Doutor Tiago Oliveira Reis
Advogado e Sócio Fundador
Publicado em: 23/05/2025
O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) é um procedimento formal que visa apurar infrações cometidas por profissionais da saúde, incluindo médicos, e pode ser instaurado em diversas situações, como erro médico. Esse processo tem como objetivo verificar a responsabilidade do profissional e, em casos de culpa ou negligência, aplicar as penalidades cabíveis.
No contexto da medicina, o erro médico é uma das causas mais recorrentes para a abertura de um PAD. O que muitos profissionais da saúde não sabem é que, mesmo com boas intenções, um erro pode ter consequências sérias. Neste artigo, vamos explicar o que é o PAD por erro médico, as condutas que podem gerar sua abertura, os direitos dos médicos durante o processo e como um advogado pode atuar para proteger o profissional.
Acompanhe as informações a seguir para entender melhor os seus direitos e como se proteger em um caso de PAD relacionado a erro médico.
O que é um PAD por erro médico?
O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) é uma apuração formal, instaurada para investigar a conduta de um profissional da saúde, no caso, um médico, quando há suspeitas de que ele tenha cometido infrações éticas ou técnicas. No caso do erro médico, o PAD busca esclarecer se houve negligência, imprudência ou imperícia por parte do médico durante o atendimento a um paciente.
Quando o erro médico é identificado, seja por denúncia de pacientes, familiares ou mesmo em auditorias internas, pode-se abrir um PAD para investigar a responsabilidade do médico. Esse processo, realizado por uma comissão disciplinar, tem o objetivo de assegurar que a conduta do médico esteja em conformidade com os padrões éticos e técnicos exigidos pela profissão. Caso seja identificado que o médico cometeu um erro passível de punição, ele pode ser advertido, suspenso ou até mesmo perder sua licença para exercer a medicina.
O PAD por erro médico é uma ferramenta importante para garantir a segurança dos pacientes e a qualidade no atendimento médico. No entanto, é crucial que o processo seja conduzido de forma justa e imparcial, respeitando os direitos do profissional de saúde, que deve ter a oportunidade de apresentar sua defesa adequadamente.
Quais condutas médicas podem gerar a abertura de um PAD?
Existem diversas condutas médicas que podem gerar a abertura de um PAD. As mais comuns incluem:
Negligência: Quando o médico deixa de tomar as medidas necessárias para prevenir um erro, ou age de forma desleixada ao tratar um paciente.
Imprudência: Quando o médico toma atitudes apressadas e sem o devido cuidado, que resultam em erro médico, como a realização de procedimentos sem as devidas verificações ou cuidados.
Imperícia: Falta de habilidade técnica ou conhecimento específico para realizar um procedimento adequado. Isso pode ocorrer quando o médico não tem experiência suficiente em determinado procedimento e acaba cometendo um erro.
Além disso, outras condutas podem ser analisadas no PAD, como:
Falta de diligência no acompanhamento de tratamentos e diagnósticos: A ausência de cuidado contínuo com o paciente pode levar a consequências negativas para a saúde do mesmo, gerando erros médicos.
Maus-tratos ou negligência com pacientes: O comportamento inadequado no trato com pacientes pode ser considerado um erro médico, especialmente se afetar o tratamento ou a saúde do paciente.
Essas condutas são as mais frequentemente associadas a PADs na área da saúde. Quando qualquer uma dessas atitudes resulta em dano ao paciente, o médico pode ser convocado a responder ao processo administrativo, com possibilidade de aplicação de penalidades.
Como funciona o processo administrativo disciplinar na área da saúde?
O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na área da saúde funciona de forma semelhante a outros tipos de PAD, com algumas especificidades relacionadas à profissão médica. Esse processo é regido pela Lei nº 8.112/1990, que estabelece as normas para a administração pública federal, e também por normativas específicas dos conselhos regionais de medicina.
Quando um erro médico é identificado, o PAD começa com a abertura formal do processo, que ocorre após a denúncia ou identificação do erro. A comissão disciplinar, composta por médicos e profissionais da área jurídica, inicia uma investigação minuciosa dos fatos. Durante essa fase, o médico tem o direito de apresentar sua defesa, podendo fornecer documentos, depoimentos e argumentos que justifiquem sua conduta.
