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Como funciona a redução de pena no homicídio privilegiado?

Você sabe o que é homicídio privilegiado e como funciona a redução de pena nesse tipo de crime? Neste artigo completo, descubra o que a lei diz.

Homicídio privilegiado
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Publicado em: | Atualizado em:

O homicídio privilegiado é um dos temas mais complexos e delicados do Direito Penal. Isso porque envolve a perda de uma vida humana — um bem jurídico de valor máximo — mas, ao mesmo tempo, a compreensão de que nem todo ato de matar deve ser punido com a mesma severidade.

Se você quer entender:

  • O que caracteriza o homicídio privilegiado;
  • Como funciona a redução de pena prevista em lei;
  • As teses jurídicas aplicadas para sua defesa;
  • E como um advogado criminalista pode atuar nesses casos;

Então este conteúdo foi feito especialmente para você. Aqui, vamos analisar os fundamentos legais, as decisões dos tribunais e oferecer uma explicação clara, direta e aprofundada — como só um advogado especialista faria.

Continue a leitura e descubra como o homicídio privilegiado funciona na prática, quais os critérios legais, como a pena é reduzida, e o que fazer caso você ou alguém próximo esteja sendo acusado desse tipo de crime.

Tiago EC

O que é um homicídio privilegiado?

O homicídio privilegiado é uma forma especial de homicídio doloso (aquele em que há intenção de matar) que, embora grave, é cometido sob circunstâncias que diminuem a reprovabilidade do ato.

De acordo com o art. 121, §1º do Código Penal, configura-se homicídio privilegiado quando o agente:

  • Atua sob domínio de violenta emoção logo após uma injusta provocação da vítima;
  • Ou age movido por motivo de relevante valor moral ou social.

O objetivo da norma é considerar a diminuição da culpabilidade do autor, reconhecendo que o comportamento da vítima ou o contexto do fato foi tão impactante que o levou a agir em desequilíbrio emocional ou moral.

Exemplos reais:

  • Um pai que mata o estuprador da filha ao flagrar o ato;
  • Uma mulher que, após anos de agressões, reage de forma letal ao companheiro;
  • Um homem que mata o traficante que vendia drogas para o filho adolescente.

O homicídio privilegiado, portanto, não é uma desculpa para matar, mas sim o reconhecimento jurídico de que, em certos contextos, a conduta não deve ser tratada da mesma forma que um assassinato premeditado, frio e calculado.

O que a lei diz sobre homicídio privilegiado?

A previsão legal do homicídio privilegiado está no artigo 121, §1º, do Código Penal Brasileiro:

Art. 121, §1º – “Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.”

O caput do artigo prevê a pena de 6 a 20 anos de reclusão para o homicídio simples. Com o privilégio reconhecido, essa pena pode ser significativamente reduzida, conforme a intensidade do fator atenuante e a avaliação do juiz.

Além disso, a legislação não exige prova absoluta de que o réu estava fora de controle. Basta que fique evidenciado, por meio dos autos, que a emoção ou o valor moral/social influenciaram de maneira decisiva sua conduta.

Como a diminuição de pena no homicídio privilegiado funciona?

A redução da pena no homicídio privilegiado funciona como um redutor aplicado na segunda fase da dosimetria penal, ou seja, após o juiz fixar a pena base com base nas circunstâncias judiciais.

O passo a passo é o seguinte:

  1. Pena base: O juiz analisa antecedentes, personalidade, consequências do crime, etc., e fixa uma pena entre 6 e 20 anos;
  2. Causa de diminuição: Se reconhecido o homicídio privilegiado, aplica-se um redutor de 1/6 a 1/3;
  3. Agravantes e atenuantes: São analisadas, como confissão, reincidência etc.;
  4. Pena final: É fixada com base nas análises anteriores.

Exemplo prático:

  • Pena base: 15 anos
  • Redução de 1/3: 15 – 5 = 10 anos de reclusão

Em muitos casos, esse redutor faz diferença direta no regime de cumprimento de pena, permitindo que o réu cumpra em regime semiaberto ou até prisão domiciliar.

Tiago CA

Passo a passo para entender essa questão

  1. Comissão do crime: O homicídio acontece, muitas vezes sob forte emoção;
  2. Investigação policial: A defesa já pode atuar coletando provas;
  3. Denúncia pelo MP: É oferecida com base no art. 121;
  4. Defesa levanta o privilégio: Na resposta à acusação ou em audiência;
  5. Instrução processual: Provas, testemunhas e perícias são analisadas;
  6. Sentença: O juiz decide se reconhece ou não o privilégio e aplica o redutor;
  7. Execução penal: Com a pena reduzida, a defesa pode buscar progressão de regime.

A redução da pena no homicídio privilegiado pode cair até quanto?

