mas não é afastado pelo INSS, tem estabilidade?

Neste caso, não há garantia legal de estabilidade automática. Mas, a empresa não pode utilizar isso como motivo para demissão. Se houver indícios de que o afastamento foi a causa da dispensa, é possível configurar discriminação, e a demissão poderá ser anulada.

O que é demissão discriminatória?

Demissão discriminatória ocorre quando a empresa dispensa um empregado por motivo relacionado à sua condição de saúde, idade, deficiência, raça, orientação sexual ou outra característica protegida por lei.

Em 2023, o STF consolidou entendimento sobre o tema no julgamento do Recurso Extraordinário 776.594: “A despedida de trabalhador portador de doença grave ou estigmatizante, que gere preconceito ou estigma social, sem a devida justificativa, presume-se discriminatória.”

Se a demissão for considerada discriminatória, o trabalhador pode pedir:

  • Readmissão imediata com pagamento retroativo dos salários;

  • Ou, caso prefira, indenização em dobro do período que teria direito a estabilidade.

Quais as principais doenças que geram estabilidade ou presumem discriminação?

A Justiça costuma conceder estabilidade em casos de doenças que requeiram afastamentos prolongados ou tragam estigma social, como:

  • Câncer (neoplasias malignas);

  • HIV/AIDS;

  • Doenças psiquiátricas (como depressão profunda);

  • Lúpus;

  • Esclerose múltipla;

  • Hepatite crônica;

  • Parkinson ou Alzheimer em estágios iniciais.

Mas atenção: o simples diagnóstico da doença não garante a estabilidade. É necessário comprovar o vínculo com o trabalho ou a natureza discriminatória da dispensa.

O que fazer se fui demitido durante tratamento médico?

Se você foi dispensado durante um tratamento de saúde, é essencial:

1. Reunir documentos e provas

  • Atestados médicos;

  • Exames e laudos;

  • Comunicações com a empresa;

  • Holerites e registros de afastamentos;

  • Carta de demissão ou aviso prévio.

2. Buscar orientação jurídica imediata

Procure um advogado trabalhista para analisar se há indícios de:

  • Estabilidade ignorada;

  • Demissão discriminatória;

  • Vício de forma ou abuso de direito.

3. Avaliar se é melhor buscar reintegração ou indenização

Dependendo da situação, você pode pedir:

  • Reintegração ao emprego com pagamento retroativo;

  • Ou indenização por danos morais e materiais.

5 passos para assegurar seus direitos caso seja demitido durante tratamento médico

  1. Verificar se há estabilidade legal – Avalie se você está amparado pela estabilidade do auxílio‑doença acidentário ou por norma coletiva.

  2. Reunir provas médicas e documentos – Atestados, laudos, exames, holerites e registros de afastamento.

  3. Analisar se a dispensa foi discriminatória – Se houve demissão por motivo de saúde, estigma ou característica protegida por lei.

  4. Buscar orientação jurídica especializada – Advogado trabalhista poderá orientar sobre reintegração, indenização ou danos morais.

  5. Decidir entre reintegração ou indenização – Dependendo do caso, é possível requerer readmissão ou compensação financeira.

Jurisprudência: casos reais de demissão durante tratamento

TRT-2 (SP) – Processo 1000457-19.2022.5.02.0003

Trabalhadora foi dispensada durante tratamento contra câncer de mama. Justiça reconheceu demissão discriminatória e determinou readmissão imediata e pagamento dos salários do período afastado.

TRT-3 (MG) – Processo 0010135-89.2021.5.03.0017

Empregado com síndrome do pânico foi desligado após atestados sucessivos. Sentença entendeu que houve estigma associado à condição e fixou indenização de R$ 40 mil por danos morais.

TST – RR-1226-88.2017.5.03.0058

Decidiu que a dispensa de trabalhador em tratamento psiquiátrico sem avaliação médica do trabalho configura nulidade do ato demissional.

O papel do exame demissional

Se o trabalhador estiver em tratamento médico, a empresa só pode efetivar a demissão se:

  • For realizada perícia médica demissional;

  • E o médico do trabalho atestar plena aptidão física e mental.

Caso contrário, o desligamento pode ser invalidado por vício formal.

Tiago EC

Como o advogado pode ajudar?

Um advogado trabalhista especializado poderá:

  • Avaliar se há estabilidade ou direito à reintegração;

  • Solicitar tutela de urgência para retorno ao emprego;

  • Ingressar com ação por danos morais e materiais;

  • Solicitar produção de prova médica e testemunhal;

  • Negociar acordo extrajudicial com segurança.

Demissão durante tratamento pode ser ilegal

Embora a demissão durante o tratamento médico não seja proibida em todos os casos, existem regras claras sobre quando ela é considerada ilegal, abusiva ou discriminatória.

Cada caso exige análise técnica, e agir rápido é essencial para garantir seus direitos.

Entre em contato com a Reis Advocacia e tenha ao seu lado um time de advogados especialistas.
Se quiser entender mais sobre os seus direitos, acesse nossos outros artigos no blog e continue se informando com quem entende do assunto.

Perguntas frequentes demissão no tratamento médico

  1. A empresa pode me demitir enquanto estou doente, mas não afastado pelo INSS?
    Sim, pode, mas se houver indício de que a doença motivou a dispensa, a demissão pode ser considerada discriminatória e ser anulada judicialmente.
  2. Tenho estabilidade no emprego se estiver afastado pelo INSS?
    Sim, se o afastamento for por acidente de trabalho ou doença ocupacional, há estabilidade de 12 meses após o retorno, conforme a Lei nº 8.213/91.
  3. E se a doença não for relacionada ao trabalho, tenho algum direito?
    Em geral, não há estabilidade, mas se a dispensa for discriminatória ou houver previsão em norma coletiva, pode haver proteção.
  4. Como saber se minha demissão foi discriminatória?
    Se a dispensa estiver ligada à condição de saúde, como HIV, câncer ou doenças estigmatizadas, pode ser presumida como discriminatória pelos tribunais.
  5. Quais provas posso apresentar para contestar a demissão?
    Atestados médicos, laudos, documentos do INSS, mensagens, e testemunhas que comprovem que a empresa sabia do estado de saúde.
  6. Posso ser readmitido se for comprovada a demissão discriminatória?
    Sim, é possível pedir judicialmente a reintegração ao cargo com pagamento dos salários retroativos, ou optar por indenização.
  7. Quanto posso receber de indenização nesse tipo de caso?
    Depende do caso, mas pode incluir salários retroativos, danos morais e até o dobro da remuneração se confirmada a discriminação.
  8. Doenças psicológicas ou psiquiátricas também geram proteção?
    Sim, se houver estigma ou preconceito relacionado, e se ficar claro que a demissão decorreu da condição de saúde mental.
  9. A empresa pode me dispensar durante a licença médica?
    A demissão durante o afastamento médico pode ocorrer, mas se for sem justa causa e estiver ligada à doença, pode ser anulada.
  10. Preciso de advogado para mover esse tipo de ação?
    Sim, é altamente recomendável ter apoio jurídico especializado em Direito do Trabalho para analisar o caso e propor ação adequada.

Leia também:

  1. Danos Morais em Casos de Negligência Médica: Seus Direitos – Saiba quando familiares podem pleitear indenização por falhas no tratamento médico.
  2. Erro Médico: O Que É, Tipos e Como Recorrer? – Entenda os tipos de erro médico mais comuns e os direitos do paciente.

Referências:

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Dr tiago Reis

Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557

Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.

Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.

Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.

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