Depois de ouvir as partes envolvidas e analisar as provas, a comissão decide se o médico deve ser punido e qual será a pena, caso seja considerado culpado. As penas podem variar de advertência (caso o erro seja considerado leve) até cassação do registro profissional, dependendo da gravidade do erro médico.
Durante todo o processo, é essencial que o médico tenha a assistência de um advogado especializado, que irá orientar sobre como proceder, coletar provas favoráveis e apresentar a defesa. Caso o médico não concorde com a decisão da comissão, ele pode recorrer da decisão nas instâncias superiores ou até mesmo recorrer à justiça para reverter a penalidade imposta.
Quais direitos têm os médicos que sofreram PAD por erro médico?
Os médicos que enfrentam um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) por erro médico têm diversos direitos garantidos pela legislação, bem como pelo Código de Ética Médica. Esses direitos são fundamentais para assegurar que o processo seja justo e que o médico tenha a chance de se defender adequadamente. Vamos explicar, abaixo, os principais direitos que os médicos têm em casos de PAD.
Primeiramente, o direito à ampla defesa é um dos pilares mais importantes. O médico tem o direito de se defender das acusações, apresentando as provas e argumentos que considere pertinentes. Ele também tem o direito de ser ouvido, de se fazer acompanhar por um advogado e de contestar as acusações apresentadas, garantindo que todos os pontos de sua defesa sejam devidamente analisados.
Outro direito crucial é o direito ao contraditório. Isso significa que o médico tem o direito de se manifestar sobre as provas apresentadas contra ele e de questionar qualquer decisão ou evidência que considere inadequada ou ilegítima durante o processo. Esse direito assegura que o médico tenha a oportunidade de se defender antes de qualquer decisão final.
Além disso, os médicos têm o direito a um julgamento imparcial. A comissão responsável pela apuração do erro médico deve ser imparcial, considerando todos os aspectos do caso antes de tomar uma decisão. O objetivo aqui é garantir que a análise dos fatos seja feita de maneira justa, sem preconceitos ou influências externas que possam prejudicar a decisão.
Em caso de penalidade imposta, o médico tem o direito à revisão da decisão. Se ele não concordar com a penalidade aplicada, pode solicitar a revisão da decisão ou, caso necessário, recorrer judicialmente. Isso é uma forma de garantir que o processo de PAD não seja definitivo e que haja possibilidade de reconsideração, caso haja falhas no julgamento.
Por fim, o médico também tem o direito à preservação do exercício profissional. Mesmo durante o processo de PAD, o médico não deve ser impedido de exercer suas funções, exceto em casos de medidas cautelares específicas, como a suspensão preventiva do registro, que deve ser devidamente justificada. Esse direito é fundamental, pois garante que o médico continue com sua atividade profissional até que o processo seja concluído.
Esses direitos são essenciais para garantir que o médico tenha uma chance justa de se defender e que o PAD seja conduzido de maneira ética, transparente e dentro dos limites legais.
Quais são as fases de um PAD envolvendo erro médico?
O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) envolvendo erro médico segue uma sequência de fases processuais que têm como objetivo garantir a apuração dos fatos de maneira justa e equilibrada. Abaixo, detalhamos as principais fases de um PAD:
A primeira fase é o instauramento do processo, ou seja, a abertura do PAD. Esse processo geralmente é iniciado após uma denúncia ou apuração preliminar sobre a conduta do médico. Essa fase inicial marca o início da formalização do processo e permite que as partes envolvidas, incluindo o médico, sejam informadas sobre a investigação.
Em seguida, ocorre a investigação preliminar, onde a comissão designada para o PAD realiza uma apuração inicial. Durante essa fase, são coletadas provas, ouvidas testemunhas e analisados documentos que possam confirmar ou refutar a acusação de erro médico. A comissão responsável pelo processo deve se assegurar de que todas as informações pertinentes sejam consideradas antes de tomar qualquer decisão.