O redutor legal permite que a pena caia até 1/3 do total. Em números:

  • De 15 anos para 10 anos;
  • De 12 anos para 8 anos;
  • De 9 anos para 6 anos.

Mas atenção: essa redução depende da comprovação técnica do privilégio e da persuasão da defesa. Quanto mais bem fundamentada for a tese jurídica e mais consistentes forem os elementos apresentados, maior a chance de obter o redutor máximo.

Jurisprudência sobre homicídio privilegiado

Os tribunais superiores têm reconhecido o homicídio privilegiado em diversas situações:

STJ – HC 590.339/SP
“A coexistência do homicídio privilegiado e da qualificadora não é, em tese, incompatível. O privilégio pode ser reconhecido mesmo na presença de qualificadoras, desde que os requisitos do §1º do art. 121 estejam presentes.”

Esse entendimento é importante, pois a presença de uma qualificadora (ex: motivo fútil, recurso que dificultou defesa) não exclui automaticamente o privilégio, desde que haja compatibilidade.

Outros casos reconhecem a legítima defesa da honra ou a forte comoção moral como elementos válidos para configurar o privilégio.

Qual a importância de um advogado criminalista nesses casos?

Sem a atuação de um advogado criminalista experiente, as chances de reconhecimento do privilégio são drasticamente reduzidas. Isso porque:

  • A emoção ou valor moral precisam ser comprovados juridicamente;
  • É necessário construir uma linha de defesa coerente, com provas e testemunhos;
  • O profissional conhece teses jurisprudenciais favoráveis;
  • Pode atuar em recursos estratégicos, caso o juiz não reconheça o privilégio na sentença.

A Reis Advocacia atua com excelência em casos de homicídio, com foco total em reduzir penas injustas e proteger os direitos dos acusados com ética, técnica e humanidade.

Saiba seus direitos

O homicídio privilegiado representa um importante instrumento de justiça equilibrada. Ele não isenta o autor do crime de punição, mas reconhece que certas circunstâncias humanas diminuem sua culpabilidade.

Se você está enfrentando um processo criminal ou deseja orientação jurídica sobre homicídio privilegiado, conte com a Reis Advocacia. Com atuação em todo o Brasil, já ajudamos inúmeros clientes a conquistarem a redução da pena ou a absolvição em casos complexos.

Tiago EC

Perguntas Frequentes sobre o tema

  1. O que é homicídio privilegiado?
    É o homicídio cometido sob forte emoção ou motivado por valor moral/social relevante, que permite redução de pena.
  2. Qual a pena do homicídio privilegiado?
    Varia entre 6 a 20 anos, podendo ser reduzida até 1/3.
  3. O homicídio privilegiado é crime hediondo?
    Não. Ao contrário do homicídio qualificado, o privilegiado não é considerado hediondo.
  4. Existe homicídio privilegiado com qualificadora?
    Sim, desde que sejam compatíveis (jurisprudência pacífica do STJ).
  5. É possível cumprir pena em liberdade?
    Em casos de menor pena e réu primário, é possível o regime aberto ou semiaberto.
  6. É necessário laudo psicológico para provar a emoção?
    Não obrigatoriamente, mas ajuda. Provas testemunhais e circunstanciais também são válidas.
  7. Pode haver confissão e ainda assim ser privilegiado?
    Sim. A confissão pode até ajudar no reconhecimento do privilégio.
  8. O juiz pode negar o privilégio mesmo com provas?
    Pode, mas a decisão precisa ser fundamentada. Cabe recurso.
  9. O homicídio passional é sempre privilegiado?
    Não. O fato de ser passional não garante privilégio. Depende da intensidade da emoção e da provocação.
  10. Como um advogado pode ajudar?
    Com estratégia processual, produção de provas e aplicação correta das teses jurídicas.

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Referências:

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DR JORGE GUIMARAES NOVO

Sócio e Advogado – OAB/PE 41.203

Advogado criminalista, militar e em processo administrativo disciplinar, especializado em Direito Penal Militar e Disciplinar Militar, com mais de uma década de atuação.

Graduado em Direito pela FDR-UFPE (2015), pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil (ESA-OAB/PE) e em Tribunal do Júri e Execução Penal. Professor de Direito Penal Militar no CFOA (2017) e autor do artigo "Crise na Separação dos Três Poderes", publicado na Revista Acadêmica da FDR (2015).

Atuou em mais de 956 processos, sendo 293 processos administrativos disciplinares, com 95% de absolvições. Especialista em sessões do Tribunal do Júri, com mais de 10 sustentações orais e 100% de aproveitamento.

Atualmente, também é autor de artigos jurídicos no Blog da Reis Advocacia, onde compartilha conteúdos jurídicos atualizados na área de Direito Criminal, Militar e Processo Administrativo Disciplinar, com foco em auxiliar militares e servidores públicos na defesa de seus direitos.

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