Depois, temos a fase de defesa do médico, onde ele é notificado formalmente sobre as acusações e tem o direito de apresentar sua defesa. O advogado do médico desempenha um papel importante nessa fase, pois pode apresentar provas e argumentos que justifiquem a conduta do médico, buscando uma solução favorável ao cliente. Essa fase é crucial, pois dá ao médico a oportunidade de se defender e de demonstrar que sua conduta foi apropriada ou que o erro não foi de sua responsabilidade.
A próxima fase é a decisão da comissão, na qual a comissão responsável pelo PAD analisa as provas e defesas apresentadas. Com base nessas informações, a comissão decide se o médico cometeu erro médico e qual a penalidade será aplicada. As penalidades podem variar, desde advertências até a cassação do registro profissional, dependendo da gravidade do erro.
Por fim, caso o médico não concorde com a decisão, ele tem o direito de recorrer. A fase de recurso permite que o médico questione a decisão da comissão e solicite uma revisão da mesma. Se necessário, o médico pode buscar revisão judicial, caso o processo tenha sido conduzido de forma inadequada ou sem a devida imparcialidade.
O PAD deve ser conduzido com transparência e justiça, respeitando os direitos do médico e garantindo que a apuração seja feita de forma adequada.
Como um advogado pode auxiliar na defesa técnica em PADs médicos?
A atuação de um advogado especializado em direito médico é essencial em um PAD envolvendo erro médico. O advogado tem um papel crucial em assegurar que o médico tenha uma defesa adequada e que seus direitos sejam respeitados durante todo o processo.
A primeira atuação do advogado é analisar o caso e as acusações para entender a fundamentação do PAD. Ele pode reunir evidências favoráveis, como laudos médicos, testemunhos e outros documentos que comprovem a boa-fé do profissional. O advogado também orienta sobre os procedimentos legais, garantindo que o médico se manifeste corretamente e tenha todos os direitos respeitados durante a apuração.
Além disso, o advogado pode intervir no processo para questionar a legalidade das provas ou dos procedimentos adotados pela comissão disciplinar. Caso a decisão final seja desfavorável, o advogado pode recorrer da decisão ou buscar a revisão judicial, buscando a melhor solução para o médico.
Portanto, o papel do advogado é fundamental para garantir uma defesa técnica robusta, respeitando os direitos do médico e ajudando a resolver a situação de maneira justa.
O PAD por erro médico é um procedimento jurídico importante para garantir a responsabilização de profissionais da saúde, mas também deve ser conduzido com justiça e respeito aos direitos do médico. Entender o que é o PAD, como ele funciona e os direitos do médico é essencial para qualquer profissional da área da saúde.
Na Reis Advocacia, nossos advogados especializados em direito médico estão prontos para ajudar profissionais da saúde que enfrentam processos administrativos. Se você sofreu um PAD ou precisa de orientação sobre o assunto, entre em contato conosco. Estamos aqui para garantir que seus direitos sejam protegidos.
Se você é médico e está enfrentando um PAD ou se deseja saber mais sobre seus direitos em casos de erro médico, entre em contato com nossos advogados especializados. Estamos prontos para defender sua boa-fé e garantir que seus direitos sejam respeitados.
Dr. Tiago O. Reis, OAB/PE 34.925, OAB/SP 532.058, OAB/RN 22.557
Advogado há mais de 12 anos e sócio-fundador da Reis Advocacia. Pós-graduado em Direito Constitucional (2013) e Direito Processual (2017), com MBA em Gestão Empresarial e Financeira (2022). Ex-servidor público, fez a escolha consciente de deixar a carreira estatal para se dedicar integralmente à advocacia.
Com ampla experiência prática jurídica, atuou diretamente em mais de 5.242 processos, consolidando expertise em diversas áreas do Direito e oferecendo soluções jurídicas eficazes e personalizadas.
Atualmente, também atua como Autor de Artigos e Editor-Chefe no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados, orientações práticas e informações confiáveis para auxiliar quem busca justiça e segurança na defesa de seus direitos.